terça-feira, 29 de novembro de 2022

Crítica: Decisão de Partir / Decision to Leave / Heojil kyolshim (2022)

"The moment you said you loved me, your love is over. The moment your love ends, my love begins."

Seo-rae


*7.5/10*

Park Chan-wook adora enigmas cinematográficos e Decisão de Partir não foge à regra. Um filme desafiante, de crimes por resolver e amores impossíveis.

"Um homem cai do pico de uma montanha e morre. O detective responsável, Hae-joon, conhece Seo-rae, esposa do falecido. A morte do marido não parece perturbá-la. Face ao comportamento tão atípico de um familiar enlutado, a polícia considera-a suspeita. Hae-joon interroga Seo-rae e decide vigiá-la. À medida que a observa sente-se cada vez mais interessado nela."

Eis um neo-noir, cheio de suspense e melancolia, pautado ainda por momentos de humor, com um argumento algo intrincado, nem sempre fácil de acompanhar, tal qual a complexidade dos casos que Hae-joon tem em mãos. As marcas autorais de Park Chan-wook estão sempre presentes: dos planos impossíveis aos desfoques intencionais, com uma estética vincada, alguma violência e personagens de relações complexas, 

Decisão de Partir está carregado de amor platónico, relações impossíveis, sentimentos traídos, que o transformam num drama romântico muito particular. A relação entre o detective e a suspeita desenvolve-se, apesar do distanciamento que mantêm e com ausência de envolvimento físico.


A actriz chinesa Tang Wei encarna com sucesso a impenetrável Seo-rae, a jovem viúva sedutora, aparentemente frágil, que incorpora uma dualidade capaz de deixar a pairar uma desconfiança constante. Não será fácil ler o seu rosto ou emoções, muito menos confiar nela, mas será igualmente difícil resistir ao seu magnetismo. 

Park Chan-wook regressa com uma obra menos violenta, mas igualmente exigente e ambiciosa,  ambientada num cenário tão poético quanto envolvente. E, nesta história de amor e crime, é o realizador quem faz justiça.

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