quinta-feira, 18 de abril de 2013

Crítica: Professor Lazhar / Monsieur Lazhar (2011)


*7/10*

Nomeado ao Oscar para Melhor Filme Estrangeiro pelo Canadá, Professor Lazhar transborda delicadeza e, ao mesmo tempo, reúne em si duas temáticas quase paradoxais: a morte e a infância. Escrito e realizado por Philippe Falardeau, a longa-metragem canadiana oferece uma profundidade que não perdia se tivesse chegado mais longe.

Numa escola primária de Montreal, Bachir Lazhar, um imigrante argelino, surge em boa hora para substituir uma professora que se suicidou na sala de aula. Enquanto tenta ajudar os alunos a lidar com a dor, a sua recente perda é também revelada.

Duas histórias distintas unem-se na mesma pessoa – Lazhar – para retratar a dor que se sente quando se lida com a morte. Neste caso temos, por um lado Lazhar, que perdeu recentemente a mulher e as filhas, e a turma da professora suicida, composta por crianças que revelam a normal dificuldade em lidar com a morte. A esta relação espiritual, junta-se a problemática, levemente abordada, acerca das rígidas regras no comportamento professor-aluno, onde nenhum tipo de toque é permitido e que fazem o professor de educação física da escola levantar interessantes questões.


O foco do argumento divide-se entre estes temas, a que se junta um possível mas muito desnecessário romance que envolve uma das colegas do protagonista. A longa-metragem ganharia muito com uma opção que excluísse este lado romântico que se revela sem desenlace e nada contribui para os temas principais de Professor Lazhar.

De extrema importância para toda a narrativa são as duas crianças que se deparam com a professora morta. Alice, por seu lado, é uma menina muito madura para a idade, com ideias firmes e sem medo de se exprimir. Já Simon é um jovem frustrado e problemático, que carrega uma dor demasiado pesada para si. Eles, como toda a turma, revelam as marcas que um suicídio de alguém próximo lhes causou. É neles que a atenção da plateia se prende maioritariamente, e toda esta situação de compreensão de uma atitude inexplicável merecia um maior tempo de reflexão no filme de Philippe Falardeau. A história do professor, por sua vez, serve como complemento, provocando uma maior identificação com a turma – porque também ele enfrentou uma muito dolorosa perda, e porque aí se encontravam igualmente duas crianças, as suas filhas.

2 comentários:

Filipa Figueira disse...

Vi hoje é gostei muito.
Bons filmes!

pozzo de emozione disse...

Vi ontem o filme e concordo plenamente com a crítica feita.

O argumento tem tanto potencial e fica um desejo cá dentro de a reflexão ter ido mais longe...