terça-feira, 6 de julho de 2021

Crítica: First Cow - A Primeira Vaca da América (2019)

"History isn't here yet. It's coming, but we got here early this time. Maybe this time, we can be ready for it. We can take it on our own terms."

King Lu

*7.5/10*

First Cow - A Primeira Vaca da América, de Kelly Reichardt, é uma elegia ao sonho americano. A Natureza e os animais predominam em redor das personagens, por terrenos lamacentos, sujos e com pouco para oferecer. Fiel ao seu estilo, a realizadora cria um filme simples, sem pressas, onde a melancolia paira, e há significado nas mais pequenas coisas.

"Um cozinheiro solitário e habilidoso (John Magaro) viaja para o Oregon e junta-se a um grupo de caçadores de peles, onde conhece um imigrante chinês (Orion Lee) que, tal como ele, procura criar a sua fortuna. Rapidamente colaboram num perigoso negócio que envolve roubar o leite de uma premiada vaca local, a primeira e única em todo o território."

Naquele local, onde chegou há pouco, de barco, a primeira vaca, cruzam-se índios, americanos, chineses, russos, ingleses, irlandeses, todos com o mesmo objectivo. A esperança na "terra prometida" de uma nação ainda jovem levou tantos homens a arriscarem tudo em busca de fortuna, embarcando na insegurança de uma viagem por territórios desconhecidos, na solidão e com poucos recursos. 

E neste cenário de western, escuro, pobre e violento, a realizadora é capaz de contar uma história de amizade sincera entre dois homens tão diferentes, que resiste ao tempo. E, ao mesmo tempo, faz-nos descobrir uma bonita e respeitosa relação entre o homem e o animal, bem como a simplicidade de um negócio que faz a alegria de tantos num local tão triste e desencantado. 

Em First Cow, Kelly Reichardt relembra-nos como o sonho americano, mesmo desde os primórdios dos EUA, sempre foi só para alguns - os nossos protagonistas, Cookie e King Lu, são testemunhos disso.

Sem comentários: