segunda-feira, 20 de junho de 2022

Doclisboa e Cinemateca Portuguesa apresentam retrospectiva de Carlos Reichenbach e há sessão de antevisão a 1 de Julho

A obra do cineasta brasileiro Carlos Reichenbach será alvo de uma retrospetiva integral em Outubro, numa parceria entre o Doclisboa 2022 e a Cinemateca Portuguesa, que vai revelar uma filmografia de cinco décadas, com vários filmes nunca antes mostrados fora do Brasil. 

Sangue Corsário, Carlos Reichenbach

A obra do realizador brasileiro junta-se à já anunciada retrospectiva A Questão Colonial. Para assinalar as duas retrospectivas, no dia 1 de Julho, às 21h45, o Doclisboa e a Cinemateca Portuguesa vão apresentar uma sessão de antevisão, com a exibição de duas curtas do realizador brasileiro: Sangue Corsário Sonhos de Vida, e ainda Cabascabo, o primeiro filme realizado pelo cineasta nigerense Oumarou Ganda. As sessões acontecem na esplanada da Cinemateca.

Reichenbach foi um dos protagonistas do Cinema Marginal, importante movimento do cinema brasileiro, a par do Cinema Novo, nascido nos anos 60, em plena ditadura militar, no centro do bairro Boca do Lixo, São Paulo, como resposta à instabilidade vivida no país. Da filmografia do cineasta destacam-se títulos como Lilian M. (1974), Amor, Palavra Prostituta (1981), O Império do Desejo (1980), Filme Demência (1985), Anjos do Arrabalde (1987), e Alma Corsária (1994).

Carlos Reichenbach explorou géneros e estéticas tão distintas como o thriller, o pornográfico ou o experimental, "criando uma heterogeneidade estilística essencial para preservar a liberdade criativa face às condições sociopolíticas e económicas que enfrentava, colocando o cinema como um gesto de revolta contra o mundo estabelecido".

SESSÃO DE ANTEVISÃO DAS RETROSPECTIVAS

1 JULHO, 21H45 | ESPLANADA DA CINEMATECA PORTUGUESA

Sangue Corsário, de Carlos Reichenbach

Brasil, 1980, 10’

"Deambulando por São Paulo, dois antigos amigos encontram-se. Viveram juntos os loucos e psicadélicos anos 1960, mas as mudanças económicas e políticas das décadas seguintes afastaram-nos por caminhos de vida diferentes. Um continua a ser poeta, o outro é agora bancário. Homenagem à contracultura brasileira e à poesia de Orlando Parolini, actor em vários filmes de Reichenbach."


Sonhos de Vida, de Carlos Reichenbach

Brasil, 1979, 10’

"Duas operárias da periferia de São Paulo, interpretadas pelas musas da Boca do Lixo Patrícia Scalvi e Misaki Tanaka, decidem procurar alguma diversão mesmo com o pouco dinheiro que têm. Primeiro filme de Carlos Reichenbach que retrata o universo das mulheres operárias brasileiras, tema depois recorrente na sua obra."


Cabascabo, de Oumarou Ganda

França, Níger, 1969, 45’

"Oumarou Ganda, o Edward G. Robinson de Eu, um Negro, assina, dez anos mais tarde, este seu primeiro filme, obra seminal do cinema nigerense. Cabascabo, escrito, realizado e interpretado por Ganda, inspira-se na sua história pessoal de antigo combatente da Infantaria francesa na Guerra da Indochina. Num tom tragicómico, seguimos as desventuras de Cabascabo, que dilapida o seu soldo enquanto tenta encontrar o seu lugar na vida civil."

O Doclisboa 2022 acontece de 6 a 16 de Outubro. Mais informações no site do festival e no  site da Cinemateca Portuguesa.

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