quarta-feira, 14 de julho de 2021

Doclisboa'21: Obra de Cecilia Mangini em retrospectiva e sessão de antecipação na Cinemateca

O cinema de Cecilia Mangini é o foco da segunda retrospectiva do Doclisboa 2021, que acontece em Outubro. Em jeito de antecipação, no dia 6 de Agosto, o festival lisboeta e a Cinemateca Portuguesa apresentarão uma sessão que conta com a exibição de Ignoti alla città, Stendalì (Suonano Ancora) e La Canta delle Marane, os três primeiros filmes da cineasta. 

Falecida no início de 2021, a realizadora italiana Cecilia Mangini é um dos nomes maiores do documentário em Itália, sendo uma das mulheres pioneiras na realização de documentários no pós-Guerra. "Os seus filmes preservam uma actualidade importante pois exploram temas urgentes, como a condição da mulher, comunidades periféricas e marginalizadas, as raízes do fascismo, a imigração ou a injustiça social. A obra de Mangini é permeada pela poesia e pela beleza mas é, acima de tudo, a história de uma vida dedicada a pensar o cinema como uma ferramenta de resistência", refere o Doclisboa em comunicado.

A retrospectiva vai incluir também um conjunto de títulos assinados pelo seu marido, o realizador Lino Del Fra, onde a cineasta foi argumentista ou colaboradora influente.

No dia 6 de Agosto, a sessão de antecipação na Cinemateca Portuguesa, para além de apresentar os três primeiros filmes da cineasta, fruto de uma colaboração com Pier Paolo Pasolini, vai exibir ainda Laokoon & Söhne, a primeira obra de Ulrike Ottinger - a outra realizadora em retrospectiva no Doclisboa 2021 -, co-realizada com Tabea Blumenschein.

O 19.º Doclisboa acontece entre 21 e 31 de Outubro.


SESSÃO DE ANTECIPAÇÃO DAS RETROSPECTIVAS

6 AGOSTO | CINEMATECA PORTUGUESA

Ignoti alla città

Cecilia Mangini | Itália | 1958 | 10’

"O primeiro filme de Mangini, retirado de circulação pela censura da altura, retrata a vida, problemas e esperanças de um grupo de rapazes dos subúrbios marginais e pobres de Roma. Pier Paolo Pasolini, então escritor e amigo da realizadora, contribui com as palavras que nos guiam pelas imagens de Mangini."


La Canta delle Marane

Cecilia Mangini | Itália | 1961 | 10’

"Visão vibrante e sensual sobre a dissolução de fronteiras, La canta delle marane acompanha um grupo de rapazes que brinca à beira de um rio nos subúrbios de Roma. Toma a forma de um poema visual dedicado àquela zona periférica, que teve um papel importante nas narrativas de Pier Paolo Pasolini. Este filme inspira-se no romance de Pasolini, Ragazzi di vita [Meninos da Vida]."


Stendalì (Suonano Ancora)

Cecilia Mangini | Itália | 1960 | 11’

"Em Salento, no sul de Itália, mulheres vestidas de preto lamentam os mortos. Em Stendalì, Mangini retrata esta tradição num ritmo frenético, quase alucinatório, amplificado pela música vanguardista de Egisto Macchi."


Laokoon & Söhne

Ulrike Ottinger e Tabea Blumenschein | RFA | 1972-73 | 48’

"Num país imaginário, habitado apenas por mulheres, Esmeralda del Rio empreende uma série de transformações, tornando-se viúva na tundra gelada, patinadora no gelo e até o gigolô Jimmy. Este primeiro filme de Ottinger, raramente projetado, é em si um acto de metamorfose, com a autora a passar para o cinema após trabalhar como artista e fotógrafa. O turbilhão excêntrico de imagens, acompanhado de uma narração divertida e caprichosa, é um exercício surrealista, um ritual e um jogo requintado tão sério como só os jogos o podem ser. 'Os contos de fadas estão a chegar; os contos de fadas vieram para ficar.'"

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