*7/10*
Águas do Pastaza pediu para ser filmado, mesmo antes de Inês T. Alves ter consciência do filme que tinha em mãos. A realizadora passou dois meses em Suwa, a viver com a comunidade Achua, de cerca de 80 pessoas, na floresta amazónica equatoriana.
"Isolada na floresta tropical amazónica, vive uma comunidade de crianças em profunda intimidade com a natureza à sua volta. Entre as águas do rio Pastaza e o topo das árvores, estas crianças vivem o seu quotidiano de forma quase autónoma e com um forte sentido de colaboração."
A primeira longa-metragem da realizadora é um registo íntimo, onde as crianças regem e constroem o seu próprio mundo - sabe-se que os adultos também ali vivem, mas têm apenas direito a uma única cena em Águas do Pastaza.
O quotidiano dos pequenos Suwa divide-se entre a pesca e a preparação do peixe pescado, a recolha de fruta e folhas, a cozinha, mas também, claro, as brincadeiras no rio, nas cascatas, jogar à bola à chuva e ir as aulas.
É tão impressionante assistir à facilidade que as crianças têm no manejo de facas, na forma intrínseca como se relacionam com a natureza, ao mesmo tempo que mostram um fascínio pela tecnologia. O aparente paradoxo surge com naturalidade: são crianças que vivem de forma quase primordial, numa era digital e, como tal, adaptam-se com a mesma facilidade às diferentes situações ou ferramentas.
Inês T. Alves observa, curiosa, sem interferir e partilha os momentos com as crianças de câmara em riste, sem perder pitada. Filma a beleza dos animais, dos insectos, das paisagens, regista a facilidade com que sobem às árvores, manuseiam um barco e a curiosidade pela aprendizagem durante o tempo na escola.
Águas do Pastaza é uma viagem ao encantador desconhecido das crianças de uma comunidade indígena. Independência e liberdade são as palavras de ordem, ali, em plena Floresta Amazónica, junto ao rio, entre o Equador e o Peru.
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