*7.5/10*
No (ou Não), de Pablo Larraín, foi a escolha para a abertura desta 10ª edição do IndieLisboa, na passada Quinta-feira, dia 18 de Abril. O filme relata o que aconteceu nos bastidores do plebiscito de 1988 no Chile, em que se decidia se Pinochet continuaria ou não no governo.
O jovem publicitário René Saavedra, interpretado de forma muito competente por Gael García Bernal, é convencido pelos líderes da oposição a gerir a sua campanha a favor do Não. Sob o olhar da ditadura e com um orçamento reduzido, o protagonista e a sua equipa têm de traçar um plano para vencer e libertar finalmente o país do clima de opressão em que vivia. A escolha tem de ser certeira para que os 15 minutos de antena que lhes cabem dêem frutos.
Pablo Larraín traz até nós o universo da publicidade num momento crucial da história de um país. Duas campanhas políticas confrontam-se - o Sim e o Não -, tendo à cabeça, de um lado, Saavedra, do outro, o seu próprio chefe. O mundo da publicidade é-nos desvendado, com as perseguições aos homens do Não a serem retratadas, num clima de medo, mas igualmente de vontade de mudar.
O realizador tomou opções muito curiosas em termos técnicos. A longa-metragem foi filmada no formato U-Matic, o mesmo que era utilizado na televisão à época dos acontecimentos. Ao mesmo tempo, a colocação de imagens de arquivo, que se misturam com as restantes - e ser-nos-á quase impossível distingui-las -, transportam-nos mais ainda para o Chile de 1988.
O ritmo é original e muito se assemelha ao de um documentário - quer mesmo pelos factos relatados -, que se vê reforçado pelos planos e movimentos de câmara, que quase tornam o filme mais real do que ficcional, e pela curiosa opção de montagem. Realidade e ficção confundem-se em No de uma forma genial.
A passagem para o grande ecrã de acontecimentos tão importantes para o Chile valeram à longa-metragem de Larraín uma nomeação para Melhor Filme Estrangeiro nos Oscars deste ano. O filme leva-nos, acima de tudo, a mergulhar de cabeça na campanha publicitária do Não e a sentir o ambiente de opressão que se vivia, como se o presenciássemos. No é a inteligência de uma equipa que quer a alegria e a liberdade de volta ao seu país.
2 comentários:
Sempre o viste :D Um grande filme sem dúvida. O estilo de filmagem foi sem dúvida uma óptima opção. E tal como dizes, a montagem é exímia ao infiltrar de forma tão discreta imagens de arquivo.
Cumprimentos,
Rafael Santos
Memento mori
Vi-o finalmente, é verdade! :) Foi uma boa surpresa.
Cumprimentos cinéfilos.
Enviar um comentário