*6.5/10*
Em A Vida em Comum, Diogo Pereira entra no quotidiano de um casal e dos seus vizinhos, num bairro degradado de Odivelas, e acompanha as mudanças trazidas pelas várias fases da sua demolição. Um retrato triste e melancólico, que funde a pobreza, o abandono, mas igualmente a vontade de continuar a viver.
O documentário "acompanha um período da vida do casal Poeta e Belinha, de origem cabo-verdiana, que reside numa comunidade a ser desmantelada: o Bairro do Barruncho, em Odivelas. Com todas as incertezas do futuro, Poeta e Belinha tratam dos seus animais, cuidam das suas colheitas e adaptam-se às alterações diárias."
Mesmo ao lado da grande cidade, no Barruncho ainda falta a luz, as casas são improvisadas, os caminhos de terra batida. A rotina de Poeta e Belinha leva-nos a conhecer os seus animais - galinhas, galos, cabras, ovelhas, para além dos cães e gatos que se passeiam junto das casas -, mas também nos faz acompanhá-los de enxada na mão a trabalhar a terra.
Os dias passam e a paisagem altera-se - Diogo Pereira capta-o bem com cortes bruscos entre o antes, de conversas animadas, e o depois, abandonado e silencioso - e os olhares perdidos e pensativos denunciam como a adaptação não é fácil nem há sinal de esperança em dias melhores.
A separação de uma comunidade unida por esta Vida em Comum é a solução violenta para a maioria dos bairros degradados das grandes cidades. Este documentário é mais um importante registo de uma realidade que está a desaparecer, uma paisagem em constante mudança, uma sociabilização em extinção.
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