quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Crítica: 00:30 A Hora Negra / Zero Dark Thirty (2012)

"I'm going to smoke everyone involved in this op and then I'm going to kill bin Laden. "
Maya
*7/10*

00:30 A Hora Negra é mais uma história feita para os norte-americanos mas que interessa ao resto do planeta. A captura de Bin Laden é, só por si, tema para captar todas as atenções, mais ainda quando se sabe que a longa-metragem é realizada por Kathryn Bigelow e tem Jessica Chastain como protagonista.

A caça a Osama Bin Laden inquietou o mundo e dois Governos americanos durante mais de dez anos. Contudo, foi uma pequena e dedicada equipa de operacionais da CIA que o conseguiu localizar. Todos os pormenores de preparação desta missão estiveram no mais absoluto segredo e, apesar de alguns dos detalhes terem sido, entretanto, tornados públicos, os aspectos mais relevantes da operação foram agora trazidos para o grande ecrã pela dupla criativa vencedora de três Oscars com filme Estado de Guerra - Bigelow e Mark Boal.

A realizadora quis aqui mostrar, sem rodeios, os dez anos de trabalho da CIA até à recente captura do terrorista mais procurado. E começa por apelar aos (res)sentimentos da plateia, com o audio (apenas), de poucos minutos, das últimas palavras de algumas das vítimas do 11 de Setembro de 2001. Arrepiante e, de certa forma, uma preparação para que tudo o que continuaremos a ver esteja “justificado” ou “desculpado”. As cenas de tortura, que tanto deram que falar, estão lá, são fortes, mas possivelmente muito longe da realidade, que será de certo muito mais brutal. Há, todavia, que gabar o facto de não existir medo em assumir os actos.

Polémicas à parte, a história é-nos apresentada da melhor forma, dando a conhecer os factos, perdendo, contudo, o fôlego bastante cedo. Felizmente, a última meia hora vale pelos momentos menos bem conseguidos, com uma sequência de acção que nos prende ao ecrã, sendo impossível desviar as atenções. Graças à realização exemplar de Kathryn Bigelow, sentimo-nos dentro do filme, ao lado dos soldados.


No elenco, o grande destaque vai para Jessica Chastain como a agente da CIA Maya, que, apesar de não ter aqui o seu mais brilhante desempenho, mostra-se à altura do desafio, ganhando a frieza que a sua personagem pede ao longo do filme (e com o passar dos anos). Sangue frio, coragem e muita persistência é o que Maya espelha, revelando o seu lado mais humano na derradeira cena, num misto de dever cumprido e alívio.

Apesar de todas as questões políticas ou morais que lhe estão associadas, 00:30 A Hora Negra é um filme feito para glorificar os feitos dos norte-americanos, desta vez contudo, sem esconder que, muitas vezes, estes não são os mais legítimos.

4 comentários:

Rafael Barbosa disse...

Concordo plenamente com o que referiste. Foi uma boa realização por parte da Kathryn Bigelow. No que toca a Chastain não foi mais do que uma interpretação competente. Um papel que tem vindo a ser muito sobrevalorizado por onde quer que passe.

Cumprimentos,
Rafael Santos
Memento Mori

Inês Moreira Santos disse...

Sim, foi um filme que não me impressionou por aí além, mas que dar o mérito à Bigelow. Tens razão relativamente à Chastain, mas este ano nada bate a sobrevalorização dada à Lawrence. :P

Cumprimentos cinéfilos.

Rafael Barbosa disse...

Sim a Lawrence nem refiro, está a ser levada ao colo pelos prémios...

Anónimo disse...

muito boa crítica. aconselho a verem também a minha crítica a este filme ou a outros.

http://johnnyjfilmes.blogspot.pt/