domingo, 2 de fevereiro de 2020

Crítica: Jojo Rabbit (2019)

"I'm the enemy?"
Jojo Betzler


*4.5/10*

Jojo Rabbit quer ser a comédia sarcástica, que condena e ridiculariza os maus da fita (e da História), mas fica-se apenas pelo bom trabalho técnico. Taika Waititi quer passar uma mensagem positiva, através da história de uma criança. Educado para adorar Hitler e odiar os judeus, o pequeno Jojo passa por provações que irão moldar a sua forma de ver o mundo, na Alemanha nazi durante a Segunda Guerra Mundial.

Jojo Rabbit (Roman Griffin Davis) é um menino que vive durante a Segunda Guerra Mundial e tem como amigo imaginário, uma versão imprecisa de Adolf Hitler (Taika Waititi), que inflama as ingénuas crenças patrióticas do menino. No entanto, tudo muda quando Jojo conhece uma menina judia (Thomasin McKenzie) que desafia esses pontos de vista e o obriga a enfrentar a realidade.


Taika Waititi tenta ser espirituoso, com um humor leve - mas muitas vezes repetitivo -, e consegue despertar algumas gargalhadas, mas o tom do filme é inconstante e sem foco. Não transmite nada de verdadeiramente único ao espectador, não espicaça o regime que critica como poderíamos esperar, e nenhuma relação - nem entre mãe e filho, nem entre as crianças - é emotiva ou forte.

Timidamente, Waititi toca nas temáticas da família monoparental, da mulher emancipada (na figura de Scarlett Johansson) e da homossexualidade, mas sem causar mossa. Quase nem damos por elas. Sam Rockwell é quem mais vivacidade e ritmo dá a Jojo Rabbit, num papel pouco exigente mas que o actor sabe tornar especial e muito empático.


Sem moralidades, a crítica extravagante não é suficientemente aguerrida para nos tocar ou ficar na memória. Jojo Rabbit é um filme esquecível, que marcará, provavelmente, apenas pela direcção artística e guarda-roupa cativantes e cheios de cor, num inteligente contraste com o clima sombrio, de medo e guerra.

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