quinta-feira, 25 de setembro de 2025

Doclisboa 2025 anuncia programação Completa

A 23.ª edição do Doclisboa decorre de 16 a 26 de Outubro, na Culturgest, Cinema São Jorge, Cinemateca Portuguesa e Cinema Ideal. O programa do festival foi esta Quinta-feira anunciado em conferência de imprensa.

With Hasan in Gaza, Kamal Aljafari

O filme de abertura, já anunciado, será With Hasan in Gaza, do realizador palestiniano Kamal Aljafari, uma homenagem à resistência em Gaza. A fechar, o Doclisboa mostra A Árvore do Conhecimento, de Eugène Green, uma co-produção luso-francesa, protagonizada por Diogo Dória, Leonor Silveira, João Arrais, Ana Moreira e Rui Pedro Silva

Competição Internacional e Nacional

A Competição Internacional reúne 12 filmes: One Minute Is an Eternity for Those Who Are Suffering, de Fábio Rogério e Wesley Pereira de Castro (Brasil); Vacances, de Victoria Hely-Hutchinson (EUA, França); Towards the Light, de Vadim Kostrov (França); Letters to My Dead Parents, de Ignacio Agüero (Chile); The Night Is Fading Away, de Ezequiel Salinas e Ramiro Sonzini, (Argentina); Cinema Kawakeb, de Mahmoud Massad (Jordânia, Catar, Países Baixos); Le Lac, de Fabrice Aragno (Suíça); Fantasy, de Isabel Pagliai (França); Tell Me a Fairy Tale, de Ebrû Avci (Turquia); B for Bartleby, de Angela Summereder (Áustria); The Anything, de Giorgos Athanasiou (Grécia); e The Strongest Lightning Strikes Not From Dark Skies, de Nate Lavey (EUA)

Por sua vez, a Competição Portuguesa contará também com 12 títulos: Llenya, de Manel Raga Raga; Água Mãe, de Hiroatsu Suzuki e Rossana Torres; Three of Cups, de Mário Macedo e Enotea; Explode São Paulo, Gil, de Maria Clara Escobar; Andar com Fé, de Duarte Coimbra; As Estações, de Maureen Fazendeiro; Fuck the Polis, de Rita Azevedo Gomes; Complô, de João Miller Guerra; Ouro e Cinza, de Salomé Lamas; Baía dos Tigres, de Carlos Conceição; Ku Handza, de André Guiomar, e Nova '78, de Aaron Brookner e Rodrigo Areias.

Baía dos Tigres, Carlos Conceição

Riscos

A secção Riscos coloca a natureza contemporânea do cinema no centro da sua atenção, reunindo filmes produzidos entre 1896 e 2025. O programa vai das primeiras experiências cinematográficas às práticas mais contemporâneas, "desde os planos luminosos e movimentos de câmara de Gabriel Veyre, operador de câmara dos irmãos Lumière, até aos novos filmes de Hassen Ferhani, Javier Rebollo, Marko Grba Singh ou Margarita Ledo Andión", explica o festival. A egípcia Hala Elkoussy é realizadora convidada, cuja obra combina uma abordagem inventiva, política e poética.

Outro destaque é Minh Quý Trương, cuja obra reflecte a sua profunda ligação ao Vietname e ao seu povo. "Tanto nas obras a solo como em colaboração com Nicolas Graux, Trương combina tradições de ficção, não-ficção, etnografia e ficção científica, construindo filmes de atenção e detalhe, onde a história, a memória e a materialidade do tempo presente se entrelaçam". O programa da secção Riscos inclui também Shadowboxing, concebido pela programadora associada do Doclisboa, Cíntia Gil, e o programador e crítico francês Jean-Pierre Rehm. "Shadowboxing propõe um combate imaginário sem contrapartida, tomando a Palestina como horizonte e presença espiritual, moral e estética".

Heart Beat

Na secção Heart Beat, destaque para o filme da realizadora Solveig Nordlund, Memórias do Teatro da Cornucópia, que mostra, com recurso a imagens de arquivo de vários espectáculos, peças emblemáticas da companhia fundada por Luís Miguel Cintra e Jorge Silva Melo, em 1973. Já Bull’s Heart, da grega Eva Stefani, acompanha de perto os preparativos para a criação Transverse Orientation, do coreógrafo Dimitris Papaioannou e a sua digressão pelos teatros europeus.

Nesta secção, destaque ainda para: Cast of Shadows, de Sami van Ingen, sobre Robert Joseph Flaherty; Andy Kaufman Is Me, de Clay Tweel; Barking in the Dark, de Marie Losier; Bobò, de Pippo Delbono; Paul, de Denis Cotê; Toni, Mio Padre, de Anna Negri; Megadoc, de Mike Figgis, sobre Megalopolis de Francis Ford Coppola; Strange Journey: The Story of Rocky Horror, de Linus O'Brien, e uma homenagem a Robert Wilson, desaparecido este ano, com três filmes: dois seus, Stations e Video 50, e outro sobre uma produção teatral sua, Robert Wilson & the CIVIL warS, de Howard Brookner.

Welcome to Lynchland, Stéphane Ghez

Já anunciado, no Heart Beat estava David Lynch em dose dupla, primeiro com Welcome to Lynchland, de Stéphane Ghez, que mergulha na obra do realizador e dá voz a Kyle MacLachlan, Laura Dern e Isabella Rossellini, entre outros dos colaboradores mais próximos; e ainda a exibição de Duran Duran: Unstaged, experiência lynchiana numa actuação dos britânicos Duran Duran.

Ainda no registo de documentário musical, estão Boy George & Culture Club, de Alison Ellwood, onde o cantor e os seus colegas de banda partilham pela primeira vez a sua história; Becoming Madonna, de Michael Ogden, que, partindo de imagens e registos inéditos, acompanha a transformação da jovem outsider do Michigan na estrela pop mais poderosa e controversa do mundo; It's Never Over, Jeff Buckley, de Amy Berg; e One to One: John & Yoko, de Kevin Macdonald e Sam Rice-Edwards.

Nesta edição, o Doclisboa celebra os 100 anos do nascimento do compositor italiano Luciano Berio com um programa especial. Serão apresentados quatro filmes raros que exploram a relação entre música, imagem, memória e experimentação: Il canto d’amore di Prufrock (1967), de Nico D’Alessandria, inspirado no poema homónimo de T. S. Eliot, combina a declamação de Carmelo Bene com a música de Berio; Sirènes (1961), de Emile Degelin, baseia-se no poema The Sirens, de James Joyce, em diálogo com música eletrónica e sonhos marítimos; The Colours of Light (1963), de Bruno Munari e Marcello Piccardo, investiga luz e cor com a presença conceptual de Berio; e Voyage to Cythera (1999), de Frank Scheffer, centra-se na terceira parte da Sinfonia de Berio, transformando citações musicais de Mahler, Stravinsky e Boulez num fluxo contínuo de sons e imagens, guiado pelo próprio compositor.

Da Terra à Lua

Na secção Da Terra à Lua, destaque para a exibição de O Riso e a Faca integral, de Pedro Pinho, versão longa e em estreia mundial do filme premiado em Cannes (Melhor Actriz na secção Un Certain Regard para Cleo Diára). A este filme, juntam-se outros como Remake, de Ross McElwee, uma reflexão sobre as suas criações e um tributo à vida do seu filho Adrian, que faleceu em 2016; Bulakna, de Leonor Noivo, que aborda a desigualdade social num mundo pós-colonial, ao mesmo tempo que toma em temas como o valor do trabalho, do corpo e da vida; Pescadores de Bubaque, de Pedro Florêncio; Contemplação Impasse Tentativa, de Welket Bungué; Aurora, de João Vieira Torres; Tales of the Wounded Land, de Abbas Fahdel; Angela's Diaries. Two Filmmakers: Chapter Three, de Yervant Gianikian e Angela Ricci Lucchi; e Tôsô, de Masao Adachi.

Ghosts Elephants, Werner Herzog

Já anunciado tinha sido a presença dos filmes de Lucrecia Martel e Werner Herzog no programa do Doclisboa 2025. Da realizadora, destaque para a exibição de Landmarks, que acompanha a luta de nove anos por justiça, depois de, em 2009, Javier Chocobar, líder da comunidade indígena de Chuschagasta, ter sido assassinado por três homens que alegaram ser donos da terra. O filme combina vozes e imagens da comunidade com footage do tribunal, para explorar as consequências do colonialismo e da expropriação de terras. Já de Werner Herzog será exibido Ghosts Elephants, que questiona se certas epopeias não são melhores se ficarem por concluir. O filme acompanha o explorador Steve Boyes, que juntamente com três mestres rastreadores da Namíbia, parte numa busca pelos raros elefantes-fantasma de Angola. O filme de Herzog desperta questões existenciais e reflecte sobre a conservação ambiental e cultural em África. 

Ainda de destacar na secção Da Terra à Lua, está Cover-up, de Laura Poitras em colaboração com Mark Obenhaus, que explora a carreira do jornalista Seymour Hersh, jornalista premiado com o Pulitzer, que revelou os escândalos de tortura do exército dos EUA nas guerras do Vietname e Iraque.

De Portugal, será ainda exibido um filme inédito: As Brigadas Revolucionárias na Luta Contra a Ditadura (1970-1974), de Luiz Gobern Lopes.

Em colaboração com a Cinemateca Portuguesa será apresentada a já noticiada retrospectiva dedicada a William Greaves (1926–2014), co-programada pelo académico Scott MacDonald e Luís Mendonça (Cinemateca Portuguesa). O programa  revelará a versatilidade de Greaves enquanto actor, realizador, produtor e editor. 

Mais sobre a programação do Doclisboa e outras informações em https://doclisboa.org/.

Sem comentários: