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quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Crítica: A Tragédia de Macbeth / The Tragedy of Macbeth (2021)

"Life is but a walking shadow... a poor player that struts and frets his hour upon the stage and then is heard no more. It is a tale told by an idiot... full of sound and fury, signifying nothing."

Macbeth


*7/10*

Joel Coen arriscou numa adaptação da obra de William Shakespeare e eis que surge A Tragédia de Macbeth (The Tragedy of Macbeth), uma versão mais minimalista e estilizada da peça.

"Macbeth, o Thane de Glamis, recebe uma profecia de um trio de bruxas de que um dia se tornará Rei da Escócia. Consumido pela ambição e incitado à acção pela esposa, Macbeth assassina o seu rei e toma o trono para si."


A Tragédia de Macbeth é uma obra sóbria e eficaz a relatar uma tragédia já tantas vezes filmada. Desta vez, a ambição e a sede de poder são encarnados por Denzel Washington e Frances McDormand, ele entre a hesitação, a cobardia e o remorso, ela capaz de corrompê-lo e aliciá-lo a cometer o crime para fazer cumprir a profecia das trevas. A evolução do casal protagonista é fabulosamente interpretada pelos actores, que vão da discrição à loucura em pouco tempo e se transformam também fisicamente consoante as mudanças do enredo.

Filmado a preto e branco, com cenários assolados por um nevoeiro cerrado, terrenos áridos, ruínas e o imponente castelo de Macbeth, desprovido de decoração, A Tragédia de Macbeth explora o misticismo da história criando o ambiente ideal, mas sem desviar a atenção dos actores. A direcção de fotografia de Bruno Delbonnel faz um excelente trabalho na criação de uma atmosfera fantasmagórica, tirando o melhor partido das cores neutras e jogando com luzes e sombras ao longo de toda a acção.

Joel Coen dotou o seu filme de uma forte componente teatral, seja pelos cenários espaçosos e com uma iluminação repleta de significância - qual palco no ecrã -, ou pelo modo como as palavras de Shakespeare são proclamadas pelos actores, eles mesmos com uma presença dramática muito forte.

A Tragédia de Macbeth distingue-se pelas opções estéticas singulares - tão cinematográficas - e por colocar uma tragédia tão reconhecida num patamar totalmente diferente das adaptações suas antecessoras.

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