quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Doclisboa 2024: De 17 a 27 de Outubro, com filmes de Syberberg, Radu Jude, Andrei Ujică ou Harmony Korine

O Doclisboa acontece entre 17 e 27 de Outubro na Culturgest, Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa, Cinema Ideal e Casa do Comum do Bairro Alto, com filmes de Syberberg, Radu Jude, Andrei Ujică ou Harmony Korine, entre outros. Esta 22.ª edição do festival é dedicada a Augusto M. Seabra, recentemente falecido.

A abrir o Doclisboa está Sempre, de Luciana Fina. O filme é construído a partir dos arquivos cinematográficos da Cinemateca Portuguesa que convidou Luciana Fina para conceber uma instalação por ocasião da celebração dos 50 anos do 25 de Abril. O filme de encerramento do festival será O Dia que te conheci, de André Novais Oliveira.

A Competição Internacional deste ano conta com 12 filmes, entre eles: Aparição, de Camila FreitasEn vez de árboles, de Philipp HartmannLes Loups, de Isabelle Prim; ou Tales from the Source, de Léonard Pongo. Na Competição Portuguesa, há dez obras a concurso. Entre elas, destaque para: Espiral em Ressonância, de Filipa César e Marinho de Pina; Na Trafaria, de Pedro Florêncio; O Palácio de Cidadãos, de Rui Pires; e Sob a Chama da Candeia, de André Gil Mata.

Riscos

A secção Riscos os mais recentes filmes de Andrei Ujică, Hans-Jürgen Syberberg, Radu Jude e Harmony Korine. O realizador convidado deste ano é o francês Pierre Creton (Go, Toto!, 7 Walks with Mark Brown), numa programação que vai da "relação com o mundo natural que convocam os filmes deste cineasta-agricultor de grande sensibilidade, ele próprio retratado noutro filme desta secção, I Am Pierre Creton, Normand and Filmmaker, de Dominique Auvray; e os mundos virtuais e distópicos dos trabalhos de Phil Solomon (Still Raining, Still Dreaming, Rehearsals from Retirement) que transforma as paisagens do jogo Grand Theft Auto ou de Korine e Aggro Dr1ft, peça de grande inventiva formal que é também um conto de violência e redenção à maneira de uma sala de jogos multiplayer", explica a organização do festival em comunicado.

Aggro Dr1ft, de Harmony Korine

Nos Riscos encontra-se ainda "fixação de Andrei Ujică pela viagem dos Beatles a Nova Iorque em 1965 e a perplexidade perante a paisagem social americana, passada e presente, em TWST — Things We Said Today"; Eight Postcards From Utopia, de Radu Jude, "filme-montagem que colige material de anúncios publicitários pós-socialistas na Roménia"; Hans-Jürgen Syberberg que regressa 30 anos depois do seu último trabalho com o filme Demmin Cantos, filme sobre a cidade de Demmin, no nordeste da Alemanha, "onde o realizador nasceu e que foi palco de um dos maiores suicídios em massa no pós-Segunda Guerra Mundial". O realizador estará no Doclisboa, que mostra ainda Ludwig. Requiem for a Virgin King (1972), integrado na retrospectiva Back to the Future, com curadoria de Jean-Pierre Rehm.

No ano do desaparecimento de Augusto M. Seabra, alguém fundamental para a história do Doclisboa e da secção Riscos, o festival "dedica-lhe esta edição e exibe um dos primeiros filmes por si programados para os Riscos: Compilations, 12 instants d’amour non partagé, de Frank Beauvais, obra onde convivem pequenos gestos de amor e música. A sessão, nomeada Exórdio, está agendada para 20 de Outubro, às 15h30, na Culturgest, e terá entrada gratuita mediante levantamento de bilhete no próprio dia".

Daniel Hui regressa ao festival para apresentar o seu novo trabalho: Small Hours of the Night, sobre a Singapura dos anos 1960 e os seus fantasmas políticos. O filme está em linha directa com outro da programação: If I Fall, Don’t Pick Me Up, de Declan Clarke, que explora a correspondência de década e meia entre Samuel Beckett e o encenador Walter. D Asmus.

Da Terra à Lua

Na secção Da Terra à Lua, destaque para duas cópias restauradas: Um é Pouco, Dois é Bom (1970), de Odion Lopes, pioneiro do cinema negro; e El Castillo de la Pureza, do mexicano Arturo Ripstein, além de Lázaro at Night, de Nicolás Pereda.

Destaque, nesta secção, para: Der Soldat Monika, de Paul Poet; Henry Fonda for President, de Alexander Horwarth; Lula, de Oliver Stone e Rob Wilson; The Invasion, de Sergei Loznitsa; Favoriten, de Ruth Beckermann; Subject: Filmmaking, de Edgar Reitz e Jörg Adolph; Dahomey, de Mati Diop; Dad’s Lullaby, de Lesia Diak; ou In Limbo, de Alina Maksimenko

Lula, de Oliver Stone e Rob Wilson

Há dois filmes portugueses nesta secção: Por Ti, Portugal, Eu Juro!, de Sofia da Palma Rodrigues e Diogo Cardoso, onde a "Guerra Colonial é reinterpretada com testemunhos de antigos soldados guineenses, recrutados para combater ao lado das Forças Armadas portuguesas, posteriormente abandonados pelo país por que combateram e expostos a perseguições e fuzilamentos, acusados de traição na sua terra natal"; e Kora, de Cláudia Varejão, "oferece o retrato fotográfico como porta de entrada à memória, com cinco mulheres que, refugiadas no nosso país, vivem entre aquilo de que fugiram e um futuro de incertezas".

Da Terra à Lua apresentará ainda uma sessão dedicada à guerra no Médio Oriente e ao massacre em curso do povo palestino, com Here and Elsewhere (1976), de Jean-Luc Godard, Jean-Pierre Gorin e Anne-Marie Miéville, e The Palestinians (1975), de Johan van der Keuken.

Heart Beat

Na secção Heart Beat, encontra-se Peaches Goes Bananas, de Marie Losier, que abre a programação com uma viagem ao backstage da artista electropunkDevo, de Chris Smith, "retrata a carreira quinquagenária da banda synth-pop americana, pioneira na música e no videoclipe, através de entrevistas e imagens de arquivo"; e Before It's Too Late, de Mathieu Amalric, segue de perto o Emerson String Quartet durante a gravação do seu último álbum, Infinite Voyage, após 47 anos de carreira. 

Na mesma secção, destaque para  Blur: To the End, de Toby L."acompanha a nova reunião da banda de culto liderada por Damon Albarn, e a gravação e concertos do seu mais recente álbum, The Ballad of Darren"Pavements, de Alex Ross Perry"mostra a banda indie rock Pavement a preparar-se para a sua reunion tour esgotada de 2022, enquanto acompanha a criação de um musical baseado nas suas canções."Diário de Estrada: Bruce Springsteen e The E Street Band, de Thom Zimny"cruza imagens de ensaios, momentos de backstage e testemunhos de um dos reis do rock" - o Doclisboa exibe o documentário dias antes da sua chegada à plataforma Disney+, a 25 de Outubro -; e Luiz Melodia — No Coração do Brasil, de Alessandra Dorgan, sobre a vida e o trabalho do cantor e compositor carioca, narrada na primeira pessoa.

Também o cinema está em foco no Heart BeatMiyazaki, Spirit of Nature, de Léo Favier, sobre o realizador japonês, com enfoque nos valores ecologistas que guiaram a sua carreira; Jacques Demy, the Pink and the Black, de Florence Platarets e Frédéric BonnaudFrançois Truffaut, My Life, a Screenplay, de David Teboul"revela arquivos e imagens inéditas do mestre francês numa viagem com o seu velho confidente Claude de Givray meses antes de morrer"Looking for Robert, de Richard Copans, entra no universo do realizador Robert Kramer, com quem Copans trabalhou durante 20 anos.

Peaches Goes Bananas, de Marie Losier

Ainda no Heart Beat, encontra-se High & Low — John Galliano, de Kevin Macdonald, que apresenta o mundo do designer de moda John Galliano, conta com entrevistas ao estilista e a nomes como Naomi CampbellKate Moss Anna WintourGuido Guidi Lives in Hiding, de Paulo Catrica, que vai à pequena cidade de Cesena, casa do fotógrafo que dá título ao filme e que, há mais de 40 anos,  "fotografa com um olhar distinto as coisas comuns, enquanto vai construindo um arquivo que é o retrato de uma Itália rural e suburbana"Ricardo Aleixo: Afro-Atlântico, de Rodrigo Lopes de Barros, onde "o realizador experimenta com diferentes formas de gravação de vídeo e serve-se dos poemas, da voz e do corpo do autor brasileiro para explorar a sua condição periférica e afro-brasileira"

Entre os filmes portugueses, destaque para a estreia mundial de O Voo do Crocodilo — O Timor de Ruy Cinatti, de Fernando Vendrell"sobre a relação — afectiva, etnográfica, artística — que Cinatti desenvolveu com esse país distante e que acabou por definir o curso da sua vida". Há ainda dois filmes feitos por pai e filho: Ressaca Bailada — Filme Concerto, realizado por um dos guitarristas dos Expresso TransatlânticoSebastião Varela"é a transposição visual de uma narrativa de muitos formatos rodada num castelo em ruínas, com personagens que deambulam ao som das faixas do álbum Ressaca Bailada, num movimento de celebração e questionamento da tradição cultural portuguesa"; e  O Diabo do Entrudo, de Diogo Varela Silva, foca-se numa das "mais antigas tradições de Carnaval em Portugal, o Entrudo de Lazarim, e a tudo o que envolve os Caretos, desde a elaboração das suas máscaras e trajes às dinâmicas de género geradas pela tradição e passadas entre gerações".

Por fim, Turn in the Wound, de Abel Ferrara, com Patti Smith Soundwalk Collective"mostra a guerra contada na primeira pessoa por gente comum, numa carta visual e musical de apoio ao povo ucraniano"

De regresso está a secção competitiva Verdes Anos, revelando novos talentos, o Nebulae, espaço de indústria do festival, apresenta Espanha como país convidado, e o projecto educativo abcDoc, que aposta na força do documentário como ferramenta pedagógica.

Todos os detalhes sobe o Doclisboa podem ser consultados em em doclisboa.org.

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