Mostrar mensagens com a etiqueta Ruth Negga. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Ruth Negga. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Crítica: Identidade / Passing (2021)

"We're all passing for something or other, aren't we?"

Irene


*6.5/10*

Identidade (Passing) marca a estreia da actriz Rebecca Hall na realização e não deixou ninguém indiferente. O filme adapta ao cinema o romance de Nella Larson, de 1929, e aborda o racismo e a descriminação de um ponto de vista raras vezes abordado no cinema.

"Em Nova Iorque, nos anos 20, uma mulher negra vê o seu mundo virado do avesso quando se aproxima de uma amiga de infância que se faz passar por branca."

Um reencontro abala o mundo das duas mulheres. Para uma, a vida tranquila torna-se foco de tensões, para a outra, a mentira diária passa a ter um lugar de libertação e alegria. Irene admira e condena em igual medida o modo de vida de Clare, que se faz passar por branca há vários anos, para escapar ao preconceito da sociedade, contribuindo, ela própria, para o aumentar.


Passing é um filme de conflitos constantes, não apenas dentro da sociedade polarizada, mas igualmente no âmago de cada personagem. Quando se cruzam, Irene e Clare criam uma relação de admiração mútua, quase sensual. No entanto, há ciúmes envolvidos e uma certa apropriação, por parte de Clare, da vida de Irene.

Neste filme de contrastes, Rebecca Hall tem atenção ao detalhe e capta cada gesto e olhar com delicadeza, realçando o lado feminino da longa-metragem. A direcção de fotografia tira todo o partido do preto e branco e das perspetivas, que adensam o conflito interior das personagens e suas diferenças. A direcção artística e guarda-roupa fazem um trabalho soberbo ao transportar a acção para a década 20 do século passado, com a elegância e vivacidade que a caracterizam.


No elenco, as duas grandes mulheres têm desempenhos assombrosos, com Ruth Negga a sobressair por toda a excentricidade de Clare, saudosa das suas raízes, mas capaz de tudo - até mesmo de negar a sua origem e ostracizar os seus pares - para levar uma vida confortável. Tessa Thompson implode em emoções e revolta, na pele de Irene. Sofre em silêncio, desconfia do que a rodeia, mas também é capaz de revelar um ponta de inveja da amiga tão emancipada.

E nesta ambiguidade de sentimentos, emoções e decisões, Passing peca por usar demasiadas palavras para contar o que as imagens já mostram. Rebecca Hall tem uma estreia inspirada e faz brilhar as suas actrizes, ainda que a narrativa não seja tão fluida e subtil como as personagens.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Oscars 2017: Red carpet

Depois de um final de noite atribulado na entrega dos Oscars 2017, olhemos com mais calma para a passadeira vermelha. Eis aqueles que foram, para mim, os mais bem vestidos da cerimónia, onde predominaram vermelho, preto e branco (e muito dourado).


TARAJI P. HENSON arrasou na red carpet. O vestido Alberta Ferretti potenciou a sensualidade da actriz, e as jóias - destaco a gargantilha lindíssima - deram-lhe uma elegância e charme a que foi impossível ficar indiferente.
Foto: Jordan Strauss/Invision/AP

Nomeada para o Oscar de Melhor Actriz, ISABELLE HUPPERT é a elegância em pessoa. Fabulosa, a protagonista de Ela surgiu um vestido branco "reluzente" Armani Privé, que lhe assentou muito bem e lhe favoreceu a figura, a contrastar com o batom e unhas escuras.
Foto: Kevin Mazur/Getty Images

Vencedora do Oscar de Melhor Actriz em 2016, BRIE LARSON surgiu sóbria mas muito sexy num vestido preto Oscar de la Renta que, apesar da cor escura, tinha uma presença imensa graças ao seu design volumoso e ondulante.
Foto: Jordan Strauss/Invision/AP

Também de preto, KIRSTEN DUNST desfilou num vestido Dior, com bolsos, que deixava ver os sapatos, e balançava entre o elegante e o jovial. Uma boa aposta da actriz.
Foto: Jordan Strauss/Invision/AP


O vencedor do Oscar de Melhor Actor Secundário, MAHERSHALA ALI, foi um dos homens mais elegantes da noite, um fato preto Ermenegildo Zegna.
Foto: Jordan Strauss/Invision/AP
Com um penteado leve e jovial, VIOLA DAVIS soube também escolher o modelo para o dia em que venceu o seu primeiro Oscar. A actriz surgiu lindíssima num vestido vermelho Armani Privé que destacou imenso a sua figura. A clutch e jóias douradas deram-lhe ainda mais elegância.
Foto: Frazer Harrison/Getty Images

JANELLE MONAE nunca passa despercebida. Com este vestido da Elie Saab, preto e prateado, onde reinam as transparência, foi novamente impossível não tirar os olhos da cantora e actriz. Apesar de não ser especial fã da saia, acho que a parte de cima, a gargantilha e cabelo fazem valer todo o visual, que a transforma numa qualquer rainha exótica.
Foto: David Fisher/REX/Shutterstock

Mais um dos homens mais bem vestidos dos Oscars 2017: RYAN GOSLING. Elegante e sempre cavalheiro, o protagonista de La La Land, nomeado para Melhor Actor, chamou as atenções no seu fato Gucci.
Foto: Frazer Harrison/Getty Images

Simples, mas muito bonito. O vestido Louis Vuitton, preto e branco, decotado e comprido, que MICHELLE WILLIAMS levou à cerimónia dos Oscars - onde esteva nomeada para Melhor Actriz Secundária - assentava-lhe especialmente bem. A maquilhagem suave e o cabelo curto, como já nos tem habituado, tornaram-na uma das minhas favoritas da noite.
Foto: Jordan Strauss/Invision/AP

A minha favorita da noite foi mesmo RUTH NEGGA. Nomeada para o Oscar de Melhor Actriz, a protagonista de Loving surgiu num vestido vermelho Valentino, comprido, de manga comprida e gola subida, com alguns detalhes de renda. A maquilhagem (que destacou os seus enormes olhos e boca) e o cabelo, a condizer, transformaram-na na mais bonita desta cerimónia.
Foto: Jordan Strauss/Invision/AP

sábado, 25 de fevereiro de 2017

Oscars 2017: As Actrizes Principais

Este ano, qualquer uma das cinco nomeadas para Melhor Actriz mereceria o Oscar. As quatro primeiras da minha lista seguem-se umas às outras de muito perto e é mesmo muito difícil escolher uma favorita. A quinta nomeada já teve a sua conta de Oscars e nomeações, por muito talentosa que continue a ser. Não que não volte a vencer, mas não por este papel. Fora da lista ficaram nomes como Rebecca Hall por Christine, Amy Adams por Animais Noturnos ou O Primeiro Encontro ou mesmo Taraji P. Henson por Elementos Secretos. Se houvesse mais de cinco nomeadas, elas teriam de lá estar. Aqui fica a minha listagem, por ordem de preferência.

Isabelle Huppert é extraordinária. Se conseguir roubar o Oscar à Emma Stone (aquela que todos têm como mais provável vencedora), vencerá com todo o mérito. Em Ela, Huppert mostra como é uma das melhores actrizes da sua geração e está preparada para todos os papéis, sem pudor, cheia de entrega. Fria, inteligente, matreira, egoísta, perturbada, ela conquista-nos a nós e a todos os que a rodeiam. Ninguém lhe resiste, ninguém lhe faz frente.

Natalie Portman é perfeita como Jacqueline Kennedy e apresenta-nos o outro lado da ex-primeira dama americana, muito mais do que estilo e elegância. A actriz transforma-se de tal forma que, ao olharmos para a sua interpretação, apenas vemos Jackie. A sua forma de andar, a voz e entoação, o sorriso, tudo nos leva à retratada. Um papel exigente e duro, onde a actriz passa para a tela o desespero, insegurança e, ao mesmo tempo, a coragem e perspicácia suficientes para organizar as cerimónias fúnebres do marido num momento de profundo choque. Portman apresenta-nos essa mulher de garra e cheia de personalidade, que foi muito além da mulher que vestia o seu fato cor-de-rosa manchado de sangue, no dia fatídico, que todos recordam.

A muito expressiva Emma Stone confirma aqui, por completo, o seu talento para a comédia, mostrando ainda como também sabe emocionar nos momentos dramáticos. Ao lado do seu sempre cúmplice par romântico, canta, dança e representa como só ela sabe. Que lhe dêem mais papéis como este.

4. Ruth Negga por Loving
Poucos tinham dado por ela, até que Loving a fez brilhar. Ruth Negga emana uma doçura capaz de conquistar qualquer um. A sua personagem, Mildred, é uma sofredora nata, cheia de amor pelo marido e filhos, a quem se dedica totalmente. Amargurada por estar condenada a viver longe da sua terra e família, ela não desiste e, entre as lágrimas que caem dos seus enormes e expressivos olhos, vão surgindo tímidos sorrisos de esperança.

5. Meryl Streep por Florence, Uma Diva Fora de Tom (Florence Foster Jenkins)
Meryl Streep dispensa apresentações, mesmo quando veste a pele da pior cantora de ópera de sempre. Por muito caricatural que Florence possa ser, Streep adapta-se e reinventa-se a cada personagem e tanto nos oferece a maior gargalhada como, no momento seguinte, nos consegue comover. Ela é a melhor actriz da actualidade, mas não tem sempre de ganhar Oscars, Há que dar a oportunidade a outras, de vez em quando.