quinta-feira, 22 de abril de 2021

Oscars 2021: Melhor Filme

Para finalizar a análise aos nomeados, eis as oito longas-metragens na corrida para o Oscar de Melhor Filme. No geral, temos um grupo com qualidade e competência, mas longe de ser um conjunto estrondoso. Há dois filmes muito bons, seguidos de perto por outros dois. Há um dos nomeados que se destaca pela negativa - um filme fraco que não merece a nomeação. Sentem-se as ausências de títulos como Another Round, Malcolm & Marie ou mesmo One Night in Miami..., que poderiam ocupar alguns dos lugares da lista de nomeados de 2021.

Mas é tudo uma questão de votos dos membros da Academia e de opinião. Aí ficam os nomeados para o Oscar de Melhor Filme, por ordem de preferência.

1. Sound of Metal (Amazon Studios)

Sound of Metal, de Darius Marder, leva-nos numa experiência sensorial ao universo da surdez. A violenta viagem que o realizador nos propõe é um confronto de emoções, ruídos e silêncio absoluto, numa aprendizagem permanente e restruturação pessoal total para voltar a viver. E mesmo sem ouvir, a música pode continuar presente - tal como a esperança.

2. O Pai / The Father (Sony Pictures Classics)
 

O Pai aborda uma história simples e realista de envelhecimento e perda - de faculdades, de memórias, de laços... -, mas igualmente de dedicação e mágoa de uma filha. Zeller cria um drama desolador, pincelado por momentos de humor requintado, porque na tristeza também se encontram alguns sorrisos e amparo. O filme é cruel na realidade que retrata, mas é igualmente humanizador na forma como o faz.

3. Nomadland - Sobreviver na América (Searchlight Pictures)

Chloé Zhao criou um road movie melancólico e realista, que convida à introspecção, enquanto viajamos estrada fora pelas planícies sem fim do Oeste dos EUA. Para além da crítica socio-político, o filme apela ao autoconhecimento, à relação dos humanos com a perda e à harmonia entre o Homem e a Natureza.

4. Uma Miúda com Potencial / Promising Young Woman (Focus Features)

Uma Miúda Com Potencial (Promising Young Woman) é um thriller em tons de rosa, onde Carey Mulligan encarna a vingança feminista. A estreia de Emerald Fennell na realização de longas-metragens alia a angústia ao humor sarcástico, num resultado extremamente desafiador. Um revenge movie no seu esplendor, com características que o tornam singular: provocador, sensual, feminino, delicado e inteligente (menos o seu final!). 

5. Os 7 de Chicago / The Trial of the Chicago 7 (Netflix)

Entre vinganças políticas, muita violência e um juiz incapaz de imparcialidade, constrói-se a acção de Os 7 de Chicago. Através do elenco que dá vida ao filme, Aaron Sorkin faz-nos olhar para o passado, através destas personagens, e constatar como há ainda tanto a fazer política e socialmente e, afinal, tão pouco mudou desde 1968.

6. Mank (Netflix)


David Fincher 
criou em Mank uma homenagem a um homem e a uma era do Cinema - os anos 30 do século XX. O processo de criação de Citizen Kane dá o mote para a exploração - em jeito de guião - do universo dos estúdios, numa Hollywood a sentir as sequelas da grande crise de 1929. Para além do retrato histórico, a longa-metragem destaca-se por ser tecnicamente irrepreensível, num excelente trabalho de som, fotografia e direcção artística.

7. Judas and the Black Messiah (Warner Bros.) 


Shaka King capta bem o ambiente de desconfiança, chantagem e medo que rodeava Fred Hampton e os que lhe eram próximos. A perseguição cerrada por parte do FBI, injustiças e contradições são denunciadas no grande ecrã, num resultado dinâmico e honroso para a memória de Hampton. O filme reúne bons momentos de acção, e é mais um retrato da brutalidade policial contra os afro-americanos e do racismo endémico dos EUA. Os discursos de Fred Hampton são apresentados com a grandiosidade que merecem, graças também à interpretação de Daniel Kaluuya

8. Minari (A24) 


Sensível mas nada provocador ou disruptivo, o filme de Lee Isaac Chung baseia-se na sua própria infância com a família, numa quinta no Arkansas. Não há nada de realmente novo em Minari: temos um drama familiar, uma família imigrante em busca de uma vida melhor nos EUA, a ideia do sonho americano frustrado sempre presente, a solidão e tentativa de integração na comunidade, o casamento em crise e a relação afectuosa entre avó e netos. Não há nenhum rasgo de inspiração. O realizador cria uma história simples, focada nas personagens e no ambiente que as rodeia e põe-nas à prova, repetidamente.

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