terça-feira, 21 de maio de 2024

Crítica: Revolução (Sem) Sangue (2024)

"...mas hoje é o dia mais feliz da minha vida"
João Arruda


*7/10*

Revolução (Sem) Sangue é a homenagem de Rui Pedro Sousa aos mortos de Abril, tantos anos esquecidos. Quando se comemoram os 50 anos da Revolução dos Cravos, o realizador trouxe aos cinemas a celebração da Liberdade, mas também o respeito pelos que morreram num dia que era para ser apenas de celebração.


"Baseado em factos reais, Revolução (Sem) Sangue acompanha as vidas, sonhos e inquietações de quatro jovens nos últimos dias do regime ditatorial. Um golpe de Estado militar derrubou o Governo e a população foi aconselhada a permanecer em casa. No entanto, a ânsia pela liberdade levou-os, junto com a multidão, para as ruas. Com origens e motivações diferentes, o dia 25 de Abril de 1974 trouxe-lhes um destino comum. O dia que mudou o rumo do país ditou também o fim precoce das suas vidas."

Rui Pedro Sousa criou um filme dinâmico e com uma montagem ritmada, que apresenta, intercaladamente, as personagens e as suas histórias individuais, as suas lutas ou os seus sonhos. Há uma inevitável aproximação da plateia aos protagonistas e a emoção toma conta da sala, à medida que o momento da tragédia se aproxima.


Arquivos de som e imagens da época complementam os acontecimentos, que seguem a linha temporal da noite de 24 para 25 de Abril de 1974. As canções e as frases de ordem não arredam pé, tal como os populares não arredaram pé do Largo do Carmo e acorreram, em força, à Rua António Maria Cardoso, para enfrentar os vilões, escondidos e armados, na sede da PIDE/DGS.

Excelente trabalho dos actores Rafael PaesDiogo Fernandes, Manuel Nabais, Lucas Dutra, João Arrais, João Bettencourt, entre tantos outros, que são espelho de uma talentosa nova geração do cinema português, e interpretaram com tanto amor e entrega acontecimentos com 50 anos, como se estivessem a acontecer na actualidade.


Na sua estreia nas longas-metragens, Rui Pedro Sousa mostrou competência e muito trabalho de pesquisa, respeitando a memória daqueles homens, e homenageando-os a eles e às suas famílias. Revolução (Sem) Sangue é um início auspicioso de um realizador para ter debaixo de olho.

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