O CineEco - Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela começou esta Quinta-feira, dia 10 e prolonga-se até 18 de Outubro, no ano em que comemora a sua 30.ª edição.
Depois da abertura, dia 10, com o cineconcerto A Pedra Sonha Dar Flor, de Rodrigo Areias, acompanhado por uma performance de música ao vivo por Dada Garbeck, seguem-se mais de 60 obras cinematográficas, actividades dedicadas à sensibilização ambiental, incluindo workshops, sessões de networking, debates com realizadores e várias manifestações artísticas.
Ainda de destacar é presença de Luís Filipe Rocha, autor de Cerromaior, que será exibido a 17 de Outubro, às 16h00, no contexto das sessão de clássicos: 'Ecos da montanha e da planície'. No âmbito destas sessões, no dia 13 de Outubro, às 16h00 estará presente Sérgio Dias Branco, Professor Associado de Estudos Fílmicos na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, para um debate após a exibição de Trás-os-Montes, de António Reis e Margarida Martins Cordeiro. Os dois filmes foram recentemente digitalizados pela Cinemateca Portuguesa.
Cerromaior, Luís Filipe Rocha |
Fora de competição, será exibido Silvestres, de Carolina Castro Almeida e Miguel Cortes Costa, no dia 14 de Outubro, às 14h30, e servirá de mote para uma conversa com os realizadores sobre a importância da biodiversidade urbana. O filme faz "uma viagem pela criação de um prado de flores silvestres no coração de Oeiras, com o objectivo de combater o declínio dos polinizadores. O filme retrata também outros esforços fascinantes, como a captura de uma coruja-das-torres que habita as estruturas históricas da Quinta do Marquês, simbolizando a resiliência da vida selvagem em ambientes urbanos". Silvestres retrata uma "cidade moldada pelo legado agrícola do Marquês de Pombal e pelo poder da ação colectiva, convidando o público a reflectir sobre a harmonização entre o desenvolvimento urbano e o mundo natural nas suas próprias comunidades".
Painel de Jurados
No painel de jurados predomina também a ligação ao cinema e/ou ao ambiente. O júri da Competição Internacional de Longas-Metragens é composto por: Ágata de Pinho, actriz, escritora, realizadora e protagonista de filmes; André Guiomar, sócio-fundador da produtora de cinema Olhar de Ulisses, realizador e produtor de filmes documentais; e Filipa Rosário, especialista em cinema português, investigadora auxiliar no Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa e coordenadora do GT Paisagem e Cinema da AIM – Associação dos Investigadores da Imagem em Movimento. O júri das competições Internacional de Curtas e Médias-Metragens e Panorama Regional é constituído por: Carolina Castro Almeida, ilustradora, motion designer, animadora e produtora audiovisual, além de cofundadora da Lengalenga Filmes; Carlos Teófilo, professor aposentado, advogado e um rosto de Seia, desde sempre ligado ao CineEco; e Nuno Barros, biólogo e representante da LIPOR, patrocinador principal do CineEco. O júri das competições de Longas-Metragens em Língua Portuguesa e Curtas e Médias-Metragens em Língua Portuguesa conta com: Bárbara Bergamaschi Novaes, professora, realizadora e investigadora ítalo-brasileira, além de crítica de cinema, associada à ABRACCINE, e gestora de comunicação de ciência na ICNOVA -FCSH-NOVA de Lisboa; Cátia Biscaia, fotógrafa premiada, professora universitária, directora do Leiria Film Fest – Festival Internacional de Curtas-Metragens, produtora, argumentista, assistente de imagem e realizadora; e Miguel Cortes Costa, biólogo de formação, é operador de câmara, co-realizador do filme Malcata: Conto de uma Serra Solitária (2020), que venceu o prémio Youth Television Award no CineEco, e de Silvestres (2024), e fundador da Lengalenga Filmes, em conjunto com Carolina Castro Almeida.
Encontros no Mercado e Actividades Paralelas
Nesta 30.ª edição, realiza-se a primeira edição dos Encontros no Mercado, um mercado de filmes que serve como espaço de networking entre estudantes de cursos universitários na área do audiovisual e produtores ou agentes do mercado cinematográfico português. Neste 1.º Encontros no Mercado estão confirmadas as presenças da Universidade da Beira Interior (UBI), da Escola das Artes – Universidade Católica do Porto (UCP) e da Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC). "Os estudantes irão apresentar novos projectos (longas, curtas, séries, etc.) ou curtas-metragens concluídas, todas relacionadas com a temática ambiental, tendo a oportunidade de conhecer a opinião de profissionais experientes da área". Entre as produtoras presentes, estarão Terratreme, Bando à Parte, Maria & Mayer, Olhar de Ulisses e Primeira Idade.
Nas actividades paralelas do CineEco, está a apresentação de dois livros. No dia 15 de Outubro, às 17h00, na Biblioteca Municipal de Seia, Filipa Rosário e José Duarte apresentam a obra Um Olhar Português: Cinema e Natureza no Século XXI sobre a relação entre cinema e natureza. No dia 17 de Outubro, às 15h00, no mesmo local, é a vez de apresentar o livro Memórias, de Amândio Silva, com grande ligação a Seia e ao CineEco.
Nas exposições, a videoarte ganha espaço e, das muitas obras conceptuais que todos os anos chegam a concurso, "é criada uma mostra de filmes que, pela sua envergadura mais poética e dinâmica de projecção em repeat, transpõem a linha meramente cinematográfica e apresentam-se em formato de galeria. Estes são apontamentos de videoarte, que, ao juntarem imagem em movimento e artes plásticas, propiciam uma forma diferente de exercitar o olhar, porque se tem a ferramenta do loop à disposição".
De 10 de outubro a 30 de Novembro, o CineEco conta com mais três exposições na Casa Municipal da Cultura. O Estado da Água apresenta seis propostas artísticas, desenvolvidas na aldeia do Sabugueiro e no território circundante da serra da Estrela, no contexto de um programa de residências artísticas realizadas com apoio financeiro da DGArtes. O foco é a interpretação da presença da água na paisagem a partir de abordagens que exprimem a diversidade das visões artísticas sentidas por Eunice Artur, Iana Ferreira, Inês Teles, Joana Patrão, Jorge Leal e Thierry Ferreira.
Em Plastic Bitch, Cláudia Clemente pretende espelhar o actual consumismo desenfreado, poluição extrema, esgotamento de recursos naturais e produção exacerbada de lixo. A artista procura despertar a consciência e o julgamento (auto) crítico do espelho incómodo, que reflecte aquilo em que, enquanto sociedade, nos transformamos: plastic bitches.
Já em Line, de Clo Bourgard, também se apela à sustentabilidade, representada pela utilização de materiais de desperdício, que são dispensados ou que perdem a sua utilidade original, como matéria-prima principal. O projecto Line envolve três instalações artísticas: White Line, uma ode à terra em forma de montanha; Green Line, instalação de interacção com a comunidade; e Mountain Line, construída com recursos naturais recolhidos no local que estará patente no festival CineEco.
Sendo este um ano de homenagem às pessoas do território onde nasceu o festival, a 30.ª edição do CineEco representa esta relação singular das gentes de Seia e a sua ligação com a natureza na comunicação do festival, estendida à instalação 30 edições. 30 rostos, que estará na praça do Município, no decorrer do festival.
Estão de regresso as Conversas no Jardim da Biblioteca Municipal de Seia sobre cinema ambiental. Realizadores, produtores, técnicos, actores, professores, programadores e jurados são convidados a falar sobre a sua experiência ou visão de cinema, e de que forma o valor artístico e cinematográfico tem impacto na consciencialização para a causa ambiental. O público poderá interagir e colocar questões ao painel.
Mais informações sobre o CineEco em https://cineeco.pt/pt/.
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