Foco-me agora nos nomeados para o Oscar de Melhor Actor. Entre os cinco candidatos, há um nome que se destaca muito dos restantes candidatos, seguem-se outros dois desempenhos muito bons, um quarto lugar muito merecido e, em último, um actor que admiro muito mas que, este ano, não deveria ter chegado tão longe. Eis os nomeados, por ordem de preferência:
Eis a apoteose do Joker, como não pensávamos possível ver no cinema. Uma personagem sóbria e bem explorada, que carrega um sofrimento tão imenso que as gargalhadas compulsivas só tornam mais aterrador. Joaquin Phoenix supera-se quando pensávamos que já não seria possível, e as lágrimas caem-lhe no rosto, enquanto o riso descontrolado assombra a sala de cinema. A dor que sente - mais mental que física - transparece em cada expressão e, mesmo nas suas danças inebriantes, que acompanhamos vidrados, encontramos a tristeza irreparável.
Um trabalho reflexivo e íntimo, sem excessos, que traz à tona o grande actor que é Antonio Banderas. No meio do bloqueio criativo de Salvador, a dor que o parece impedir de avançar não é apenas física. Ela pede uma reconciliação com o passado. E Banderas dá tudo de si neste papel, sóbrio e intimo, como poucas vezes o vemos, numa tristeza latente.
Adam Driver é, sem dúvida, o destaque de Marriage Story. Expressa as emoções como poucos, consegue transmitir tudo com um simples olhar: sofrimento, esperança, desilusão... Dá gosto vê-lo representar, emocionar-se, chorar, brincar - e cantar!
Teremos sempre tendência para simpatizar mais com Francisco, e Dois Papas favorece-lhe a imagem. Claro que Jonathan Pryce muito contribui para tal, com a bondade e tolerância espelhadas no rosto. Há uma humildade contagiante na prestação do actor, liberal, simples e espirituoso, fanático por futebol e pelo tango, mas igualmente capaz de se comover e permanentemente arrependido dos erros do passado.
Leonardo DiCaprio não merece esta nomeação, especialmente num ano com tantas grandes interpretações masculinas, totalmente ignoradas pela Academia. Todos sabemos o grande actor que é e, no filme de Tarantino, faz tudo com uma perna às costas, seja bêbado, deprimido, galã ou vilão. Uma prestação divertida e competente.
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