quarta-feira, 14 de abril de 2021

Crítica: O Tigre Branco / The White Tiger (2021)

"But for the poor, there are only two ways to get to the top, crime or politics. Is it like that in your country too?"

Balram Halwai

*7/10*

O Tigre Branco (The White Tiger), de Ramin Bahrani, adapta ao cinema o livro homónimo de Aravind Adiga, e leva-nos numa viagem à Índia e às suas desigualdades, sempre acompanhados de um irresistível humor mordaz.

O jovem empreendedor Balram Halwai (Adarsh Gourav) narra a sua própria história, desde a infância e adolescência na aldeia pobre onde vivia, até se tornar motorista de uma abastada família indiana e todas as superações que se seguiram.

A ambição de chegar ao topo é o motor que faz Balram avançar, sem desistir, contra todas as injustiças e adversidades. A inocência vai-se perdendo e a raiva toma conta, naquilo que parece ser uma luta contra o próprio destino - a fuga do galinheiro.

Apropriando-se de alguns clichés, O Tigre Branco faz uma feroz crítica à sociedade indiana: a pobreza extrema, as castas, as desigualdades entre classes sociais, a corrupção na política - seja qual for a cor partidária -, o empreendedorismo e a concorrência são alguns dos temas mais dissecados.

Ramin Bahrani constrói uma comédia dramática (ou será um drama satírico?) com a vivacidade das paisagens e das gentes, mas igualmente com a violência necessária para corroer os males da sociedade. O resultado é um argumento incisivo e bem escrito num filme frenético e sensorial, onde as diferenças entre ricos e pobres são retratadas sem rodeios, como o dia e a noite.

A inesperada ascensão social de Balram - uma grande interpretação de Adarsh Gourav - , na rígida e retrógrada sociedade indiana, retrata a ambição e a vontade de sobreviver do tigre branco do título. Entre a diversão e o choque, Ramin Bahrani cria uma atmosfera inebriante que não deixará ninguém indiferente.

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