quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Opinião: Minisséries - The Undoing (2020)

*7/10*


The Undoing deu que falar nos últimos dias (e semanas). A minissérie, disponível na HBO Portugal, é protagonizada por Nicole Kidman e Hugh Grant, realizada por Susanne Bier e escrita para televisão por David E. Kelley (Big Little Lies). Muito mistério, sensualidade e incertezas espreitam por cada episódio - são seis no total - e certo é que vamos querer descobrir a verdade.

Os três primeiro episódios de The Undoing são especialmente viciantes, num crescendo de emoções, tensão e possibilidades, fazendo o espectador questionar continuamente tudo e todos os suspeitos. O "vício" começa aqui.


A minissérie acompanha Grace e Jonathan Fraser, que têm a vida que sempre quiseram, com o filho Henry (Noah Jupe). Durante a noite, o abismo abate-se sobre as suas vidas com uma morte violenta e uma cadeia de terríveis revelações.

A família de Grace Fraser é rica e bem sucedida, elegante, com um núcleo de amigos de classe alta e o filho num colégio privado. O surgimento de uma nova mulher no grupo de amigas de Grace, totalmente deslocada, de classe mais baixa, imigrante e extremamente sensual, vem abalar a vida da protagonista. O choque de classes sociais é logo o primeiro desconforto sentido em The Undoing. Depois surge a morte, a traição e as suspeitas que recaem sobre a família. Grace vê-se no lugar dos seus pacientes, que a procuram para reatar as relações após traições. Mas Grace não quer ser fraca, mesmo quando fraqueja.


As mentiras sucedem-se a cada episódio, bem como as suspeitas do espectador. As cenas do julgamento voltam a conferir algum fulgor à acção, sem receios de chocar - seja por imagens ou por jogadas mais ou menos sujas das advogadas -, mas, no final, não há nada de absolutamente novo a revelar.

O melhor de The Undoing são, sem dúvida, as interpretações, seja a sempre brilhante Nicole Kidman, como um sofrido e dúbio Hugh Grant, com destaque ainda para o jovem Noah Jupe - num papel que é um turbilhão de emoções para um pré-adolescente que idolatra o pai - e a prestação sempre intimidante de Donald Sutherland.


A minissérie de David E. Kelley é eficaz ao prender-nos ao ecrã, numa incessante ânsia por descobrir a verdade, mas cai em alguns lugares-comuns, com diversos altos e baixos na narrativa e um final que deixa a desejar. Visualmente, estamos perante um trabalho cativante, tirando partido das cenas nocturnas, e de um guarda-roupa distinto. A montagem confere dinamismo e algum atordoamento - bem como os planos desfocados -, fazendo-nos construir e reconstruir vários cenários, quais detectives.

The Undoing deve ser visto e apreciado mas sem demasiadas expectativas.

Sem comentários: