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quarta-feira, 28 de setembro de 2022

MDOC 2022 - Crítica: Via Norte / Périphérique Nord (2022), de Paulo Carneiro

*7/10*


Paulo Carneiro adora uma boa história, uma boa conversa. Foi assim na sua viagem de "investigação" em Bostofrio, Où Le Ciel Rejoint La Terre; é assim também no seu mais recente Via Norte, que estreou no Festival Visions du Réel, na Suíça, e depois em Portugal, no IndieLisboa e no MDOC - Festival Internacional de Documentário de Melgaço.

"Um cineasta viaja 2000 km em direção ao Norte onde se irá encontrar com alguns dos seus compatriotas forçados a deixar o país. Juntos, compartilham o amor por automóveis. Nesses encontros, o veículo é um estímulo para discutir questões de identidade e comunidade, dissolvendo assim fronteiras entre sociedade e território. No frio da noite escura procuram fugir à dureza do dia."

Em terras Suíças, o realizador Paulo Carneiro encontra-se com emigrantes portugueses que têm em comum o fascínio por carros. Entre as conversas sobre a paixão de quatro rodas, também se desabafa sobre o que é ser-se emigrante e qual a sensação das férias de regresso a Portugal.

Mais do que sobre carros ou sobre o gosto pelo tuning, Via Norte é sobre o sentimento de pertença, as saudades da terra natal, da família, o que é sentir-se parte de algum lugar. Paulo Carneiro regista com verdadeiro interesse os relatos de sacrifícios, superação e sonhos, na construção da identidade de quem se sente estrangeiro no seu país e fora dele.


Os carros são mais uma personagem do filme e ajudam a conhecer a personalidade dos seus donos - que os adoram quase como família -, e acompanham de perto cada testemunho emocionado. Via Norte segue estrada fora em busca do que une ou separa estes homens e mulheres, uma comunidade tão portuguesa, ainda que, fisicamente, sejam muitos os quilómetros que os separam do país que os viu nascer.

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