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Alcindo é uma homenagem a Alcindo Monteiro, a todas as vítimas de ódio racial e aos que continuam a lutar contra o racismo. Miguel Dores faz um resumo dos últimos 25 anos de crimes de ódio, de injustiças, saudade e muitas lutas, ao mesmo tempo que enquadra os acontecimentos de 1995 no contexto pré e pós Revolução de Abril.
"A 10 de Junho de 1995 um grupo de nacionalistas sai às ruas do Bairro Alto para espancar de forma organizada pessoas negras que encontram pelo caminho. O resultado oficial do evento foram 11 vítimas, uma destas mortal. Alcindo é a etnografia de uma noite longa - uma noite do tamanho de um país."
Miguel Dores entrevista familiares e amigos de Alcindo, o jovem falecido em 1995, vasculha arquivos, conversa com activistas, com o advogado da família e com outros nomes envolvidos na luta antirracista, segue manifestações e percorre os mais recentes casos de violência contra negros em Portugal - a morte de Bruno Candé e Luís Giovani, as agressões de um polícia a Cláudia Simões, e a violência policial no Bairro da Jamaica e na esquadra de Alfragide, por exemplo.
O realizador recapitula cada momento do processo judicial sobre a morte de Alcindo, à luz da época dos acontecimentos e da actualidade, analisam-se as reacções dos políticos, e as alterações legislativas que se seguiram relativamente a crimes de ódio racial, os movimentos de extrema-direita racistas, a sua intrusão nas claques de futebol, ou a celebração paradoxal do dia de Portugal. Olhando para o passado colonial português, aborda-se o racismo enraizado e sistémico que vem perdurando no país, e enumeram-se os avanços - e recuos - no que toca à representatividade e protecção de todos, sem olhar à cor da pele.
Em Alcindo, as imagens, as palavras e a música contam a História que muitos preferem não ver ou querem calar. Um documentário de homenagem e um grito de revolva, cada vez mais necessário.
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