*7/10*
Um Verão algo bizarro para pais e filhos é o que nos traz o arrojado Contos de um Verão Negro, de Damiano D'Innocenzo e Fabio D'Innocenzo. A aura pesada que o filme carrega nunca nos deixa confortáveis e há uma angústia latente, da qual nem nós, nem as crianças protagonistas, somos capazes de fugir.
"O calor sufocante do verão atinge uma área residencial estéril nos subúrbios de Roma. Há uma misteriosa sensação de desconforto que pode explodir a qualquer momento. Os pais vivem constantemente frustrados por não serem de um subúrbio melhor e o estilo de vida de classe média que esperavam ter está muito longe do horizonte. Mas os seus filhos são os verdadeiros protagonistas da onda de choque que leva toda a residência ao colapso. Um narrador incerto guia-nos de modo doce e sarcástico, através deste negro conto de fadas."
Adultos com poucos escrúpulos, poucos modos, nenhum respeito pelos filhos, pelas mulheres, homens boçais, que vivem de aparências sem que, no fundo, se preocupem muito com o que aparentam. São estes os chefes das famílias italianas que Contos de um Verão Negro nos apresentam, num ambiente decadente e um tanto isolado, nos subúrbios de Roma.
Nenhuma das crianças que vemos no ecrã nos parece feliz, mas todas elas são mais conscientes do que os adultos do quão errado é o mundo em que vivem. Se, por um lado, querem aproveitar as férias do Verão para se divertirem e fazerem as descobertas típicas da adolescência, por outro, também escondem segredos - que afinal estão bem à vista - e têm projectos ambiciosos para o futuro daquela pequena localidade.
Os irmãos D'Innocenzo criam uma história perturbadora, onde as crianças perderam a inocência e os adultos são egoístas e sem réstia de inteligência emocional. Os realizadores filmam os acontecimentos com uma proximidade inquietante e muito perto do sensorial, onde maus presságios pairam em cada cena.
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