quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Crítica: O Menu / The Menu (2022)

"You will eat less than you desire and more than you deserve."
Elsa


*7.5/10*

A experiência cinematográfico-gastronómica que O Menu, de Mark Mylod, proporciona não é para palatos sensíveis. Ralph Fiennes é o chef anfitrião, que dita as ordens neste pesadelo de emoções culinárias. E que delícia de comédia negra!


"Um jovem casal, Margot (Anya Taylor-Joy) e Tyler (Nicholas Hoult), viaja para uma ilha remota para comer num restaurante exclusivo, Hawthorn, onde o solitário e mundialmente famoso Chef Julian Slowik (Ralph Fiennes) preparou um menu de luxo para os seus convidados especiais."

A cozinha refinada mais exclusiva transforma-se num inferno à mesa para os clientes do restaurante de Julian Slowik. Mark Mylod filma um thriller satírico com uma ementa inesperada, onde cada prato traz uma pitada de humor, crítica social e um travo de temor. E nesta odisseia de sabores e inquietações, Ralph Fiennes está assombroso, num misto de controlo, frieza, desilusão e loucura, e remete, inevitavelmente, para alguns reconhecidos chefs nacionais e internacionais - e para tantos programas de culinária que povoam os canais de televisão.


Eis a sátira aos restaurantes de fine dining, aos grandes chefs, às estrelas Michelin, aos foodies do instagram e críticos gastronómicos e, em última análise, às classes sociais, ao consumismo e às aparências.

Com personagens-tipo imprevisíveis e situações inesperadas, até mesmo para o chef Julian, o mentor deste restaurante exclusivo, O Menu distingue-se ainda pela estética, não apenas no que toca ao empratamento da refeição, mas igualmente na decoração do espaço e na configuração da ilha. Há que destacar o trabalho da direcção artística, bem como da direcção de fotografia, potenciadora do suspense da longa-metragem.


O Menu é um convite à degustação da fusão cínica e certeira entre culinária e cinema. Depois deste filme, jantar fora nunca mais vai ser igual.

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