Percorro agora os nomeados para o Oscar de Melhor Actor Secundário. É uma categoria com dois desempenhos muito intensos e verdadeiramente merecedores de mérito. Já J.K. Simmons, que muito admiro, não deveria constar entre os nomeados (poderia facilmente dar lugar a Jared Leto ou Al Pacino, por House of Gucci, por exemplo).
Eis os cinco nomeados, por ordem de preferência.
Como Peter, o jovem actor surge inicialmente como um rapaz frágil e constantemente humilhado, mas revela, aos poucos, uma insensibilidade chocante e muito mais forte do que aparenta. Uma prestação verdadeiramente perturbadora de Kodi Smit-McPhee, cuja compleição física e o olhar inquiridor muito contribuem para o lado dúbio da personagem.
Troy Kotsur é sensibilidade e realismo em carne e osso. O actor surdo tem uma interpretação comovente e é capaz de transmitir tanto sem falar: entre a frustração de não ser compreendido pelos que ouvem, as dificuldades financeiras e o dilema em torno do futuro da filha mais nova - a única ouvinte da família.
Com a sua simplicidade, Ciarán Hinds é uma das personagens mais relevantes em Belfast. É ele o avô do protagonista, o companheiro de reflexões, sobre o presente e o futuro, e o conselheiro amoroso do neto. Uma personagem tão discreta como fulcral para o realismo das relações.
Na pele de George, Jesse Plemons surge como um homem bom e educado, mas com uma imensa dificuldade em lidar ou contrariar o irmão Phil. Por um lado, apresenta-se com alguma cobardia perante as desagradáveis atitudes do irmão; por outro, revela a coragem necessária para seguir a sua vida, contra a vontade de Phil. Não sendo surpreendente, Plemons é competente no papel.
Como William Frawley, actor um tanto problemático da sitcom de Lucy e Desi, J.K. Simmons não tem a performance mais memorável da sua carreira. Apesar de alguns momentos mais dramáticos em que são levemente referidos os seus problemas com o álcool ou quando é um ombro amigo para Lucy, Simmons não tem o destaque que merecesse nomeação.
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