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domingo, 2 de junho de 2024

IndieLisboa 2024: Vencedores

O IndieLisboa 2024 termina este Domingo, e já são conhecidos os filmes vencedores desta 21.ª edição do festival. Rising up at Night, do realizador congolês Nelson Makengo, conquistou o Grande Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa e o Prémio Especial do Júri Canais TVCine

Rising up at Night, de Nelson Makengo

El Auge del Humano 3, de Eduardo Williams, recebeu uma menção do Prémio Especial do Júri. Na Competição Nacional, O Ouro e o Mundo, de Ico Costa, venceu o Prémio Max para Melhor Longa Metragem Portuguesa. O Prémio Melhor Realização para Longa Metragem Portuguesa NOVA FCSH foi entregue a dois filmes:  Mãos no Fogo, de Margarida Gil, e Greice, de Leonardo Mouramateus

Nas curtas-metragens, o Prémio para Melhor Curta Metragem Portuguesa foi atribuído a Tão Pequeninas, Tinham o Ar de Serem Já Crescidas, um filme Tânia Dinis, e Nunca Mais é Demasiado Tempo, de Bruno Ferreira, recebeu o Prémio Novo Talento The Yellow Color. Já Kudibanguela, de Bernardo Magalhães, teve uma menção especial. Na Competição Internacional de Curtas-Metragens, The Oasis I Deserve, de Inès Sieulle, venceu o Grande Prémio de Curta Metragem EMEL, Matta and Matto, de Bianca Caderas & Kerstin Zemp, e The House is on Fire, Might as Well Get Warm, de Mouloud Aït Liotna, foram distinguidos com Prémios Especiais do Júri. 

O prémio IndieMusic foi entregue ao filme Com Amor, Medo, de Telmo Soares. O Prémio Silvestre para Melhor Longa Metragem foi atribuído a La Chimera, de Alice Rohrwacher. Nas curtas, prémio foi para Zima, de Kasumi Ozeki e Tomek Popakul; Two Wars, de Jan Ijäs, teve uma menção especial. Na secção dedicada a novos realizadores, Campos Belos, de David Ferreira, venceu o Prémio Novíssimos, e Tanganhom, de Vítor Covelo, recebeu uma menção especial.


Durante a próxima semana, de segunda a quarta, os filmes premiados serão exibidos no Cinema Ideal.

Eis a lista completa de vencedores:

Competição Internacional

Prémio Especial do Júri Canais TVCine
RISING UP AT NIGHT, de NELSON MAKENGO

Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa
RISING UP AT NIGHT, de NELSON MAKENGO

Prémio de Longa Metragem Cidade de Lisboa – Menção Especial
THE HUMAN SURGE 3, de EDUARDO WILLIAMS

Competição Internacional - Curtas

Grande Prémio de Curta Metragem EMEL
THE OASIS I DESERVE, de INÈS SIEULLE

Prémio do Júri – 1
MATTA AND MATTO, de BIANCA CADERAS, KERSTIN ZEMP

Prémio do Júri – 2
THE HOUSE IS ON FIRE, MIGHT AS WELL GET WARM, de MOULOUD AÏT LIOTNA

Competição Nacional
Prémio Max para Melhor Longa Metragem Portuguesa
O OURO E O MUNDO, de ICO COSTA

Prémio Melhor Realização para Longa Metragem Portuguesa NOVA FCSH - 1
GREICE, de LEONARDO MOURAMATEUS

Prémio Melhor Realização para Longa Metragem Portuguesa NOVA FCSH - 2
MÃOS NO FOGO, de MARGARIDA GIL

Prémio Novo Talento The Yellow Color
NUNCA MAIS É DEMASIADO TEMPO, de BRUNO FERREIRA

Prémio Novo Talento The Yellow Color – Menção Especial
KUDIBANGUELA, de BERNARDO DE MAGALHAS

Prémio Melhor Curta-Metragem Portuguesa
TÃO PEQUENINAS, TINHAM O AR DE SEREM JÁ CRESCIDAS, de TÂNIA DINIS

Novíssimos
CAMPOS BELOS, de DAVID FERREIRA

Novíssimos – Menção Especial
TANGANHOM, de VITOR COVELO

Indiemusic
Prémio IndieMusic
COM AMOR, MEDO, de TELMO SOARES

Silvestre
Prémio Silvestre para Melhor Longa Metragem
LA CHIMERA, de ALICE ROHRWACHER

Prémio Silvestre para Melhor Curta-Metragem Escola das Artes
ZIMA, de KASUMI OZEKI, TOMEK POPAKUL

Prémio Silvestre para Melhor Curta-Metragem Escola das Artes – Menção Especial
TWO WARS, de JAN IJÄS

Amnistia Internacional
Prémio Amnistia Internacional
THERE IS NO FRIEND’S HOUSE, de ABBAS TAHERI

Árvore da Vida
Prémio Árvore da Vida
BANZO,de MARGARIDA CARDOSO

Árvore da Vida - Menção Especial
CONTOS DO ESQUECIMENTO, de DULCE FERNANDES

Queer Art Lab 
Prémio Queer Art Lab
CIDADE; CAMPO, de JULIANA ROJAS

MUTIM
Prémio MUTIM
CLOTILDE, de MARIA JOÃO LOURENÇO

Prémio MUTIM - Menção Especial
CONSEGUIMOS FAZER UM FILME, de TOTA ALVES

Júri Escolas
Prémio Escolas Para Melhor Curta-Metragem Portuguesa
KUDIBANGUELA, de BERNARDO MAGALHÃES

Prémio Escolas Para Melhor Curta-Metragem Portuguesa – Menção Especial
NOCTURNO PARA UMA FLORESTA, de CATARINA VASCONCELOS

Júri Universidades
Prémio Universidades Para Melhor Longa-Metragem Portuguesa
BANZO, de MARGARIDA CARDOSO

Prémio Universidades Para Melhor Longa-Metragem Portuguesa – Menção Especial
O OURO E O MUNDO, de ICO COSTA

Mais informações sobre o IndieLisboa em https://indielisboa.com/.

terça-feira, 7 de maio de 2024

IndieLisboa 2024 com programa fechado

A poucos dias do início da 21.ª edição do IndieLisboa, que acontece de 23 de Maio a 2 de Junho, o festival lisboeta anunciou a sua programação completa.

A Competição Nacional contará com oito longas e 18 curtas-metragens. Entre elas, encontram-se Banzo, de Margarida Cardoso, "que acompanha um médico de uma plantação numa ilha tropical africana que, em 1907, terá de curar um grupo de serviçais 'infectados' pelo Banzo, a nostalgia dos escravos"; O Ouro e o Mundo, de Ico Costa, que se foca "num jovem casal de uma pequena cidade de Moçambique"; O Melhor dos Mundos, de Rita Nunes, que viaja até 2027, e segue "um casal de cientistas frequentemente em pólos opostos", e dados que indicam uma forte probabilidade de "um enorme sismo poder atingir Lisboa"; Estamos no Ar, de Diogo Costa Amarante, acompanha Fátima, que "diz que não sente nada, mas sonha com o polícia que se mudou recentemente para o apartamento ao lado", e aqueles que a rodeiam; Manga d’Terra, de Basil da Cunha, que regressa à Reboleira "para contar a história de Rosa, jovem cabo-verdiana que trabalha num bar para enviar dinheiro para os filhos", vivendo "presa entre o assédio dos mafiosos e a violência policial quotidiana", "o seu verdadeiro escape é a música"; Mãos no Fogo, de Margarida Gil, "explora as características imateriais do cinema através de Maria do Mar, jovem estudante de cinema, e uma tese sobre o Real no Cinema"; Shrooms, de Jorge Jácome, uma "aventura poética" que traz consigo "cogumelos mágicos"; Greice, de Leonardo Mouramateus, acompanha "uma jovem estudante brasileira de 22 anos" que se envolve com Afonso e os dois são responsabilizados "por um estranho acidente que ocorre numa festa e precipita o regresso de Greice a Fortaleza"; Contos do Esquecimento, de Dulce Fernandes, "questiona o papel de Portugal no tráfico transatlântico de africanos escravizados a partir de achados arqueológicos recentes em Lagos"; e Nocturno para uma Floresta, de Catarina Vasconcelos, "sobre um muro erguido no sec. XV por monges no Buçaco, impedindo a entrada de mulheres". Todas as longas da Competição Nacional têm legendas descritivas. 

Manga d’Terra, de Basil da Cunha

Novidade no IndieLisboa 2024 é a nova secção Rizoma, "que apresenta um conjunto de filmes que pretende trabalhar questões relevantes da actualidade, cineastas de renome, e ante-estreias". Destaque para All of us Strangers, de Andrew Haigh, com Andrew Scott e Paul Mescal, que aqui terá a sua exibição única em Portugal em sala de cinema; No Other Land, "filme de um colectivo palestiniano sobre a destruição que Israel consegue causar na sua tentativa de ir ocupando maiores faixas de terreno" e também "sobre a ligação que se estabelece entre um jornalista israelita e um activista palestiniano"A Besta, de Bertrand Bonello, onde "Léa Seydoux é Gabrielle, uma mulher que vive numa sociedade futurista que abomina emoções que exaltem os seres humanos", e Pedágio, de Carolina Markowicz, onde Suellen, cobradora de portagens, "percebe que pode usar seu trabalho para fazer uma renda extra ilegalmente. Mas tudo por uma causa nobre: financiar a ida de seu filho à caríssima cura gay ministrada por um famoso pastor estrangeiro".

A secção competitiva Novíssimos, para jovens cineastas emergentes, conta com títulos como Conseguimos Fazer um Filme, de Tota Alves, Chuvas de Verão, de Mário Veloso, Anima, de Joana Patrão, Clotilde, de Maria João Lourenço, Sunflowers – A Strange Feeling of Existential Angst, de Carolina Bonzinho e Leander Meresaar, entre outros.

All of us Strangers, de Andrew Haigh

A Sessão de Abertura do festival conta com o filme I’m not everything I want to be, de Klára Tasovská, sobre Libuše Jarcovjáková "e o ambiente sufocante vivido depois da Primavera de Praga de 1968". "A câmara como companheira constante — e a origem do material do filme, composto pelas suas inúmeras fotografias e excertos dos seus diários — captura a ida dela para Berlim Ocidental, escapar para Tóquio, e o regresso à Europa". No encerramento, estará Dream Scenario, de Kristoffer Borgli, uma comédia negra com Nicolas Cage, que interpreta "um professor de biologia perfeitamente banal, a surgir nos sonhos de muitas outras pessoas" que se torna famoso e infame.

Na Piscina Municipal da Penha de França regressa o programa de curtas-metragens para famílias e, este ano, haverá, pela primeira vez, longas para adultos, "com dois clássicos que têm a água, ou a piscina, como tema central"Palombella Rossa, de e com Nanni Moretti, "sobre um líder comunista amnésico que é também jogador de polo aquático"; e "Piranha, paródia de culto realizada por Joe Dante".

O IndieLisboa 2024 acontece no Cinema São Jorge, Culturgest, Cinemateca Portuguesa, Cinema Ideal, Cinema Fernando Lopes e piscina da Penha de França. A programação completa do festival pode ser consultada em https://indielisboa.com/.

sexta-feira, 23 de julho de 2021

Curtas Vila do Conde 2021: Competição Nacional em análise (Parte III)

Continuamos a análise às curtas-metragens da Competição Nacional do Curtas Vila do Conde 2021. Olhamos agora para Matilde Olha Para Trás, de Ana Mariz, Timkat, de Ico Costa, Miraflores, de Rodrigo Braz Teixeira, e O Teu Nome É, de Paulo Patrício.

MATILDE OLHA PARA TRÁS, Ana Mariz · Portugal · 2021 · FIC · 21’

"Matilde é uma criança que brinca numa propriedade agrícola, imaginando estar noutro espaço. No mundo dela, tudo é perfeito como no cinema, e é por isso é que ela se maquilha, pinta as unhas e veste roupas excêntricas para brincar. Também tem um comando imaginário que desativa as armadilhas que surgem como obstáculos. Na quinta vivem também a sua prima, a sua mãe e a sua avó. Matilde sente-se sozinha e perdida, sem companhia para brincar, uma vez que os adultos têm de lidar com outras preocupações. Matilde não os compreende, nem aos seus problemas."

Tão à vontade em frente à câmara e tão dedicada à sua personagem, a pequena Matilde simboliza os sonhos e criatividade da infância. Uma exploradora nata, com pouca ou nenhuma companhia nas suas aventuras, Matilde procura encontrar alguma diversão em cada recanto da quinta. Se a mãe pode ser, por vezes, companheira de brincadeira, certo é que na maior parte do tempo Matilde está sozinha.

Matilde olha para trás é também um retrato desta solidão na infância, e de algum desapego que as adultas em seu redor parecem demonstrar. Os olhos tristes e desconfiados da protagonista pedem um pouco mais de compreensão e de tempo para brincar, sem que cada aventura no meio da Natureza tenha de parecer assustadora - porque o comando imaginário não desactiva todas as armadilhas, nem cura todas as falhas.


TIMKAT, Ico Costa · Portugal · 2021 · DOC · 13’


"Reza a lenda que, na Idade Média, vivia no meio de uma África islamizada um soberano cristão de nome Preste João. Nos dias de hoje, na turística Gondar, a cidade grandiosa que foi capital do império etíope durante o século XVI, continua-se a celebrar o Timkat (ou Epifania), nome de uma festa onde se comemora o baptismo de Jesus Cristo no rio Jordão, ritual destinado a purificar e salvar o homem do pecado original. A partir desse episódio bíblico, o baptismo passou a ser entendido como um ritual identitário de iniciação ao cristianismo e como condição primeira para que os seus seguidores possam entrar no reino dos céus e salvar as suas almas."

Ico Costa leva-nos numa viagem à tradição cristã da cidade de Gondar e às celebrações do Timkat. A multidão, vestida maioritariamente de branco, faz a festas pelas ruas, canta, dança e desfila, até ao local do baptismo. 

O realizador filma os rituais em super 8mm, devoto que é ele próprio da película. Com o passar dos séculos, o Timkat passou a ser muito mais para além de uma celebração religiosa: é também símbolo de liberdade e independência. A curta-metragem homónima documenta a alegria e devoção dos festejos, através de gestos, palavras e rostos.

MIRAFLORES, Rodrigo Braz Teixeira · Portugal · 2021 · FIC · 18’

"A partir de um dos subúrbios mais populosos da área metropolitana de Lisboa, Miraflores encena uma divertida comédia de adolescentes, absorvendo os pequenos tumultos destes jovens e das suas poéticas da vida. "

Parcialmente em jeito de falso documentário - que conta sua "história" e apresenta quem por lá vive e trabalha -, Miraflores é um filme sobre um bairro e os seus jovens. Eles que passam os dias entre os locais mais icónicos da freguesia - as rotundas, os prédios altos, a piscina abandonada, a igreja desconcertante -, divertem-se e vivem as primeiras paixões. A cena final da curta-metragem de Rodrigo Braz Teixeira, sem dúvida o momento mais poético do filme, pode ser uma espécie de declaração de amor a uma pessoa, mas igualmente ao cenário dessa paixão.


O TEU NOME É, Paulo Patrício · Portugal/Bélgica · 2021 · DOC/ANI · 24’

"Em 2006, o Porto e o país chocaram-se com a história de Gisberta Salce Jr., transexual brasileira, seropositiva, toxicodependente e sem-abrigo que foi violentamente torturada durante vários dias por um grupo de 14 adolescentes acabando por morrer. Este documentário animado recolhe testemunhos de amigas de Gisberta e de dois dos envolvidos no caso, apresentando diferentes perspectivas sobre o que aconteceu nesses dias de má memória". 

O Meu Nome É é um documentário que recupera a história de Gisberta, através de palavras das suas amigas e de dois dos envolvidos no caso. A sensibilidade e detalhe da animação a preto e branco, que dá corpo e espaço àquelas cinco vozes, cria um ambiente de reflexão e análise dos acontecimentos, tantos anos passados. 

Paulo Patrício é capaz de escutar e dar a ouvir pontos de vista distintos mas sinceros, ao mesmo tempo que nos coloca questões sobre a discriminação sexual, de género e a transfobia, que ainda se sente actualmente na sociedade. Um trabalho tocante e envolvente.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

IndieLisboa'19: Alva (2019)

*6.5/10*


Em Alva, Ico Costa regressa à sua predilecção por personagens marginais, seja por vontade própria, seja porque a sociedade se recusa a recebê-los. Depois de Quatro Horas Descalço e de Antero, o realizador volta a um protagonista outsider, de poucas palavras e de acções impulsivas, que encontra na floresta refúgio para os seus temores e fantasmas.

Inspirado por duas histórias publicadas na imprensa, Ico Costa conta-nos a história de um homem que, após cometer um homicídio, se refugia na floresta. O filme foi filmado no centro de Portugal, junto ao rio Alva - que dá título à longa-metragem.

Filmado em 16mm, Alva coloca-nos ao lado de Henrique no seu dia-a-dia pacato de trabalho com os animais, onde poucas são as frases que troca com quem se cruza. Henrique vive isolado numa casa no campo, onde a companhia mais fiel parece ser o seu cão. Os planos fechados aproximam-nos do protagonista e fazem-nos questionar sobre o que o atormenta - mas cedo descobrimos. Tanto o grão da película, o excelente trabalho da direcção de fotografia, como a expressão triste e angustiada de Henrique adensam a solidão que rodeia a casa e a floresta.


A vingança alimenta a acção e a culpa remói o criminoso. O objectivo do assassinato não parece ter sido atingido, longe disso. Alva é eficaz ao aproximar-nos de Henrique, ao fechar-nos na sala de cinema, sozinhos com o fugitivo - quais cúmplices -, e faz-nos tentar perceber as suas atitudes. E Henrique, na sua fuga, funde-se com a Natureza.

Alva só peca pela duração, pois, apesar dos silêncios de Henrique muito dizerem, a sua história esgota-se demasiado depressa.

Alva, de Ico Costa, faz parte da Competição Nacional do IndieLisboa'19.

Culturgest - Grande Auditório
09/05/2019  -  21h30
Cinema Ideal
11/05/2019  -  18h00