25-abril-billboard

terça-feira, 9 de junho de 2020

Crítica: Bustagate (2020), de Welket Bungué

*8/10*


Depois de Eu Não Sou Pilatus, Welket Bungué regressa com mais um filme-manifesto, seguindo a linha da curta-metragem sobre a manifestação na Avenida da Liberdade, que se seguiu ao caso de violência policial no Bairro da Jamaica, em Janeiro de 2019 (lê a entrevista que deu ao Hoje Vi(vi) um Filme aqui).

Em 2020, o realizador apresenta-nos Bustagate (começamos logo com um jogo de palavras no título), um filme-activista em homenagem ao jovem Luís Giovani Rodrigues, o estudante cabo-verdiano que morreu em Dezembro de 2019, após ter sido agredido por pelo menos dez homens, em Bragança, e dedicado ao povo português, «aos tradicionalmente "nativos" e aos descendentes do continente africano que nasceram aqui», como explica na sinopse.

Em Bustagate, a violência da colonização volta a estar na origem dos muitos problemas graves de desigualdade social que existem em Portugal. Welket Bungué "faz o recorte de um panorama escandaloso e desajustado de violência e desigualdade social em Portugal. Aqui está um filme-intervenção póstumo ao personagem imaginário aqui chamado Pretugal (personificando o Luís Giovani Rodrigues)", explica o artista.

O realizador inspira-se no caso real de Cláudia Simões (cujas imagens circularam nos vários meios de comunicação e redes sociais), agredida por um polícia na Amadora, em Janeiro de 2020, intercalando estas imagens virais com filmagens nas ruas do Bairro Eugénio Lima, na cidade da Praia, em Cabo Verde, e ainda a vídeo-instalação da intervenção-performance Não, Somos Daqui, com as actrizes Cleo Tavares e Isabél Zuaa.


Desde o sentimento de pertença/não pertença ao país que é nosso mas não nos tem como seus, ou ao país que nos acolhe mas onde há alguém que prefere usar da violência e do preconceito para não nos tratar como iguais, retirando direitos a quem os detém, Bustagate clama a defesa dos que foram e ainda são oprimidos pela brutalidade retrógrada. Clama Liberdade, Igualdade e Justiça.

Um trabalho de denúncia "mais-que-pertinente" no momento actual, em que o mundo se uniu contra o racismo e violência, e sempre fundamental, até que todos os preconceitos e injustiças sejam ultrapassados - em Portugal e no Planeta.

Podes ver a curta-metragem completa aqui:

Sem comentários: