segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Crítica: Borat, o Filme Seguinte / Borat Subsequent Moviefilm (2020)

"People make recognize my face. I would need disguises."

Borat


*7/10*

Em 2006, Sacha Baron Cohen trouxe-nos o primeiro filme dedicado à icónica personagem, Borat, e o seu regresso, em 2020, foi muito esperado e auspicioso. Incisivo e provocador, Borat, o Filme Seguinte, realizado por Jason Woliner, veio na altura certa, filmado em plena pandemia, estreado em vésperas das eleições norte-americanas. 

"Com o extenso título Borat Subsequent Moviefilm: Delivery of Prodigious Bribe to American Regime for Make Benefit Once Glorious Nation of Kazakhstan esta é a sequela do falso documentário que acompanha Borat Sagdiyev, um jornalista fictício da televisão cazaque, numa viagem pelos Estados Unidos. De volta à América, Borat lança-se nos temas da atualidade: o novo vírus, o racismo, a violência policial e, claro, Donald Trump."


O tom de falso documentário (mas que, realmente, tem muito de documental) mantém-se, mas agora toda a gente sabem quem é Borat - ou quase, já que muitos apoiantes de Trump não parecem reconhecê-lo, ou sequer desconfiar da paródia, acolhendo-o em sua casa e alinhando nas suas brincadeiras hilariantes. Ainda assim, no meio de protestos, comícios e uma pandemia, Sacha Baron Cohen arriscou-se muito mais do que no primeiro filme, chegando a usar um colete à prova de balas durante a rodagem.

Desta vez, contudo, o actor não brilha sozinho. Ao seu lado, a búlgara Maria Bakalova é uma das grandes revelações da época, na pele de Tutar, filha de Borat. Corajosa - a cena com Rudy Giuliani ficará para a história -, aparentemente inocente, segura e divertida, a jovem fez uma dupla inesquecível com o protagonista e cativou muitas atenções, para além de ter dado à longa-metragem um lado feminista, especialmente necessário no contexto dos acontecimentos.


Politicamente incorrecto - as provocações a Mike Pence e a outros conservadores marcam grandes momentos do filme -, Borat regressou quando mais era necessário, retomando as suas aventuras inacreditáveis, e tocando nos temas-chave que continuam a dividir a sociedade norte-americana - e parte do mundo.

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