Olhemos agora para os nomeados para o Oscar de Melhor Actor. Ethan Hawke é o nomeado ausente - o melhor desempenho masculino do ano passado, totalmente ignorado pela Academia. Entre os cinco candidatos, há dois nomes fortes, mas todos os desempenhos estão a níveis bastante semelhantes. Vou abster-me quanto a Willem Dafoe pois ainda não assisti ao seu filme. Eis os nomeados para Melhor Actor, por ordem de preferência:
Bradley Cooper mostra que sabe cantar... e não só. Cooper é, sem dúvida, a grande Estrela do título do seu filme. Afinal, ali há talento, e muito. Nunca imaginei vê-lo num papel com a entrega e emoção que coloca em Jackson Maine. O actor (agora sim, podemos chamá-lo actor) transmite-nos o desespero e desencanto, o vazio que sente, a mágoa e tristeza. Ele sofre e faz-nos ter piedade da sua personagem, esquecendo, por vezes, que Lady Gaga também está no ecrã. Cria-se uma empatia imensa com Cooper que parece ter esperado muitos anos por uma personagem com esta força e carácter. É arrepiante vê-lo. E por muitas graças que se possam fazer acerca da sua personagem em A Ressaca, nada se compara a este alcoólico doente e sem forças, nem esperança.
Já estamos habituados às inúmeras transformações de Christian Bale de personagem para personagem, mas nunca estamos verdadeiramente preparados para a próxima. Em Vice, surge mais uma vez camaleónico e assustadoramente semelhante a Cheney em expressões, gestos e até na voz e forma de falar. Um fabuloso desempenho.
Rami Malek é quem conduz Bohemian Rhapsody e o faz valer a pena. Uma interpretação quase idêntica ao verdadeiro Freddie, o que vai para além da caracterização ou parecenças físicas. Malek estudou minuciosamente os gestos, os movimentos, a forma de andar de Freddie Mercury... Uma interpretação convincente e cheia de dedicação.
Viggo Mortensen forma uma dupla-maravilha como Mahershala Ali, na pele de um italo-americano gabarola e um tanto grosseiro. Viggo engordou para fazer esta personagem, e a comida italiana parece ter sido a dieta ideal. O actor é tão boçal como sincero, numa pureza conspurcada mas ainda com alguma doçura ou inocência. Dos modos racistas iniciais, Tony vai aprendendo muito com Don - e igualmente ensinando -, e entre as diferenças surgem muitos pontos comuns. Tão diferentes e tão complementares.
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