domingo, 5 de maio de 2019

IndieLisboa'19: Batida de Lisboa / Lisbon Beat (2019)

*7/10*

Eis que entramos numa viagem sonora pela periferia da capital. Batida de Lisboa, de Rita Maia e Vasco Viana, colocou a Sala Manoel de Oliveira a balançar ao ritmo dos vários géneros musicais de génese africana que têm influenciado gerações.

Neste documentário cheio de ginga, os realizadores dão a conhecer a vida de uma série de músicos que vivem numa cidade com complexas lutas de identidade e que nem sempre lhes dá o devido reconhecimento. Aqui, encontram-se diferentes gerações e origens, de Angola a São Tomé, de Cabo Verde à Guiné Bissau, representadas por antigos músicos de renome e jovens produtores cheios de energia.

O filme dá-nos a conhecer a música que saiu dos bairros sociais ou "bairros de lata" dos arredores de Lisboa e tem chegado, finalmente, ao público mais generalizado e às salas mais "in", seja o MusicBox ou a Galeria Zé dos Bois, por exemplo. Os realizadores apresentam-nos aos mais jovens produtores e músicos, bem como a algumas lendas da música mais tradicional - fiquei rendida a Julinho da concertina, um dos poucos tocadores de funaná tradicional. DJ Marfox, DJ Firmeza, DJ Nervoso, o projecto Celeste Mariposa, Vado Más Ki Ás, são alguns dos muitos músicos que acompanhamos nesta viagem.


Vamos à Quinta do Mocho, em Sacavém, ao Bairro 6 de Maio e Quinta da Lage, na Amadora, ao Bairro da Jamaica, no Seixal, a Queluz e a outros locais bem próximos da capital. Entre demolições, concertos, festas, conversas, vão-nos apresentando o funaná, afro-house, kizomba, kuduro, batuque... 

E como, pessoalmente, passei a minha adolescência rodeada por sonoridades africanas, gostava que Batida de Lisboa ainda se estendesse um pouco mais e tocasse em mais artistas e bairros. Ainda assim, Rita Maia e Vasco Viana cumprem bem o seu papel ao documentar uma realidade musical menos filmada para o cinema, direccionado o seu foco para a música, mas mostrando, ao mesmo tempo, os problemas sociais e estruturais que continuam a rodear os subúrbios.

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O filme passou no dia 4 de Maio, no Cinema São Jorge, e volta a ser exibido no dia 6 de Maio, às 10h30, no Pequeno Auditório da Culturgest.

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