quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Crítica: O Primeiro Verão (2014)

*8/10*

Simples, sincero e eficaz: O Primeiro Verão é uma lufada de ar fresco no cinema português, e marca a estreia do jovem realizador Adriano Mendes nas longas-metragens. Um filme independente construído com o esforço de todos os envolvidos, num cenário que convida a conhecer, em busca da tranquilidade que muitas vezes falta no cinema comercial actual. E O Primeiro Verão é um filme para todos, dos mais jovens aos mais idosos, dos mais aos menos exigentes, das elites aos fãs de blockbusters. Tudo isto porque o realizador consegue envolver-nos numa história simples e realista, uma história de amor com três protagonistas: Miguel, Isabel e Cmyk.


É na Sertã que tudo acontece, quando Isabel e Miguel se encontram pela primeira vez numa aula de condução. Ali, naquele que é O Primeiro Verão dos dois, inicia-se uma história de amor, que tem percorrido o mundo e já recebeu diversos prémios.

A simplicidade é o trunfo mais forte desta longa-metragem, que comporta consigo uma ternura, proximidade e realismo enormes. O filme prende o público que se envolve na história, que segue as conversas, a timidez inicial, os passeios do casal pela Sertã com o companheiro canino Cmyk, a inocência destes jovens que se descobrem a cada momento. O amor cresce e descobre-se aos poucos, tanto o amor romântico entre Miguel e Isabel, como o amor para com o companheiro de uma vida, Cmyk, personagem fundamental para O Primeiro Verão ser tão singular.

Adriano Mendes constrói o seu filme com poucas palavras, pois um olhar, um gesto ou um abraço valem muito mais do que longos discursos. A banda sonora, também da sua autoria, é igualmente importante para o desenrolar do enredo. Tudo surge natural, umas vezes com uma ingenuidade calorosa - que também poderá ser de principiante -, outras com laivos de brilhantismo. Há planos que nos ficarão na memória, há olhares que não vamos esquecer, tal como a espontaneidade dos sentimentos ali filmados.


No elenco, o destaque vai para Anabela Caetano, a Isabel emotiva e destemida que nos conduz pelas dúvidas típicas da juventude e pela dedicação extrema a alguém. A jovem actriz tem um desempenho que revela grande talento e, provavelmente, voltaremos a ouvir falar dela.

Faltam, cada vez mais, filmes tão sinceros, com a realidade das emoções humanas a tomar conta do grande ecrã e a conquistar o espectador. O Primeiro Verão tem uma aura muito própria e por muito que Adriano ainda tenha para crescer enquanto realizador, aqui provou que detém já fortes marcas autorais e sabe o que faz falta no cinema português - que muitas vezes só se consegue concretizar com muita vontade, esforço e amor à Sétima Arte.

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