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sábado, 2 de fevereiro de 2019

Animais Cinéfilos #9

O Animais Cinéfilos de hoje aproveita para lembrar que desde ontem, dia 1, até amanhã, 3 de Fevereiro, está a decorrer na Feira Internacional de Lisboa (FIL) mais uma edição do Pet Fest - Salão dos Animais de Estimação.


Desta vez, o escolhido para a rubrica é um simpático cão, cheio de personalidade. Falo de Marvin, o buldogue inglês de Paterson (Adam Driver) e Laura (Golshifteh Farahani), o casal protagonista do filme com o mesmo nome do dono. Se Paterson não parece simpatizar especialmente com o cão, certo é que, todos os dias, é ele que o leva num passeio nocturno pelo bairro e lida com a sua teimosia canina. Só resta dizer que Marvin será de extrema importância para o desenrolar da narrativa de Paterson, realizado por Jim Jarmusch.

O buldogue inglês que deu vida a Marvin era, na realidade, uma cadela chamada Nellie. Curiosamente, foi ela quem conquistou a primeira Palm Dog póstuma, o prémio dedicado aos cães que se destacam no cinema, entregue pelo Festival de Cannes, tendo falecido alguns meses antes do evento.

Ao receber o prémio, o produtor do filme, Carter Logan, lembrou que Nellie foi resgatada em pequena por uma associação e posteriormente adoptada. Em memória da cadela, pediu aos presentes:"Por favor, adoptem - não comprem um cão ou vão a um criador - como tributo à Nellie" ("Please adopt — don't buy a dog or go to a breeder — as a tribute to Nellie").

A mensagem deste Animais Cinéfilos é a mesma. E não faltam associações com animais abandonados à espera de um lar que lhes dê amor - muitas delas estão presentes no Pet Fest. Passem por lá.

terça-feira, 4 de julho de 2017

Crítica: Paterson (2016)


"Sometimes an empty page presents more possibilities"
Japanese Poet

*8.5/10*

Paterson é a poesia do quotidiano. Jim Jarmusch dá-nos uma lição de vida ao mostrar como a mais pacata das existências pode resultar num belo poema sem rima. Adam Driver conduz tão bem o seu autocarro como o protagonista deste filme, e embala-nos ao ritmo lento da sua vida.

Acompanhamos uma semana na vida de um homem chamado Paterson, motorista de autocarros na sua cidade homónima, Paterson, New Jersey. E é com a irónica partilha de nomes, que entramos num filme tranquilo como a vida rotineira do protagonista, sem sobressaltos e com um humor muito peculiar.


Seguimo-lo de Segunda a Segunda, numa rotina pouco entusiasmante, onde os pontos altos se dividem entre as conversas dos passageiros da carreira 23, o passeio nocturno com o seu cão, um buldogue inglês chamado Marvin, uma cerveja no bar, onde dá dois dedos de conversas inspiradoras, e o regresso para junto da sua amada mulher, ouvindo e exultando os seus mirabolantes sonhos. E claro, a poesia. Paterson aceita sem problemas a monotonia do trabalho diário, no intervalo do qual se dedica à sua verdadeira paixão - ou será apenas um hobbie? -: escrever poesia. Ele, que não quer telemóveis nem computadores por perto, refugia-se no seu caderno secreto, onde escreve sobre o que o inspira, dos fósforos da cozinha ao amor da sua vida.

É nos subúrbios um tanto esquecidos, repletos de fábricas e edifícios ao abandono, que o urbano decadente se mistura com a natureza, junto ao rio, onde a água, que corre com vontade, parece inspirar o protagonista. E torna-se admirável a forma como Jarmusch consegue dar encanto a uma cidade tão pouco interessante, filmando-a espelhada no autocarro que Paterson conduz diariamente, ou vice-versa, numa descoberta de preciosidades escondidas, em especial junto ao conforto do rio e das quedas de água. A acompanhar, a banda sonora, do próprio Jim Jarmusch e Carter Logan, funde-se com o som ambiente.


A despertar-nos a curiosidade estão as marcas autorais de Jim Jarmusch, que usa e abusa da presença de gémeos, de um relógio quase-mágico, do preto e branco (Laura, a esposa de Paterson é a representante máxima do jogo a duas cores, interpretada por Golshifteh Farahani) ou de uma caixa do correio torta, por exemplo, e que tão mordazmente prefere gorar-nos todas as expectativas respeitantes a tais elementos.


Paterson vive tranquilo e, tal como a sua caneca de cerveja, são mais as vezes em que o copo está meio cheio do que meio vazio. Mas, como toda a gente, também a vida deste poeta tem os seus percalços, quase sempre encarados com humor. E é quando se foge à rotina, no Sábado, que tudo foge ao controlo dos protagonistas, numa oportunidade de reflexão e, porque não, de recomeço em mais uma semana de trabalho.

segunda-feira, 3 de julho de 2017

Sugestão da Semana #279

Das estreias da passada Quinta-feira, a Sugestão da Semana destaca Paterson, de Jim Jarmusch. Um filme poético e singular na sua abordagem do quotidiano. Adam Driver tem uma grande interpretação.

PATERSON


Ficha Técnica:
Título Original: Paterson
Realizador: Jim Jarmusch
Actores: Adam Driver, Golshifteh Farahani, Nellie
Género: Comédia, Drama, Romance
Classificação: M/12
Duração: 118 minutos

segunda-feira, 2 de maio de 2016

IndieLisboa'16: Os Dois Amigos / Les Deux Amis (2015)

*6/10*

A estreia de Louis Garrel na realização de longas-metragens chegou ao IndieLisboa graças ao Herói Independente deste ano Vincent Macaigne, presente na sessão. Em Les Deux Amis (Os Dois Amigos), Garrel é realizador, actor e co-argumentista - com Christophe Honoré.

Nesta comédia romântica, Vincent Macaigne é Clement, um tímido actor que pede ajuda ao seu amigo extrovertido, Abel (Garrel), para seduzir Mona (Golshifteh Farahani), uma empregada num café - que ele não sabe que está presa. Quando os dois se interessam por ela, a relação entre ambos complica-se.


Uma história simples e já muito repetida em comédias românticas, mas filmada com uma sensibilidade muito "francesa", provavelmente inspirada pelo trabalho do pai, Philippe Garrel. Louis não tem uma estreia estrondosa mas proporciona momentos divertidos e emotivos, trabalhando bem a personalidade de Mona - sem dúvida, a mais interessante dos três protagonistas. Ao mesmo tempo, a amizade de Clement e Abel proporciona bons momentos de humor.

Golshifteh Farahani é a grande força do filme. Veste a pele de Mona, a presidiária em regime aberto, que trabalha num café na Gare du Nord. Cumpridora de horários e ansiosa para sair da prisão e voltar para junto da mãe, Mona vê a sua vida complicar-se ao perceber que Clement está apaixonado por ela. A actriz é um turbilhão de emoções e está envolta em sentimentos contraditórios, ansiando pela liberdade, mas assustada com a ideia de perder o comboio que a leva de regresso à prisão. Entre o amor e a liberdade, Mona transpira energia e sensualidade. Vincent Macaigne é um Clement sensível e apaixonado, com uma infantilidade inerente, e faz uma dupla cheia de química com o seu "melhor amigos"Abel, Louis Garrel.


Amizade, amor, sexualidade e mentiras são os principais ingredientes que constroem Les Deux Amis. Garrel, o filho, estreia-se de mansinho, explorando os temas e cenários que lhe têm sido próximos ao longo da sua carreira como actor.