"That's right, we're not goin' to jail because of what we did, we're goin' to jail because of who we are!"
Abbie Hoffman
*7/10*
Os 7 de Chicago (The Trial of the Chicago 7), de Aaron Sorkin, estreou sob a chancela da Netflix, e faz-nos mergulhar num dos julgamentos que marcaram a História dos Estados Unidos da América.
O filme acompanha o julgamento de sete homens, após os tumultos ocorridos entre a polícia e os manifestantes contra a guerra do Vietname, em 1968, enquanto decorria a Convenção do Partido Democrata, em Chicago, Illinois.
Num período conturbado e trágico para os EUA (a morte de Martin Luther King e, anos antes, de J.F. Kennedy), a Guerra do Vietname dividia a população e fazia milhares de morto s. Neste contexto, uma manifestação foi inevitável, mas foi, principalmente, a brutalidade policial que levou estes oito (depois sete) homens a tribunal.
Entre vinganças políticas, muita violência e um juiz incapaz de imparcialidade, constrói-se a acção de Os 7 de Chicago. Aaron Sorkin escreve e realiza e é capaz de criar um filme dinâmico e denunciador, com muitos diálogos, bem ao estilo do argumentista, mesmo que, por vezes, o texto em excesso possa prejudicar a atenção do espectador.
Os flashbacks acompanham as alegações e testemunhos em tribunal, ilustrando os depoimentos com o que na realidade aconteceu. A ficção é intercalada com imagens reais de arquivo do dia da manifestação, numa opção de montagem impactante e incómoda.
Mas Os 7 de Chicago vive principalmente do seu elenco, cheio de nomes sonantes, onde se distinguem um dramático Sacha Baron Cohen, que mantem algum do seu humor intrínseco, aqui contudo um tanto trágico, e Frank Langella na pele do juiz Julius Hoffman, personificação da injustiça e impotência, perante um tribunal parcial e violento, cuja revolta que gera contagia o espectador. Yahya Abdul-Mateen II destaca-se pela presença forte e pelo desempenho físico como o activista Bobby Seale, o oitavo homem acusado, que viu o seu julgamento anulado durante o processo. Competentes e convictos, com interpretações tão fortes como emocionais encontram-se ainda Mark Rylance, Joseph Gordon-Levitt, Eddie Redmayne e Michael Keaton.
Num período tão complexo como o que assistimos actualmente nos EUA, Aaron Sorkin faz-nos olhar para o passado, através de Os 7 de Chicago, e constatar como há ainda tanto a fazer política e socialmente e, afinal, tão pouco mudou desde 1968.
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