terça-feira, 27 de setembro de 2022

Crítica: Elvis (2022)

«A reverend once told me, "When things that are too dangerous to say, sing."»
Elvis Presley


*6.5/10*

Fiel ao estilo extravagante e frenético que caracteriza os seus filmes, Baz Luhrmann escolheu também a personalidade certa para a sua mais recente longa-metragem: Elvis. Contagiado pelos passos de dança e pelo gingar do rei do Rock n'Roll, Luhrmann constrói um filme ritmado, repleto de música e potenciado pela prestação quase inacreditável de Austin Butler.

"O filme explora a vida e a música de Elvis Presley (Austin Butler) sob o prisma da complicada relação com o seu enigmático agente, Colonel Tom Parker (Tom Hanks). A história mergulha na complexa dinâmica entre Presley e Parker ao longo de 20 anos, desde o início da carreira de Presley até ao seu estrelato sem precedentes, contrastando com as mudanças culturais e a perda da inocência da América. No centro desta jornada está uma das pessoas mais importantes da vida de Elvis, Priscilla Presley (Olivia DeJonge)".


Elvis é eficaz ao retratar a ascensão de Presley, a revolução socio-cultural que criou e, posteriormente, a decadência da sua carreira, a dependência de fármacos e todas as más decisões que tomou, influenciadas por Parker.

O percurso de Elvis Presley é contado da perspectiva do seu agente, o charlatão Colonel Tom Parker. E é aqui que reside o grande problema do filme de Luhrmann. A personagem de Tom Hanks assume um protagonismo desnecessário (e nada meritório) e há momentos em que se tem dúvidas sobre qual dos dois é o verdadeiro centro da acção - Hanks assume uma omnipresença desconfortável que parece querer roubar as atenções de Butler.

E se Tom Hanks tem um overacting que enfraquece o filme, já Austin Butler é a grande revelação, criando uma réplica fiel de Elvis Presley, incorporando todos os movimentos, a voz e o olhar que sempre distinguiram o artista. Da ingenuidade inicial à inércia que tomou conta de si enquanto a carreira ia decaindo, o jovem actor nunca descura a personagem, dotando-a de fragilidade e realismo.


As equipas de guarda-roupa e direcção artística são responsáveis por recriar a era dos acontecimentos da longa-metragem, recuperando locais e fatos icónicos de Elvis, de cores vibrantes e a transbordar a energia e o ritmo da sua música. 

E apesar dos exageros de Baz Luhrmman (em que Tom Hanks é o maior de todos), Elvis é uma obra competente e cheia de ritmo, que Austin Butler comanda com a segurança de um veterano.

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