"I am a revolutionary!"
Fred Hampton
*6/10*
Com um título sugestivo, Judas and the Black Messiah, de Shaka King, leva para o cinema um momento marcante da História recente dos EUA, centrando-se na vida e importância de Fred Hampton, líder dos Panteras Negras.
"O informador do FBI William O'Neal (LaKeith Stanfield) infiltra-se no Partido dos Panteras Negras do Illinois com a tarefa de vigiar o seu líder carismático, Fred Hampton (Daniel Kaluuya). Ladrão de carreira, O'Neal aprecia o perigo de manipular os seus companheiros de partido e o seu contacto no FBI, o agente especial Roy Mitchell (Jesse Plemons). As proezas políticas de Hampton aumentam ao mesmo tempo que se apaixona pela companheira de luta Deborah Johnson (Dominique Fishback). Enquanto isso, trava-se uma batalha pela alma de O'Neal, indeciso entre a fidelidade aos seus irmãos dos Panteras Negras e as ordens do director do FBI, J. Edgar Hoover (Martin Sheen)."
Judas and the Black Messiah é um filme competente, com bons momentos de acção, e mais um retrato da brutalidade policial contra os afro-americanos e do racismo endémico dos EUA. Os discursos de Fred Hampton são apresentados com a grandiosidade que merecem, graças também à interpretação de Daniel Kaluuya.
No filme, o actor mostra a sua capacidade de transformação, com um papel exigente também fisicamente - a transformação física é evidente -, na pele deste jovem revolucionário, uma das figuras centrais entre os activistas pelos direitos civis nos EUA. Entre a revolta, a emoção e o desejo de justiça, Kaluuya cativa o seu público dos dois lados do ecrã. Ao seu lado, LaKeith Stanfield distingue-se na pele do infiltrado que vive em constante dilema.
Judas and the Black Messiah destaca-se ainda pelo trabalho de Sean Bobbitt na direcção de fotografia, proporcionando planos envolventes - especialmente nocturnos - que nos levam numa viagem aos anos 60.
Shaka King capta bem o ambiente de desconfiança, chantagem e medo que rodeava Fred Hampton e os que lhe eram próximos. A perseguição cerrada por parte do FBI, injustiças e contradições são denunciadas no grande ecrã, num resultado dinâmico e honroso para a memória de Hampton.
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