O Doclisboa 2023 anunciou as retrospectivas, inseridas na programação do festival. O evento acontece de 19 a 29 de Outubro de 2023.
Este ano, as propostas recaem no cinema americano do período do New Deal, com sessões pensadas em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, e visões da tundra, das florestas, e da vida no Norte, a descobrir no cinema de Anastasia Lapsui e de Markku Lehmuskallio, num programa apoiado pela Finnish Film Foundation.
O Documentário em Marcha: Conturbados Anos 30 na América do New Deal
Em parceria com a Cinemateca Portuguesa, a retrospectiva temática do Doclisboa será então dedicada "ao conjunto de cineastas radicais que, em plena Grande Depressão, lutaram para fazer nascer o novo género do Documentário Social como instrumento de mudança socio-política nos EUA. Paralelamente ao empenho do Presidente Roosevelt em prol da justiça social através das políticas do New Deal do seu governo na década de 1930, uma geração de cineastas procurou infundir factos com sentimentos, arte com agitprop e propaganda, através de um cinema da realidade que procurava comunicar, e talvez até ajudar a resolver, as questões sociais significativas de tempos turbulentos e conturbados".
Da auto-proclamada produção “revolucionária” e das câmaras armadas de grupos independentes, como a Film and Photo League e a Frontier Films, aos épicos “documentários musicais”, financiados e produzidos pelo Governo dos EUA, a retrospectiva vai centrar-se num grupo central de cineastas – incluindo Ralph Steiner, Irving Lerner, Willard Van Dyke, Paul Strand, Leo Hurwitz, Herbert Kline, Pare Lorentz e Joris Ivans – mapeando "uma década única de possibilidades, experiências e desafios, tanto para o cinema como para a sociedade, mostrando ao mesmo tempo como muitas das crises actuais se reflectem nas do nosso passado".
Anastasia Lapsui & Markku Lehmuskallio
Anastasia Lapsui e Markku Lehmuskallio serão alvo da primeira retrospectiva completa dedicada à sua obra. "Anastasia Lapsui, realizadora e argumentista, nascida em 1944 na Região Autónoma de Yamalo-Nenets, então território da União Soviética, e Markku Lehmuskallio, realizador e director de fotografia nascido em 1938 na Finlândia, dedicaram as suas vidas e o seu trabalho conjunto aos povos indígenas do Norte: aos Sami, Inuit, Nenets, Chukchi e Selkup, entre outros. Ao tentarem transmitir os modos de ver e a cultura desses povos, que filmam através de uma grande variedade de abordagens cinematográficas, documentaram as suas vidas e criaram um corpo de trabalho único".
Enquanto Lehmuskallio trabalhou como guarda-florestal na Finlândia e iniciou-se no cinema ao criar filmes de instrução, Lapsui, oriunda de uma família nómada, foi a primeira jornalista radiofónica indígena em Yamal.
A sua filmografia inclui a primeira longa-metragem finlandesa em que o povo Sami fala a sua própria língua, bem como Seven Songs from the Tundra, o primeiro filme narrativo de sempre na língua Nenets. Para além de ser um estudo antropológico, as temáticas do seu cinema focam-se na natureza, na ecologia, nas florestas, no mundo animal e no planeta.
As retrospectivas do Doclisboa são momentos marcados por projectos curatoriais que oferecem uma visão precisa e abrangente dos temas e cineastas a que são dedicadas; a sessão de antecipação terá lugar na esplanada da Cinemateca Portuguesa no dia 7 de Julho às 21h30, e lançará um primeiro olhar sobre a programação desta edição.
Serão exibidos os filmes, Footnote to Fact, de Lewis Jacobs (EUA, 1933, 8’), Millions of Us, de Jack Smith [Slavko Vorkapich] e Tina Taylor (EUA, 1936, 17’), e Hands, de Ralph Steiner e Willard Van Dyke (EUA, 1934, 4’), como antevisão da retrospectiva O Documentário em Marcha: Conturbados Anos 30 na América do New Deal.
A sessão continuará com o filme, Anna, de Anastasia Lapsui e Markku Lehmuskallio (Finlândia / 1997 / 58’), que apresenta a retrospectiva dedicada aos realizadores.
Mais informações sobre o Doclisboa em https://doclisboa.org/2023/.
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