segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Crítica: A Lenda do Cavaleiro Verde / The Green Knight (2021)

"I fear I am not meant for greatness."

Gawain


*4.5/10*

Depois de Amor Fora da Lei (2013), A Lenda do Dragão (2016), História de Um Fantasma (2017) e O Cavalheiro com Arma (2018), David Lowery regressa com mais uma faceta cinematográfica, desta vez para adaptar uma história de fantasia medieval, oriunda da corte do Rei Arthur, com A Lenda do Cavaleiro Verde.

Sir Gawain (Dev Patel), o impulsivo e obstinado sobrinho do Rei Arthur, embarca numa ousada viagem para enfrentar o Cavaleiro Verde, um forasteiro gigante de pele esmeralda que testa os adversários até ao limite. Gawain luta contra fantasmas, gigantes, ladrões e conspiradores, numa jornada que lhe definirá o caráter e o valor aos olhos da família e do reino, perante o mais temível dos adversários.

Gawain é-nos apresentado como um rapaz preguiçoso e cobarde que, num impulso imaturo (e uns pozinhos de uma mãe adepta de bruxaria), entra num desafio que terá de ser cumprido. Ao embarcar na jornada até ao seu adversário, um ano depois, o jovem segue convicto de alcançar honra e glória, para que, finalmente, possa singrar no reino. A viagem é marcada por provações e tentações, qual Cristo em plena travessia do deserto, e muita magia negra.

Entre encontros com personagens inesperadas, objectos simbólicos e delírios, David Lowery arrasta-nos ao longo de mais de duas horas de filme sem justificação plausível para tal. Nada se retira de A Lenda do Cavaleiro Verde, sem ser o ligeiro enriquecimento de carácter que Gawain conquista ao longo da jornada. Não aterroriza, não intimida, e não fica connosco para lá da visualização.

Com o argumento tão desperdiçado e inconsistente, consolemo-nos com o grande trabalho da direcção de fotografia de Andrew Droz Palermo, capaz de proporcionar planos marcantes, numa experiência visual acima da média. A acompanhar, a banda sonora de Daniel Hart, capta totalmente o ambiente da época e o tom sombrio do filme.

Numa versão mais obscura e menos inspirada do que o poema original, de autor anónimo, A Lenda do Cavaleiro Verde não honra Camelot, nem a filmografia de Lowery.

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