*7.5/10*
Um reencontro de emoções de duas pessoas que nunca se afastaram fisicamente, mas afetuosamente estão mais distantes do que julgam. Mistida, de Falcão Nhaga, simboliza o reencontro de laços entre mãe e filho, e venceu os prémios para Melhor Filme e Melhor Realizador na competição Take One! do Curtas Vila do Conde 2022 (após uma passagem pela secção La Cinef, do Festival de Cannes, e pelo IndieLisboa).
"Uma mãe imigrante (Bia Gomes), aflita das costas, liga ao filho (Welket Bungué) para que ele a ajude a carregar os sacos de compras para casa. Durante o percurso, os dois conversam sobre o futuro através do passado, numa revinda às suas amarguras e alegrias."
As saudades que a mãe sente da Guiné-Bissau e da família que lá deixou, e o desejo de regressar, entram em conflito com os sonhos do filho de continuar a sua vida e as suas aspirações profissionais e românticas em Portugal. Na conversa, marcada por muitos silêncios, onde se recuperam forças e pensamentos, mãe e filho recordam o passado: as reuniões de família à mesa na Guiné-Bissau, as canções de embalar esquecidas no tempo, as brincadeiras de criança, os primeiros beijos e o confronto com o racismo em Portugal.
Bia Gomes e Welket Bungué estão irrepreensíveis na curta-metragem de Falcão Nhaga, neste que é um auspicioso trabalho de final de curso. Venham muitos mais como este.
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