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sexta-feira, 29 de abril de 2022

Crítica: Mamma Roma (1962)

"The evil you do is like a highway the innocent have to walk down."

Mamma Roma

*8/10*

Mamma Roma, de Pier Paolo Pasolini, regressou também às salas de cinema em versão restaurada, por ocasião do centenário do nascimento do realizador. Neste drama neorrealista, Anna Magnani arrebata a plateia num desempenho de extraordinária entrega e comoção. Por seu lado, o cineasta começa aqui a firmar a sua personalidade enquanto autor.

Trata-se do "segundo filme de Pasolini, com argumento original da sua autoria e uma das primeiras obras do cineasta a retratar os marginais da sociedade italiana. A partir da história melodramática de uma prostituta de Roma que tenta dar uma vida digna ao seu filho, Pasolini constrói um filme com uma extraordinária dimensão poética e social." 

Mamma Roma é um retrato da pobreza e da luta de uma antiga prostituta pela ascensão social e por melhores condições de vida, para si e para o seu filho, e de todas as adversidades que enfrenta nessa jornada. A protagonista quer deixar bem longe o seu passado e construir um futuro promissor para o filho Ettore - mas ameaças e tentações não dão descanso a nenhum dos dois.

Pasolini transpõe para o ecrã a crueza da realidade que filma. Mamma Roma é uma obra de ficção, mas retrata a decadência e delinquência juvenil e o lugar das mulheres - em especial das prostitutas - e mães solteiras na sociedade.

E no meio do drama desta mãe, o realizador presenteia-nos com planos-sequência quase poéticos em torno da forte presença de Anna Magnani, e os devaneios e pensamentos da personagem. A actriz é a alma do filme tanto através da sua presença intimidante, como pelo furação de emoções que transporta: da felicidade ao desgosto, da esperança ao desespero.

Dotada de uma estética singular e de extrema sensibilidade, Mamma Roma representa uma crítica social profunda, ao mesmo tempo que faz um elogio às mães que sofrem e lutam pelos seus.

domingo, 24 de março de 2013

8 ½ Festa do Cinema Italiano: La guerra dei vulcani

*6.5/10*

Na 8 ½ Festa do Cinema Italiano, dentro da secção Amarcord, foi este Sábado exibido o documentário La Guerra dei Vulcani (The war of the Vulcanoes: Bergman and Magnani), um interessante filme realizado por Francesco Patierno, que percorre o escândalo cinematográfico-sentimental que envolveu as actrizes Anna Magnani e Ingrid Bergman e o realizador Roberto Rossellini.


Rossellini deixa Magnani, com quem esteve ligado numa relação de amor e trabalho, em 1949, pela atraente Bergman, que se torna protagonista do seu filme Stromboli. Humilhada, a actriz italiana instala-se nas Ilhas Eolias, para realizar o filme Vulcani, uma grande produção que pretendia ofuscar a de Rossellini. Assim começa a “guerra dos vulcões”. É este o momento sobre o qual La Guerra dei Vulcani se debruça, juntando imagens de arquivo, fotos da época e cenas de filmes das actrizes e do realizador.

Todo o material, que demonstra ser fruto de uma exaustiva pesquisa, é-nos apresentado por Francesco Patierno na forma de um original documentário que conta uma história verídica recorrendo, em grande parte, a imagens ficcionais dos três protagonistas. São cenas filmadas pelas actrizes que demonstram emoções, estados de espírito que seriam impossíveis de explicar de outra forma, e, em certos momentos, o ficcional poderia mesmo ter sido a realidade. E para tudo tão bem funcionar há que elogiar a excelente montagem, a cargo de Renata Salvatore, que faz um trabalho genial.

O paralelismo entre Stomboli e Vulcani é também interessante de analisar, especialmente se atentarmos aos momentos finais de La Guerra dei Vulcani. Contudo, é uma pena que não haja uma mensagem que vingue no final do documentário, por mais perfeito que seja o trabalho aqui construído. Sente-se que há um vazio por preencher, uma mensagem pouco clara, e bem longe da história que relata, que deita tudo por terra.


8 ½ Festa do Cinema Italiano continua este Domingo com um grande destaque ao inicio da tarde. Benfica-Turino 4-3 passa na Sala Manoel de Oliveira e conta com a presença de Eusébio e de alguns jogadores e ex-jogadores do clube encarnado. Mais tarde, uma versão restaurada digitalmente de Il Gattopardo, de Luchino Visconti será exibida na mesma sala.