Crítica: Sério Fernandes - O Mestre da Escola do Porto (2019)

*7/10*

Sério Fernandes - O Mestre da Escola do Porto, longa-metragem de estreia de Rui Garrido, traz para o grande ecrã a história do homem que deixou a publicidade para se dedicar ao cinema experimental e, posteriormente, dar aulas de realização - de quem o próprio realizador foi aluno. Um filme inspirador e que homenageia Sério Fernandes, redescobrindo-o para o grande público.

"Há 40 anos Sério Fernandes era realizador de anúncios televisivos e dono de uma das mais bem-sucedidas empresas de publicidade em Portugal. É então que decide abandonar tudo para se focar nos seus próprios filmes, dos quais se destaca o essencial Chico Fininho (1982), obra que marcou inequivocamente uma época. Mais tarde, Sério Fernandes abarcaria a carreira de docente na ESAP - Escola Superior Artística do Porto, sendo hoje conhecido como 'Mestre da Escola do Porto'. Figura carismática que marcou várias gerações de realizadores e artistas, tornou-se assim uma referência incontornável no ensino e na criação artística portuguesa."

Recorrendo a imagens de arquivo dos seus filmes, mas igualmente dos bastidores das filmagens, redescobrindo objectos que Sério Fernandes guarda religiosamente e que tanto marcaram a sua carreira, o documentário de Rui Garrido vai-nos introduzindo no quotidiano do seu antigo professor. Desde os tempos de Chico Fininho, passando pelo experimental Odisseus - e revelando sempre o seu grande amor à cidade do Porto -, até à actualidade, o filme entra, aos poucos, na intimidade e nas emoções de Sério Fernandes.

Um homem enérgico, apaixonado por tudo aquilo a que se dedica, seja o cinema, o ensino ou outras artes. A relação com os alunos e com os animais revela uma ligação tão forte e pura, e adensa toda a ideia, que sempre defendeu enquanto professor, de comunhão.

No fim de contas, também o filme de Rui Garrido é resultado de muita partilha: de conhecimentos, de lições de vida e de arte, de amor incondicional aos animais, de entreajuda e amizade.