quarta-feira, 22 de maio de 2024

Crítica: Furiosa: Uma Saga Mad Max / Furiosa: A Mad Max Saga (2024)

"Remeber me?"
Furiosa


*8/10*

Furiosa: Uma Saga Mad Max marca o regresso em grande forma de George Miller à saga que iniciou em 1979 (Mad Max - As Motos da Morte), e que recuperou, em 2015, com Mad Max: Estrada da Fúria. Eis mais um capítulo ecologista e anti-machista da saga, agora com Furiosa - celebrizada por Charlize Theron no filme de 2015 - ao comando das operações. O filme mostra as origens da personagem feminina que brilhou mais que o protagonista no filme de 2015, agora interpretada por Anya Taylor-JoyAlyla Browne, nas suas versões mais jovens.

"À medida que o mundo desabava, a jovem Furiosa é retirada do Lugar Verde das Muitas Mães e cai nas mãos de uma grande Horda de Motociclistas liderada pelo Senhor da Guerra Dementus. Varrendo o Deserto, deparam-se com a Cidadela presidida por Immortan Joe. Enquanto os dois tiranos guerreiam pela supremacia, Furiosa tem de sobreviver a muitas provações enquanto reúne os meios para encontrar o caminho de volta a casa."


George Miller sabe dar algo de fresco e novo a cada novo filme, fazendo com que Mad Max seja muito mais do que o filme de 1979. Depois de Estrada da Fúria, a história de Furiosa está novamente muito ligada à ecologia e ao esgotamento dos recursos do planeta, já que a protagonista foi criada num lugar de abundância, onde não faltava floresta, alimentos, água potável, energias renováveis e, principalmente, saúde. Em total contraste estão os restantes locais no deserto sem fim em que acontece a longa-metragem e onde, paradoxalmente, o petróleo continua a ser um dos recursos mais explorados e invejados.

Nesta fictícia era pós-apocalíptica, Miller não poupa na violência, como já é imagem de marca de Mad Max, nem faltam motas, carros e outras viaturas a motor, como o grande camião escoltado por War Boys, sempre prontos para o sacrifício.


A calmaria do deserto contagia George Miller que é capaz, como poucos, de encontrar o equilíbrio certo entre grandiosas cenas de acção e batalhas, tiros e explosões, e o silêncio ensurdecedor da solidão que rodeia Furiosa.

Destaque, uma vez mais, para banda sonora poderosa de Tom Holkenborg, a acompanhar a destreza técnica (direcção de fotografia, montagem, som, direcção artística e caracterização são fundamentais para o resultado final) de Furiosa: Uma Saga Mad Max, com planos de tirar o fôlego num deserto sem fim, e as sequências de acção, tão bem filmadas.


Nas interpretações, Anya Taylor-Joy tem poucas linhas de diálogo, mas os seus olhos e expressão transmitem muito mais que palavras. A isso junta-se toda uma capacidade física que terá sido, provavelmente, o maior desafio da actriz. Também na pele de Furiosa, mais jovem, Alyla Browne demonstra um carisma imenso e a capacidade de exprimir um misto de emoções fortes, sejam elas tristeza, raiva ou resiliência.

Do lado dos "maus", o foco está na grande interpretação e transformação de Chris Hemsworth, como Dr. Dementus. Entre a maldade doentia, a fúria e desejo de poder, junta-se uma leve componente cómica que o actor transmite de forma, muitas vezes, hilariante no meio da tragédia. Fica subentendido que também ele foi marcado por traumas que se espelham no pequeno urso de peluche que traz sempre consigo.


George Miller não pára de se reinventar, sem nunca esgotar a fórmula. Furiosa: Uma Saga Mad Max é a mais recente prova de como, em parceria com o argumentista Nick Lathouris, o realizador e criador de Mad Max ainda tem muito para oferecer.

Sem comentários: