quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Crítica: Presos no Tempo / Old (2021)

"There's something wrong with this beach!"
Prisca


*4.5/10*

M. Night Shyamalan promete sempre originalidade e desafiantes quebra-cabeças a cada filme. Em Presos no Tempo (Old), a velocidade a que tudo acontece não contribui para o suspense, nem para o envolvimento na trama. O resultado é desapontante.

Durante umas férias num resort paradisíaco, uma família descobre que a praia isolada, onde foram passar o dia, está a fazê-los envelhecer rápida e inesperadamente, reduzindo toda a sua vida àquele único dia. 

No seu segundo filme com argumento adaptado, desta vez da graphic novel Sandcastle, de Pierre Oscar Lévy e Frederik Peeters, Presos no Tempo explora uma ideia com potencial, cuja execução é pouco inspirada: faltam-lhe os enigmas de Shyamalan.


O medo de envelhecer levado ao extremo é o foco principal de Presos no Tempo, mas o ritmo dos acontecimentos não deixa tempo para grandes reflexões, nem da parte da plateia, nem das personagens. Pouco se lamentam as mortes, a ideia de luto desaparece, as emoções são pouco profundas e não há empatia capaz de amadurecer, com o frenesim dos acontecimentos.

Além disso, a longa-metragem é previsível q.b. e quer esclarecer todos os mistérios, sem deixar qualquer espaço para a imaginação do espectador. No elenco, repleto de nomes sonantes (Gael García Bernal, Vicky Krieps, Rufus Sewell, Ken Leung, Thomasin McKenzie, Abbey Lee, Eliza Scanlen, Aaron Pierre, Francesca Eastwood e o próprio cineasta), não há prestações a destacar. O trabalho de caracterização será o ponto mais forte do filme, retratando o envelhecimento com subtileza e sem exageros; a par da direcção de fotografia, capaz de proporcionar planos bem mais inspiradores do que o todo.


Presos no Tempo não é um regresso aos bons velhos tempos de M. Night Shyamalan. Esperemos apenas que ele não fique preso na ilha e regresse de baterias criativas recarregadas nos próximos projectos.

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