quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

Crítica: Diamante Bruto / Uncut Gems (2019)

"This is me! This is how *I* win."
Howard Ratner


*9/10*

Que os irmãos Safdie gostam de anti-heróis já ninguém tinha dúvidas. Diamante Bruto veio confirmar essa predilecção, mas também fazer prova de que os realizadores são bem capazes de manter (ou até elevar) a qualidade que já tinham mostrado em Good Time. Tudo no meio de muitas jóias e pedras preciosas.

Howard Ratner (Adam Sandler), um carismático joalheiro nova-iorquino, está sempre à procura do próximo grande negócio. Uma série de apostas arriscadas que o podem levar a perder tudo, obrigam-no a equilibrar negócios e família enquanto se defende dos ataques que surgem por todos os lados, na busca incansável pela vitória final.


Entre compras, vendas, penhoras, leilões ou empréstimos arriscados, Howard é um fala-barato matreiro mas também cede facilmente sob a influência do sócio ou da estrela de basquetebol que tanto admira - Kevin Garnett, a fazer de si mesmo -, e o vício das apostas junta-se ao todo que o faz coleccionar cobradores.

A protagonizar está o inesperado Adam Sandler a revelar-se completamente. Mesmo que a personagem mantenha alguns traços cómicos, certo é que parece nascer perante os nossos olhos um novo actor - e não é só pelo trabalho de caracterização. Sandler sofre, vibra e acredita piamente que a sua sorte há-de chegar, enquanto ludibria e é ludibriado por todos com quem se cruza.


Diamante Bruto é frenético até ao último instante, tão inesperado como viciante. Os realizadores mantém o ritmo desenfreado e magnético e resistem a filmar em 35 mm, com toda a carga cinematográfica que a película imprime, e banda sonora a condizer.

Das entranhas do Homem, para o âmago da pedra preciosa, Diamante Bruto explora sensações e vícios, com um protagonista assombrado pela tragédia, que nunca deixa de viver no limite.

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