*6/10*
Em Rival (Rivale), o realizador Marcus Lenz aborda a imigração ilegal na Europa contemporânea a partir da história de uma mãe ucraniana e do seu filho. Ao mesmo tempo, explora a temática do crescimento num ambiente estranho e sombrio.
"Roman parte da Ucrânia para encontrar a mãe que trabalha ilegalmente na Alemanha como governanta e enfermeira de um homem com quem o rapaz irá ter de partilhar a atenção da mãe. Uma doença súbita, uma fuga às autoridades, uma casa na floresta, uma amizade que se desenvolve, e um cadáver..."
Aos nove anos, Roman (Yelizar Nazarenko) é um estranho em terra estranha, onde a mãe, Oksana (Maria Bruni), é a única conexão com o aquele novo mundo. Não conhece a língua do novo país, desconfia de Gert (Udo Samel), o patrão da mãe, tem de viver enclausurado e escondido da sociedade, enquanto os adultos tentam encontrar uma forma de legalizá-los.
Os ciúmes que sente de Gert, e os condicionalismos da sua situação, fazem com que a criança comece a revelar comportamentos reprováveis, entre a revolta e o egoísmo. A doença inesperada da mãe torna a situação ainda mais difícil para Roman.
Perante a impossibilidade de comunicação - onde se cruzam línguas distintas -, a criança comporta-se, por vezes, como um animal, o que ainda mais se intensifica quando Gert o leva para a sua casa na floresta. Se, por um lado, Roman começa a estabelecer uma relação mais próxima com o homem e tem uma liberdade maior daquela que tinha na cidade, por outro, está cada vez mais isolado e selvagem - e a situação só tende a piorar.
Rival é um filme sóbrio, de tons gélidos e poucas emoções - à excepção da raiva -, com um bom trabalho de direcção de fotografia de Frank Amann, que se destaca principalmente nas cenas filmadas na floresta entre as árvores e o nevoeiro.
Mas a grande revelação da longa-metragem de Marcus Lenz é o pequeno Yelizar Nazarenko com uma interpretação perturbadora. Apesar de não criarmos empatia com Roman, a sua fragilidade e coragem desarmam-nos. Porque em Rival, Roman é apenas uma vítima, exposta às condições ideais para desenvolver uma instabilidade e revolta pouco comuns num rapaz de nove anos.
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