"But for the poor, there are only two ways to get to the top, crime or politics. Is it like that in your country too?"
Balram Halwai
*7/10*
O Tigre Branco (The White Tiger), de Ramin Bahrani, adapta ao cinema o livro homónimo de Aravind Adiga, e leva-nos numa viagem à Índia e às suas desigualdades, sempre acompanhados de um irresistível humor mordaz.
O jovem empreendedor Balram Halwai (Adarsh Gourav) narra a sua própria história, desde a infância e adolescência na aldeia pobre onde vivia, até se tornar motorista de uma abastada família indiana e todas as superações que se seguiram.
A ambição de chegar ao topo é o motor que faz Balram avançar, sem desistir, contra todas as injustiças e adversidades. A inocência vai-se perdendo e a raiva toma conta, naquilo que parece ser uma luta contra o próprio destino - a fuga do galinheiro.
Apropriando-se de alguns clichés, O Tigre Branco faz uma feroz crítica à sociedade indiana: a pobreza extrema, as castas, as desigualdades entre classes sociais, a corrupção na política - seja qual for a cor partidária -, o empreendedorismo e a concorrência são alguns dos temas mais dissecados.
Ramin Bahrani constrói uma comédia dramática (ou será um drama satírico?) com a vivacidade das paisagens e das gentes, mas igualmente com a violência necessária para corroer os males da sociedade. O resultado é um argumento incisivo e bem escrito num filme frenético e sensorial, onde as diferenças entre ricos e pobres são retratadas sem rodeios, como o dia e a noite.
A inesperada ascensão social de Balram - uma grande interpretação de Adarsh Gourav - , na rígida e retrógrada sociedade indiana, retrata a ambição e a vontade de sobreviver do tigre branco do título. Entre a diversão e o choque, Ramin Bahrani cria uma atmosfera inebriante que não deixará ninguém indiferente.
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