quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Crítica: Conclave (2024)

"Our faith is a living thing precisely because it walks hand-in-hand with doubt. If there was only certainty and no doubt, there would be no mystery. And therefore no need for faith. Let us pray that God will grant us a Pope who doubts. And let him grant us a Pope who sins and asks for forgiveness and who carries on."
Lawrence


*7/10*

Em Conclave, Edward Berger entra na reunião mais secreta do Vaticano, no momento da eleição de um novo Papa, tudo envolto em muitos segredos e conspirações. O filme adapta o romance do escritor inglês Robert Harris, um dos argumentistas do filme, juntamente com o dramaturgo Peter Straughan.

Conclave apresenta um "dos acontecimentos mais sigilosos e antigos do mundo - a escolha de um novo Papa. O Cardeal Lawrence (Ralph Fiennes) é encarregue de dirigir este processo secreto após a inesperada morte de um Papa muito estimado. Com os líderes mais poderosos da Igreja Católica de todo o mundo reunidos e encerrados entre as paredes do Vaticano, Lawrence encontra-se no centro de uma conspiração e descobre um segredo que poderá abalar os alicerces da Igreja."


O clima de tensão está instalado. Não só devido ao secretismo que envolve todos os Conclaves da História, mas porque em redor da morte do Papa, surgem possíveis conspirações, fortes rivalidades e segredos revelados. Lawrence, o responsável por manter a normalidade e justiça da eleição do novo chefe da Igreja Católica, vê-se assombrado por dúvidas e impasses, que, a seu ver, devem ser esclarecidos para que a eleição tenha o resultado mais justo possível.

Neste processo, há Cardeais, uns mais liberais, outros ultraconservadores, que se destacam entre os mais de 100 representantes da igreja católica a votação: para além de Lawrence - numa sóbria e emotiva interpretação de Ralph Fiennes, cheio de dúvidas em relação a si e aos que o rodeiam -, que se vê envolto numa teia de conspirações, encontram-se, no meio de conflitos e polémicas, os Cardeais Bellini (Stanley Tucci), Tremblay (John Lithgow), Adeyemi (Lucian Msamati), Benitez (Carlos Diehz) e Tedesco (Sergio Castellitto). A eles, juntam-se ainda duas freiras, a Irmã Agnes (Isabella Rossellini) e a Irmã Shanumi (Balkissa Maiga) - um pequeno vislumbre da importância e influência que as Mulheres podem (vir a) ter no seio da Igreja.


Num momento tão solene, Edward Berger consegue construir um thriller de suspense cheio de actualidade, onde montagem e direcção de fotografia muito contribuem para revelar o lado mais sombrio da Igreja e suas facções, e o total secretismo acerca do que se passa tanto dentro, como fora das paredes do Vaticano. A acompanhar, uma esplêndida banda sonora de Volker Bertelmann (que venceu o Oscar pela partitura de A Oeste Nada de Novo, também realizado por Berger), com uma composição que alia a música clássica a sonoridades mais tensas e sombrias, tal qual o ambiente do filme.


A intriga está bem construída, sendo um verdadeiro desafio para Lawrence, mas igualmente para a plateia, que testemunhará como os membros da Igreja estão bem longe de estarem isentos de pecado. E no meio de tantos mistérios, haverá um ligeiro desapontamento no culminar de Conclave, com tanto de previsível como de inesperado. Fora isto, Edward Berger continua o percurso virtuoso que, para além do seu trabalho em algumas séries, a longa-metragem A Oeste Nada de Novo veio consolidar.

2 comentários:

bia disse...

Gostei muito da história, mas aquela baixa luz nas cenas me incomodou bastante. Deu dor de cabeça.

Inês Moreira Santos disse...

Olá Bia. Obrigada pelo comentário. Não tive essa sensação que descreves. Por vezes, pode também ser do lugar em que estamos na sala de cinema.
Cumprimentos cinéfilos.