"I like Mozart. I say, if I'm being honest, I prefer Depeche Mode."
Ares
*4.5/10*
O regresso ao universo Tron faz-se 15 anos depois do último filme, Tron: O Legado; e 43 anos após a estreia da saga, realizada por Steven Lisberger e protagonizada por Jeff Bridges, que foi um marco na ficção científica, quer pelo argumento como pelos efeitos visuais, muito inovadores para a época.
"Tron: Ares segue um programa altamente sofisticado, Ares, que é enviado do mundo digital para o mundo real numa missão perigosa, marcando o primeiro encontro da humanidade com seres de I.A."
Realizado por Joachim Rønning, Tron: Ares deixa os videojogos para trás. Agora ganham cena a Inteligência Artificial (des)generativa e as grandes tecnológicas - no caso, trata-se de duas grandes rivais: do lado do "bem" está a antiga empresa dos Flynn, agora administrada por Eve Kim (Greta Lee); do outro, estão Julian (Evan Peters) e Elisabeth (Gillian Anderson) Dillinger (em 1982, o patriarca Ed foi o principal rival de Kevin Flynn).
Enquanto nos primeiros filmes, a realidade entrava para dentro dos computadores, em 2025, o caminho é o inverso: são os programas de IA que saltam para o mundo real, quais soldados automatizados, prontos para serem capitalizados, a todo o custo (por Julian Dillinger).
Ares (um Jared Leto calmo e quase maquinal, numa personagem que não exige muito do seu talento) é o protagonista deste terceiro filme Tron, um programa de IA criado para ser um super soldado - mas que ainda precisa de bastante afinação. Equipado a preto e vermelho, eis o trunfo de Dillinger, mas, para ser perfeito, Julian precisa de algo que está na posse de Eve. E eis que o confronto começa, num argumento que se revela fraco e previsível.
Quando Ares parece começar a ganhar algumas características humanas (como dúvidas e sentimentos), o filme ganha algum fôlego. O mesmo acontece quando Jeff Bridges regressa à sua Grid, num bom momento de regresso ao passado. Tecnicamente, destaque para as excelentes sequências de perseguição de motos, no meio de um trânsito caótico; e para os efeitos especiais muito competentes (todavia, sem qualquer necessidade de sessões em IMAX 3D). Mas o maior trunfo de Tron: Ares é, sem sombra de dúvida, a banda sonora de Nine Inch Nails. É nela que está a aura que o argumento não foi capaz de captar, o fascínio da saga que esta longa-metragem não consegue transmitir.
Ainda assim, e apesar de algumas referências que agradarão aos fãs mais acérrimos, a nostalgia do filme de 1982 fica quase perdida, num mundo que não está longe dos tempos actuais, dominado pelas grandes empresas tecnológicas. A lógica da empresa boa e da empresa má não é nada credível nos dias que correm, e é muito difícil encarar tal coisa como possibilidade, mesmo que ficcional.
Que voltem os videojogos de Flynn, pois, para desapontante, já basta o mundo real.