"Our faith is a living thing precisely because it walks hand-in-hand with doubt. If there was only certainty and no doubt, there would be no mystery. And therefore no need for faith. Let us pray that God will grant us a Pope who doubts. And let him grant us a Pope who sins and asks for forgiveness and who carries on."
Lawrence
*7/10*
Em Conclave, Edward Berger entra na reunião mais secreta do Vaticano, no momento da eleição de um novo Papa, tudo envolto em muitos segredos e conspirações. O filme adapta o romance do escritor inglês Robert Harris, um dos argumentistas do filme, juntamente com o dramaturgo Peter Straughan.
Conclave apresenta um "dos acontecimentos mais sigilosos e antigos do mundo - a escolha de um novo Papa. O Cardeal Lawrence (Ralph Fiennes) é encarregue de dirigir este processo secreto após a inesperada morte de um Papa muito estimado. Com os líderes mais poderosos da Igreja Católica de todo o mundo reunidos e encerrados entre as paredes do Vaticano, Lawrence encontra-se no centro de uma conspiração e descobre um segredo que poderá abalar os alicerces da Igreja."
O clima de tensão está instalado. Não só devido ao secretismo que envolve todos os Conclaves da História, mas porque em redor da morte do Papa, surgem possíveis conspirações, fortes rivalidades e segredos revelados. Lawrence, o responsável por manter a normalidade e justiça da eleição do novo chefe da Igreja Católica, vê-se assombrado por dúvidas e impasses, que, a seu ver, devem ser esclarecidos para que a eleição tenha o resultado mais justo possível.
Neste processo, há Cardeais, uns mais liberais, outros ultraconservadores, que se destacam entre os mais de 100 representantes da igreja católica a votação: para além de Lawrence - numa sóbria e emotiva interpretação de Ralph Fiennes, cheio de dúvidas em relação a si e aos que o rodeiam -, que se vê envolto numa teia de conspirações, encontram-se, no meio de conflitos e polémicas, os Cardeais Bellini (Stanley Tucci), Tremblay (John Lithgow), Adeyemi (Lucian Msamati), Benitez (Carlos Diehz) e Tedesco (Sergio Castellitto). A eles, juntam-se ainda duas freiras, a Irmã Agnes (Isabella Rossellini) e a Irmã Shanumi (Balkissa Maiga) - um pequeno vislumbre da importância e influência que as Mulheres podem (vir a) ter no seio da Igreja.
Num momento tão solene, Edward Berger consegue construir um thriller de suspense cheio de actualidade, onde montagem e direcção de fotografia muito contribuem para revelar o lado mais sombrio da Igreja e suas facções, e o total secretismo acerca do que se passa tanto dentro, como fora das paredes do Vaticano. A acompanhar, uma esplêndida banda sonora de Volker Bertelmann (que venceu o Oscar pela partitura de A Oeste Nada de Novo, também realizado por Berger), com uma composição que alia a música clássica a sonoridades mais tensas e sombrias, tal qual o ambiente do filme.
A intriga está bem construída, sendo um verdadeiro desafio para Lawrence, mas igualmente para a plateia, que testemunhará como os membros da Igreja estão bem longe de estarem isentos de pecado. E no meio de tantos mistérios, haverá um ligeiro desapontamento no culminar de Conclave, com tanto de previsível como de inesperado. Fora isto, Edward Berger continua o percurso virtuoso que, para além do seu trabalho em algumas séries, a longa-metragem A Oeste Nada de Novo veio consolidar.
Sem comentários:
Enviar um comentário