25-abril-billboard

quinta-feira, 5 de agosto de 2021

IndieLisboa 2021: Programação fechada

O 18.º IndieLisboa já tem programação fechada: serão 276 filmes, divididos por nove secções e sessões especiais, de 21 de Agosto a 6 de Setembro. 

Competição Nacional, Internacional e Novíssimos

Na Competição Nacional, contam-se quatro longas e 19 curtas-metragens. Entre as longas, encontram-se Granary Squares, de Gonçalo Lamas, "um documentário que quer testar estratégias do cinema estruturalista no digital, traçando o seu ponto de vista como se se tratasse de uma câmara de vigilância  ancorada ao centro do recém-renovado distrito de King’s Cross, Londres"; Rock Bottom Riser, de Fern Silva, um filme-ensaio "criado a partir de imagens de um vulcão no Havai e que atravessa o mundo da geologia, etnografia e astronomia"; Simon Chama, de Marta Sousa Ribeiro, "explora o labirinto que  é a adolescência, e a frustração emocional que a acompanha através da gestão temporal do filme"; e ainda, No Táxi do Jack, de Susana Nobre, "uma  espécie de roadmovie", que nos apresenta o sexagenário Joaquim Calçada, um ex-emigrante perto da reforma que se vê envolto nas "burocracias exigidas pelo centro de emprego, para usufruir do subsídio. Atrás do volante de um táxi, e depois de voltar dos EUA, depara-se com um Portugal democrata, pós-revolução".

No Táxi do Jack

Nas curtas-metragens, destaque para Um Quarto na Cidade, de João Pedro  Rodrigues e João Rui Guerra da Mata, uma homenagem ao realizador Jacques Demy; Boa Noite, de Catarina Ruivo, sobre a ligação entre avó e neto; Transportation Procedures for Lovers, de Helena Estrela, "uma experiência sinestésica que contempla como se chega perto daqueles que se ama"; 13 Ways of Looking at a Blackbird, de Ana Vaz, "um filme caleidoscópico sobre o que é olhar"; The Shift, de Laura Carreira; Tracing Utopia, de Catarina de Sousa e Nick Tyson, "uma viagem virtual pelos sonhos e desejos de um grupo de  adolescentes queer de Nova Iorque"; Os  Últimos Dias de Emanuel Raposo, de Diogo Lima, um mockumentary sobre um apresentador fictício da TV açoriana; Garças, de Gabriela  Nemésio Nobre, sobre uma rapariga que fez uma operação ao nariz, ou O Que Resta, de Daniel Soares, sobre o interior de Portugal; entre outros.

Na secção Novíssimos, há 13 filmes para ver, entre eles: Miraflores, de Rodrigo Braz Teixeira, análise entre a inocência e o que virá no futuro; Party Tattoos, de Teresa Sandman, um documentário na primeira pessoa que se concentra na celebração de aniversários passados; Azul e Prata, de João Coroa Justino, o culminar de sete  anos de filmagens, que captam o detalhe e o grande plano, e criam uma sinfonia de imagens; e Noctur, de Ana Vala, onde uma câmara vagueia pelas ruas urbanas durante a noite, dando uma qualidade alienígena ao o território mostrado.

Na Competição Internacional, há 32 curtas-metragens e 12 longas, com obras de realizadores como Alice Diop, Rosine Mbakam, Julian Faraut, Ephraim Asili, Norika Sefa, Manque la Banca, Emma Seligman ou Alexandre Koberidze

Director's Cut e Boca do Inferno

Na secção Director’s Cut, destaque para Hopper/Welles, de Orson Welles, estreado na edição do ano passado do Festival de Veneza, a sua primeira exibição pública depois de 40 anos guardado. "Filmada em 1970, esta conversa apanha os realizadores em momentos cruciais das suas carreiras; Welles não trabalhava em Hollywood há mais de uma década, e tinha começado a confirmar-se como um artista ferozmente independente e idiossincrático, já Hopper, acabava de alcançar sucesso inesperado com o hit de contracultura Easy Rider, financiado por um estúdio".

Hopper/Welles

Três Dias Sem Deus, de Bárbara Virgínia, foi a primeira longa-metragem de ficção realizada por uma mulher em Portugal. "Aquando da sua primeira projeção, o filme teria cerca de 102 minutos (aproximadamente 2800 metros de película). Desses, foram preservados, apenas, 26 minutos (868 metros) de filme, dos quais se perdeu a banda-sonora. O resultado de uma digitalização e restauro digital desse fragmento é agora apresentado no IndieLisboa." A anteceder a projecção, será exibido o filme Lost and Found, de Clara Cúllen, um documentário sobre a avó da realizadora, a primeira mulher argentina cineasta.

Também em português, A Távola de Rocha, de Samuel Barbosa, explora o processo criativo de Paulo Rocha; e Diálogo de Sombras, de Júlio Alves, regressa ao universo de Pedro Costa a partir da sua exposição em Serralves, Pedro Costa: Companhia.

The Last Stage, de Wanda Jakubowska, uma das primeiras representações da vida em campos de concentração, filmado logo após a Segunda Guerra Mundial, será apresentado num restauro digital.

Na secção Boca do Inferno, destaque para Ecologia del delitto, de Mario Bava, um clássico do terror italiano que celebra 50 anos; She Dies Tomorrow, de Amy Seimetz, junta o terror psicológico ao humor absurdo; e Spree, de Eugene Kotlyarenko, onde Kurt Kunkle é um condutor obcecado com a ideia de que se não te estás a documentar não existes, com uma mensagem de cautela em relação às redes sociais.

Sessões Especiais

Summer of Soul (...Or, When the Revolution Could Not Be Televised), de Ahmir “Questlove”  Thompson, sobre o festival esquecido de 1969, é o filme de abertura do IndieLisboa 2021, no dia 21 de Agosto, na sala Manoel de Oliveira  do Cinema São Jorge. A encerrar, estarão duas sessões quase simultâneas de Paraíso, de Sérgio Tréfaut, no dia  6 de Setembro na Culturgest. O filme presta tributo a um grupo de idosos que se reunia  todos os dias nos jardins do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, actividade subitamente  interrompida pela pandemia. 

Summer of Soul (...Or, When the Revolution Could Not Be Televised)

O urbanista Nuno  Portas é o foco do documentário A Cidade de Portas, de Teresa PrataHumberto Kzure; Vieirapad, de João Mário Grilo, traça um olhar sobre a escrita íntima do casal de artistas plásticos Maria Helena Vieira da Silva e Árpád Szenes; um encontro entre o artista Welket Bungué e a deputada Joacine Katar Moreira resulta em Mudança, de Welket Bungué; e ainda O Princípio, o Meio, o Fim e o Infinito, de Pedro Coquenão, coloca dois seres, de cara  embrulhada e fora do seu Tempo e Espaço, a reflectir sobre o colonialismo, desigualdade social  e outros tópicos-chave.

Destaque ainda para o programa Cinema e 5L, em parceria com o novo festival literário da cidade de Lisboa, Lisboa 5L, que junta cinco filmes, onde se encontra uma adaptação, interpretação, transformação ou documentação das cinco dimensões literárias apresentadas no reino cinemático. 2001: A  Space Odyssey, de Stanley Kubrick, é um conto. The Color of Pomegranates, de Sergei  Parajanov, poesia. Enrico IV, de Marco Bellocchio, teatro. Fahrenheit 451, de François Truffaut,  um romance. Morte a Venezia, de Luchino Visconti, uma novela.

Nas actividades exclusivamente para profissionais, as Lisbon Screenings (sessões onde são apresentados novos filmes portugueses terminados ou  ainda por terminar, à procura de uma estreia mundial ou internacional) apresentam filmes de Inês Oliveira, Ana Sofia Fonseca, José Filipe Costa, Diogo Baldaia, Ágata de Pinho, Falcão Nhaga, José Manuel Fernandes, Pedro Neves  Marques, entre outros.

Silvestre e IndieMusic

Nas curtas-metragens, destaque para Which is Witch?, de Marie Losier, presença assídua no IndieLisboa; a animação Affairs of the Art, de Joanna Quinn; Black Square, de Peter Burr; The Canyon, de Zachary Epcar; e In The Air Tonight, de Andrew Norman Wilson, que transforma a experiência da canção de Phil Collins, reimaginando-a com uma narração onírica. Nas longas-metragens, a secção Silvestre conta com filmes de Radu Jude, Eugène Green ou John Gianvito, e terá em foco o trabalho do cineasta colombiano Camilo Restrepo.

Na secção IndieMusic, este ano com grande foco em histórias individuais, encontramos filmes sobre Ney Matogrosso, St. Vincent, Matthew Herbert, Poly Styrene e Shane MacGowan, entre outros. Destaque ainda para Chunky Shrapnel, um filme-concerto imersivo da banda psicadélica australiana King Gizzard & the Lizard Wizard na sua tour de 2019 pela Europa, com o álbum Infest the Rats’ Nest.

A música portuguesa também marca presença nesta secção com Já Estou Farto!, de Paulo Antunes, que se foca em João Pedro Almendra, que formou os Ku de Judas e foi a voz dos Peste & Sida, dos PunkSinatra e do projecto rock Os Filhos de Hannibal Lecter, estando também na génese dos Censurados; Eram 27 Dias e Paraste é um documentário de bastidores sobre a apresentação do mais recente álbum de Noiserv, Uma palavra começada por N, no Teatro Tivoli BBVA; Caudal é um filme sobre um concerto dos Solar Corona que nunca mais se vai repetir; e We Were Floating High segue os First Breath After Coma ao longo de 2019, quando lançaram o álbum NU.

O cinema ao ar livre estará de regresso no Jardim Biblioteca Palácio Galveias, que se junta às habituais salas do festival: Cinema São Jorge,  Culturgest, Cinema Ideal e Cinemateca Portuguesa (onde também a Esplanada estará a receber sessões). 

Mais informações sobre o IndieLisboa 2021 em https://indielisboa.com/.

Sem comentários: