"Estava um bocado farta de estar ali sentada a rir e a bater palmas"
Júlia
*6.5/10*
Diogo Costa Amarante estreia-se nas longas-metragens com Estamos no Ar, uma comédia dramática inspirada, inesperada e visualmente apelativa.
"Fátima diz que não sente nada, mas sonha com o polícia que se mudou recentemente para o apartamento ao lado. Vítor, o filho, usa secretamente a farda do vizinho na expectativa de que o rapaz que conheceu online sinta alguma coisa por ele. Júlia, a avó, quer fugir do lar, mas sente-se cansada de andar às voltas para não ir a lado nenhum. Uma espiral de insónias e ilusões nocturnas leva a mal-entendidos e relações impossíveis, todos em busca de um pouco de ar."
As personagens vivem numa incessante busca de mudança, de ultrapassar o estado em que se encontram e alcançar algo mais, mas parecem andar aos círculos, sem grandes avanços ou recuos. Nessas tentativas, tantas vezes goradas, surgem os mais inesperados acontecimentos ou experiências, que não chegam a quebrar a rotina de mãe, filho ou avó, mas ajudam a acalentar a esperança em dias melhores.
Estamos No Ar tem uma estética muito diferenciada, que se denota, desde logo, nas opções de cores dos décors, mas o grande destaque visual do filme vai para um excelente trabalho da direcção de fotografia de Sabine Lancelin (que trabalhou em alguns filmes de Manoel de Oliveira) que joga com a iluminação e cores de forma quase fantasiosa, psicadélica, e criando, outras vezes, autênticos quadros vivos na tela do cinema.
A fazer as delícias da plateia estão, entre outros, Sandra Faleiro, Carloto Cotta, Anabela Moreira, Romeu Runa, Cucha Carvalheiro, João Pacola, e uma extraordinária Valerie Braddell.
Diogo Costa Amarante tem aqui uma estreia auspiciosa, depois de um percurso muito prometedor também nas curtas-metragens.
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