terça-feira, 15 de junho de 2021

Crítica: Cruella (2021)

"Cruella was in a box a long time, now Estella can be the one who makes guest appearances."

Cruella de Vil

*6/10*

Mais uma vilã da Disney ganha um filme em nome próprio que conta a sua versão dos factos - ou como é que ficou assim tão malvada -: depois de Maléfica, Cruella é a visada. Uma longa-metragem com um fabuloso trabalho de guarda-roupa e duas grandes interpretações: Emma Thompson e Emma Stone.

Cruella passa-se em Londres, nos anos 70, a meio da revolução do punk rock, e segue uma jovem vigarista chamada Estella, inteligente e criativa, determinada em fazer vingar o seu nome através das suas roupas. Faz amizade com um par de jovens ladrões que apreciam o seu apetite por problemas e, em conjunto, constroem uma vida nas ruas de Londres. O talento de Estella para a moda chama a atenção da Baronesa von Hellman. Mas, o relacionamento entre as duas origina uma série de eventos e revelações que farão com que Estella abrace o seu lado perverso e se torne na elegante e vingativa Cruella.

O realizador Craig Gillespie cria um universo mais obscuro que o habitual em filmes da Disney, mas falta alma e autenticidade a Cruella para realmente fazer a diferença. O artificialismo da longa-metragem, onde tudo é pouco genuíno, mostra fraquezas até ao nível dos efeitos visuais - tão pouco realistas. Mas o maior problema do filme da Disney é a falta de foco no íntimo da protagonista, que por muita rebeldia e revolta que demonstre, nunca nos deixa chegar ao seu âmago e compreender de onde vem a psicopatia que revela em 101 Dálmatas.

Todavia, são as duas Emmas, protagonista e antagonista, as verdadeiras forças de Cruella, a somar ao assombroso trabalho de guarda-roupa - que, esse sim, é capaz de demonstrar a personalidade forte de Estella -, direcção artística e uma banda sonora espelho do tempo em que a acção decorre. Emma Thompson está deslumbrante na pele da implacável Baronesa von Hellman, capaz de tudo para manter o título de lenda da moda, e derrotar quem quer que seja potencial ameaça ou rival; e Emma Stone incorpora o melhor que pode a dualidade Estella / Cruella, e carrega a personagem cheia de excentricidade, raiva, criatividade e empenho. Seguras e talentosas, as duas actrizes são capazes de passar de hilariantes a aterradoras, com a genialidade que as caracteriza.

Esperava-se um filme mais profundo, que nos desse a conhecer muito mais do que vai na cabeça e coração da vilã de 101 Dálmatas - mas ficamos apenas com o estético. Cruella pode não ser surpreendente, mas diverte e entretém q.b.

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