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segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Crítica: Saltburn (2023)

"Lots of people get lost in Saltburn."

Duncan

*7.5/10*

A mente delirante de Emerald Fennell regressou à realização e argumento com Saltburn, uma tragicomédia, cínica, mordaz e sem pudor. 

"Enquanto luta para encontrar o seu lugar na Universidade de Oxford, o estudante Oliver Quick (Barry Keoghan) é atraído para o mundo do charmoso e aristocrático Felix Catton (Jacob Elordi), que o convida para um Verão inesquecível em Saltburn, a propriedade da sua excêntrica família."

Emerald Fennell já tinha mostrado o seu lado aguerrido atrás da câmara em Uma Miúda com Potencial (2020), e, se este filme ganhava pontos, em especial, pelo argumento, Saltburn é um prodígio visual, seja pelos planos impactantes, como pelo trabalho da direcção de fotografia, potenciado pelo uso da película, captando cores quase irreais e um trabalho de luz e sombras que torna a acção ainda mais tenebrosa e inebriante.

Por outro lado, e apesar da criatividade da narrativa, o argumento não é tão bem conseguido como o do filme anterior. Saltburn toca levemente em temas como bullying e luta de classes - mas não são estas as verdadeiras motivações do protagonista nem do enredo -, transformando-se numa história de ciúme e crime, repleta de muita excentricidade.

Não há clemência para com as personagens - nem plateia. O desejo de vingança ou a ambição desmedida do protagonista fá-lo ser capaz de tudo, com atitudes sempre inesperadas e, muitas vezes, chocantes. E Barry Keoghan interpreta-o com a naturalidade que o caracteriza como actor, proporcionando sempre grandes desempenhos em papéis doentios e arrepiantes q.b. O jovem actor alterna a postura consoante o momento e transforma-se, diversas vezes, entre o rapaz tímido e solitário, ao mais manhoso e manipulador.

Saltburn é um labirinto de perversidade e ambição que resulta numa experiência cinematográfica essencialmente sensorial. Emerald Fennell continua o seu percurso como realizadora com garra, sem medos nem tabus: o futuro só pode ser radioso - e agitado.

quinta-feira, 13 de julho de 2023

Emmy Awards 2023: Nomeados

Os nomeados para os Emmy Awards 2023 foram anunciados esta Quarta-feira, 12 de Julho. Nesta 75.ª edição, as séries Succession, The Last of Us, The White Lotus e Ted Lasso são as que reúnem mais nomeações.

The Last of Us

Conhece os nomeados:

Melhor Série - Drama

Andor (Disney+)

Better Call Saul (AMC)

The Crown (Netflix)

House of the Dragon (HBO/Max)

The Last of Us (HBO/Max)

Succession (HBO/Max)

The White Lotus (HBO/Max)

Yellowjackets (Showtime)


Melhor Série - Comédia

Abbott Elementary (ABC)

Barry (HBO/Max)

The Bear (FX)

Jury Duty (Amazon Freevee)

The Marvelous Mrs. Maisel (Prime Video)

Only Murders in the Building (Hulu)

Ted Lasso (Apple TV+)

Wednesday (Netflix)


Melhor Minissérie ou Antologia

Beef (Netflix)

Dahmer — Monster: The Jeffrey Dahmer Story (Netflix)

Daisy Jones & the Six (Prime Video)

Fleishman Is in Trouble (FX)

Obi-Wan Kenobi (Disney+)


Melhor Actor - Drama

Jeff Bridges (The Old Man)

Brian Cox (Succession) 

Kieran Culkin (Succession)

Bob Odenkirk (Better Call Saul)

Pedro Pascal (The Last of Us)

Jeremy Strong (Succession)


Melhor Actriz - Drama

Sharon Horgan (Bad Sisters)

Melanie Lynskey (Yellowjackets)

Elisabeth Moss (The Handmaid’s Tale)

Bella Ramsey (The Last of Us)

Keri Russell (The Diplomat)

Sarah Snook (Succession)


Melhor Actor - Comédia

Bill Hader (Barry)

Martin Short (Only Murders in the Building)

Jason Segel (Shrinking)

Jason Sudeikis (Ted Lasso)

Jeremy Allen White (The Bear)


Melhor Actriz - Comédia

Christina Applegate (Dead to Me)

Rachel Brosnahan (The Marvelous Mrs. Maisel)

Quinta Brunson (Abbott Elementary)

Natasha Lyonne (Poker Face)

Jenna Ortega (Wednesday)


Melhor Actor em Minissérie ou Telefilme

Taron Egerton (Black Bird)

Kumail Nanjiani (Welcome to Chippendales)

Evan Peters (Dahmer — Monster: The Jeffrey Dahmer Story)

Daniel Radcliffe (Weird: The Al Yankovic Story)

Michael Shannon (George & Tammy)

Steven Yeun (Beef)


Melhor Actriz em Minissérie ou Telefilme

Lizzy Caplan (Fleishman Is in Trouble)

Jessica Chastain (George & Tammy)

Dominique Fishback (Swarm)

Kathryn Hahn (Tiny Beautiful Things)

Riley Keough (Daisy Jones & the Six)

Ali Wong (Beef)


Melhor Telefilme

Dolly Parton’s Mountain Magic Christmas (NBC)

Fire Island (Hulu)

Hocus Pocus 2 (Disney+)

Prey (Hulu)

Weird: The Al Yankovic Story (The Roku Channel)


Melhor Actor Secundário - Série - Drama

F. Murray Abraham (The White Lotus)

Nicholas Braun (Succession)

Michael Imperioli (The White Lotus)

Theo James (The White Lotus)

Matthew Macfadyen (Succession)

Alan Ruck (Succession)

Will Sharpe (The White Lotus)

Alexander Skarsgård (Succession)


Melhor Actriz Secundária - Drama

Jennifer Coolidge (The White Lotus)

Elizabeth Debicki (The Crown)

Meghann Fahy (The White Lotus)

Sabrina Impacciatore (The White Lotus)

Aubrey Plaza (The White Lotus)

Rhea Seehorn (Better Call Saul)

J. Smith-Cameron (Succession)

Simona Tabasco (The White Lotus)


Melhor Actor Secundário - Comédia

Anthony Carrigan (Barry)

Phil Dunster (Ted Lasso)

Brett Goldstein (Ted Lasso)

James Marsden (Jury Duty)

Ebon Moss-Bachrach (The Bear)

Tyler James Williams (Abbott Elementary)

Henry Winkler (Barry)


Melhor Actriz Secundária - Comédia

Alex Borstein (The Marvelous Mrs. Maisel)

Ayo Edebiri (The Bear)

Janelle James (Abbott Elementary)

Sheryl Lee Ralph (Abbott Elementary)

Juno Temple (Ted Lasso)

Hannah Waddingham (Ted Lasso)

Jessica Williams (Shrinking)


Melhor Actor Secundário em Minissérie ou Telefilme

Murray Bartlett (Welcome To Chippendales)

Paul Walter Hauser (Black Bird)

Richard Jenkins (Dahmer – Monster: The Jeffrey Dahmer Story)

Joseph Lee (Beef)

Ray Liotta (Black Bird)

Young Mazino (Beef)

Jesse Plemons (Love & Death)


Melhor Actriz Secundária em Minissérie ou Telefilme

Annaleigh Ashford (Welcome To Chippendales)

Maria Bello (Beef)

Claire Danes (Fleishman Is In Trouble)

Juliette Lewis (Welcome to Chippendales)

Camila Morrone (Daisy Jones & The Six)

Niecy Nash-Betts (Dahmer – Monster: The Jeffrey Dahmer Story)

Merritt Wever (Tiny Beautiful Things)


Melhor Actor Convidado numa Série de Comédia

Jon Bernthal (The Bear)

Luke Kirby (The Marvelous Mrs. Maisel)

Nathan Lane (Only Murders in the Building)

Pedro Pascal (Saturday Night Live)

Oliver Platt (The Bear)

Sam Richardson (Ted Lasso)


Melhor Actriz Convidada numa Série de Comédia

Becky Ann Baker (Ted Lasso)

Quinta Brunson (Saturday Night Live)

Taraji P. Henson (Abbott Elementary)

Judith Light (Poker Face)

Sarah Niles (Ted Lasso)

Harriet Walter (Ted Lasso)


Melhor Actor Convidado numa Série de Drama

Murray Bartlett (The Last of Us)

James Cromwell (Succession)

Lamar Johnson (The Last of Us)

Arian Moayed (Succession)

Nick Offerman (The Last of Us)

Keivonn Montreal Woodard (The Last of Us)


Melhor Actriz Convidada numa Série de Drama

Hiam Abbass (Succession)

Cherry Jones (Succession)

Melanie Lynskey (The Last of Us)

Storm Reid (The Last of Us)

Anna Torv (The Last of Us)

Harriet Walter (Succession)


Melhor Talk Show

The Daily Show With Trevor Noah (Comedy Central)

Jimmy Kimmel Live! (ABC)

Late Night With Seth Meyers (NBC)

The Late Show With Stephen Colbert (CBS)

The Problem With Jon Stewart (Apple TV+)


Melhor Concurso

The Amazing Race (CBS)

RuPaul’s Drag Race (MTV)

Survivor (CBS)

Top Chef (Bravo)

The Voice (NBC)


Podes conhecer os nomeados para as restantes categorias em https://www.emmys.com/awards/nominees-winners/2023.

terça-feira, 6 de junho de 2023

Opinião - Séries: Rabo de Peixe / Turn of the Tide / Mar Branco (2023)

*8/10*


Rabo de Peixe, segunda série portuguesa da Netflix, inspira-se em acontecimentos reais para criar uma frenética e inacreditável história de crime e aventuras. Momentâneo sucesso mundial - tendo chegado ao top 10 da Netflix em mais de 30 países -, provavelmente perderá algum fôlego entre os mais vistos nos próximos dias, mas o impacto que causou, especialmente em Portugal, já ninguém lhe tira.

Tudo começa quando um barco cheio de cocaína se afunda na costa de São Miguel, ao largo da freguesia de Rabo de Peixe. O jovem pescador Eduardo (José Condessa) vê aí uma oportunidade para ganhar dinheiro, que se revela ter tanto de emocionante como de arriscado.


Criado pelo açoriano Augusto Fraga, que escreveu o argumento em conjunto com Hugo Gonçalves e João Tordo, Rabo de Peixe não fica atrás de outras séries internacionais sobre a máfia ou o tráfico de droga. A série portuguesa tem um ritmo frenético - tal como o efeito da cocaína nas personagens - e está repleta de analepses, com pausas na acção para mostrar como tudo aconteceu até ali. Humor e tragédia convivem com a esperança de uma vida melhor, que choca de frente com a violência dos que também acham que a droga lhes pertence.

A pobreza que se vive na freguesia, as escassas hipóteses de singrar na ilha, a homossexualidade num local tão fechado em si, o sonho americano sempre a pairar - em especial sobre Eduardo - são alguns dos temas que mais se destacam, paralelamente à acção principal.

Os protagonistas têm personalidades bem definidas e um contexto familiar/social que se vai construindo ao longo dos sete episódios desta temporada. O elenco jovem mostra talento: o carismático José Condessa como EduardoHelena Caldeira na pele da rebelde Sílvia, Rodrigo Tomás como Rafael - responsável por muitos dos momentos de humor da série - e André Leitão como o sonhador Carlitos. Pouco haverá a dizer sobre o extraordinário Albano Jerónimo, o antagonista Arruda, um homem perverso e cruel, e todavia, protagonista de momentos hilariantes. Ainda a destacar, o narrador Pêpê RapazoteUncle Joe, uma grande surpresa no decorrer da série.


A direcção de fotografia de André Szankowski filma Rabo de Peixe de um ponto de vista inebriante, destacando as paisagens naturais, mas igualmente as cores vivas das casas pelas ruas da freguesia. A direcção artística aproveita da melhor forma o tempo da acção, quando ainda havia clubes de vídeo, os telemóveis eram raros, os escudos e euros conviviam nas carteiras, as adolescentes espelhavam a moda da época (Sílvia tem sempre uma gargantilha que era peça fundamental também no meu visual de 2001).

Entre situações mais ou menos inverosímeis - ou exageradas - e aproveitando muitos dos mitos que se criaram em redor do caso real da cocaína na ilha, Rabo de Peixe apresenta bons valores de produção, um elenco competente e um enredo viciante que faz os sete episódios passarem num instante.

sexta-feira, 19 de maio de 2023

'A Promessa', de António de Macedo, chega à Filmin com colaboração da Cinemateca Portuguesa

A Promessa, de António de Macedo, chega em exclusivo à Filmin no dia 23 de Maio, com a colaboração da Cinemateca Portuguesa.

Em 2023, comemoram-se os 50 anos do primeiro filme português na Selecção Oficial do Festival de Cannes: A Promessa, realizado pelo cineasta António de Macedo, um dos fundadores do Cinema Novo português.

Integrado do Plano de Digitalização do Cinema Português (até 2025,a Cinemateca irá digitalizar mais de mil filmes portugueses de longa e curta-metragem), a Cinemateca Portuguesa realizou o processo de digitalização do filme A Promessa, uma obra "que marcou o cinema português pela sua irreverência devido às temáticas abordadas e a forma de apresentação dos corpos no grande ecrã", como refere a Filmin em comunicado. É neste contexto que surge a primeira colaboração da Cinemateca com a Filmin, celebrando a diversidade de formas de partilha deste património com o público.

A Promessa parte da peça de teatro homónima de Bernardo Santareno "e assenta num trabalho de investigação sociológica levado a cabo nas aldeias piscatórias em que decorre a acção, com produção do Centro Português de Cinema"

Os protagonistas são Maria do Mar (Guida Maria) e o seu marido, José (João Mota), jovens recém-casados que vivem numa aldeia de pescadores, Palheiros de Tocha, entre Aveiro e Figueira da Foz. A sua intimidade é perturbada por um voto de castidade que fizeram em consequência de uma tempestade que provocou o naufrágio do barco do pai do José, que conseguiu salvar-se. Ambos vivem em permanente tensão, originada pela presença do Labareda (Sinde Filipe), um cigano recolhido pelo casal, na sequência de uma disputa, em que foi esfaqueado.

"A Promessa ressalta uma dimensão social marcada no realismo documental das imagens da aldeia e dos pescadores e o confronto do cineasta com o tema da alienação religiosa, uma das constantes da obra de Macedo. O filme é o repositório de questões sexuais que constituem o eixo do mesmo, da impotência à necrofilia, passando pela violação. Alvo de grande polémica na recepção em Portugal, foi a primeira obra portuguesa a mostrar dois corpos nus."

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O Hoje Vi(vi) um Filme escreveu sobre A Promessa, aquando da sua exibição do festival MOTELx 2013. A crítica está disponível em: https://hojeviviumfilme.blogspot.com/2013/09/motelx13-promessa-1973.html

terça-feira, 7 de março de 2023

Filmin celebra Dia Internacional da Mulher com série 'Destemidas' e Ciclo Chantal Akerman

A propósito do Dia Internacional da Mulher, a Filmin apresenta a série francesa Destemidas, no dia 8 de Março, e o Ciclo Chantal Akerman, a partir de  9 de Março. 

Destemidas é uma série francesa de animação, baseada nos livros ilustrados de Pénélope Bagieu. Apresentam a vida de 30 mulheres que revolucionaram o mundo. De Tove Jansson a Peggy Guggenheim ou Christine Jorgensen, Destemidas valoriza a vida e a obra dessas mulheres que escreveram os seus próprios destinos para mudar o mundo. Especialmente recomendado para o público a partir dos oito anos.

Já o ciclo dedicado a Chantal Akerman (1950-2015) é composto por 12 títulos, entre eles está Jeanne Dielman, 23, quai du Commerce, 1080 Bruxelles (1975), o primeiro filme realizado por uma mulher a receber o título de "melhor filme de sempre" no inquérito decenal da revista britânica Sight & Sound. O ciclo conta também com a sua curta-metragem de estreia, Saute ma ville (1968) ou obras como News from Home (1976) ou Les rendez-vous d’Anna (1978).

A vida e obra da realizadora foram marcadas pelas suas raízes polaco-judaicas e pela sua mãe, uma sobrevivente do Holocausto, com quem se filmou no seu último filme, No home movie (2015).

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

MyFrenchFilmFestival regressa à Filmin de 13 de Janeiro a 13 de Fevereiro de 2023

O MyFrenchFilmFestival, o primeiro festival de cinema online de língua francesa, está de regresso à Filmin de 13 de Janeiro a 13 de Fevereiro.

Serão disponibilizados na plataforma 22 filmes, entre longas e curtas-metragens. Entre os títulos disponíveis estarão Nós, de Alice Diop, Aos Nossos Amores, de Maurice Pialat, Deixado Inacabado em Tóquio, de Olivier Assayas, ou A Contrabandista, de Caroline Monnet.

A partir de dia 13 de Janeiro os filmes vão estar disponíveis na Filmin para todos os subscritores. 

Eis a programação completa do festival:

LONGAS:

Nós, Alice Diop

Aos Nossos Amores, Maurice Pialat

O Mundo Atrás de Nós, Louda Ben-Salah-Cazanas

A Contrabandista, Caroline Monnet

Os Magnéticos, Vincent Maël Cardona


CURTAS:

Deixado Inacabado em Tóquio, Olivier Assayas

Catarata, Faustine Crespy, Laetita de Montalembert

O Rei David, Lila Pinell

Belle RiverGuillaume Fournier, Samuel Matteau, Yannick Nolin

Malmousque, Dorothée Sebbagh

Paloma, Hugo Bardim

Partir um Dia, Amélie Bonnin

Marianne, Julien Gaspar-Oliveri

Não Iremos lá em Cima, Simon Helloco

Titã, Valéry Carnoy

Deixe a Fera Sair, Marthe Sébille

Anxious Body, Yoriko Mizushiri

História para 2 Trompetes, Amandine Meyer

Pragas, Juliette Laboria

Por Favor, Não Toque!, Capucine Gougelet

Ronda Noturna, Julien Regnard

Uma Mulher no Mar, Céline Baril

quarta-feira, 23 de novembro de 2022

Opinião: Minisséries - House of Hammer (2022)

*7/10*

Em três episódios, a minissérie documental do Discovery + (disponível na HBO MaxHouse of Hammer faz uma análise às acusações de violação contra o actor Armie Hammer e à História da sua família.

"Este documentário começa em 2020, no auge da ascensão da fama de Hammer. Com revelações exclusivas da tia de Armie, Casey Hammer, e várias vítimas dos alegados abusos de Armie, a série documental traz ao de cima os segredos obscuros, que vão desde acusações de violência e abuso até à manipulação política e fraude financeira, escondidos dentro de uma das famílias mais proeminentes da América."

House of Hammer começa por escrutinar a ascensão de Armie Hammer enquanto actor, desde os pequenos papéis à participação em A Rede Social, de David Fincher, em que interpretou dois gémeos milionários com algumas semelhanças com ele próprio. A fama foi crescendo e atingiu o seu auge com Chama-me Pelo Teu Nome, de Luca Guadagnino.

O actor, bonito e relativamente discreto, casado e pai de dois filhos, surpreendeu tudo e todos quando, após o anúncio do seu divórcio, começaram a surgir acusações de violação e abusos contra si, em 2021. 

Eis que House of Hammer reúne os testemunhos de algumas das vítimas de Hammer, e revela mensagens e outras provas que ilustram as situações de violência a que as expôs. Entre práticas de bondage, sugestões de fantasias canibalescas, traumas e marcas no corpo das vítimas, a violência envolvia quase sempre cordas e ausência de consentimento. 

O segundo e terceiro episódios da minissérie documental fazem a análise da família Hammer - muito também através de imagens de arquivo -, desde o bisavô, o magnata do petróleo Armand Hammer, ao avô Julian Hammer e ao pai Michael Hammer, todos eles com histórias pouco simpáticas para com as mulheres, e vários episódios de violência, corrupção, abuso de drogas e álcool e, até mesmo, homicídio. E aqui surge a tia de ArmieCasey Hammer, um testemunho fundamental para melhor compreender o "historial" pouco abonatório da família.

A certo momento, a minissérie lembra Os Homens Que Odeiam as Mulheres, o primeiro capítulo da série de livros Millennium, escrito por Stieg Larsson. No livro - cujo título já diz muito -, também uma família de homens poderosos guarda segredos obscuros, intergeracionais e visando a mulher como vítima.

E porque o movimento #MeToo e #TimesUp - que, em tempo, Armie chegou a defender publicamente - estão longe de acabar, House of Hammer vem dar voz às vítimas de uma família de homens poderosos.

sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Cinco longas-metragens de realizadoras portuguesas estreiam na Netflix

A partir de hoje, dia 4 de Novembro, há cinco novas longas-metragens de realizadoras portuguesas disponíveis na plataforma de streaming Netflix a nível mundial. 

A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos, Desterro, de Maria Clara Escobar, Mar, de Margarida Gil, Simon Chama, de Marta Sousa Ribeiro, e Soa, de Raquel Castro, foram os projectos vencedores da convocatória aberta lançada pela Netflix e pela Academia Portuguesa de Cinema, "com o objectivo de apoiar as produtoras, guionistas e realizadoras nacionais que estiveram envolvidas diretamente em longas-metragens portuguesas de ficção e/ou documentário"

De um total de 31 candidaturas apresentadas, referentes a longas-metragens finalizadas entre 2019 e 2020, o concurso pretendia colmatar as disparidades de género no sector do cinema e audiovisual.

A estreia dos filmes acontece na véspera da celebração do Dia Mundial do Cinema, a 5 de Novembro.

O comité de selecção foi constituído por Carla Chambel, actriz, formadora  e vice-presidente da Academia Portuguesa de Cinema; Fátima Ribeiro, guionista, professora e realizadora; Isadora Laban, Gestora de Conteúdos da Netflix Portugal e Espanha; e Tota Alves, guionista e realizadora.

Sobre as cinco longas-metragens:

"A Metamorfose dos Pássaros, com Catarina Vasconcelos na realização e Joana Gusmão na produção, este é um filme que retrata a história da família da cineasta Catarina Vasconcelos, abordando temas complexos como o amor, a distância a maternidade."

"Desterro, com realização de Maria Clara Escobar, uma longa-metragem que  no feminino sobre a vida e as várias vidas, onde a poesia motivou o guião, questionando a representação da ideia de família na sociedade contemporânea."

"Mar, com Margarida Gil na realização e argumento e Rita Benis como coargumentista, retrata a história de vida de uma ex-funcionária da Comissão Europeia que decide mudar de vida e embarcar num veleiro que vai seguindo a  rota dos descobridores Portugueses do séc. XVI em alto mar."

"Simon Chama, com Marta Sousa Ribeiro na realização e Joana Peralta na produção, um filme que conta a história de uma adolescente que procura escapar das amarras típicas da vertigem existente entre a infância e a idade adulta."

"Soa, com Raquel Castro na realização e argumento e Isabel Machado, Joana Ferreira e Sara Serra Simões na produção, aborda temas como as paisagens sonoras, o ruído e o silêncio e de que forma as paisagens sonoras afetam as pessoas, sendo que estas são na maior parte das vezes responsáveis pelo som que geram."

terça-feira, 11 de outubro de 2022

Crítica: Werewolf by Night: Lobisomem (2022)

*6/10*

No mês do Halloween, o especial de televisão Werewolf by Night: Lobisomem da Marvel Studios chegou à Disney +. Com Lobisomem como personagem central, este filme, realizado pelo compositor Michael Giacchino, traz ao streaming uma Marvel nunca vista. 

"Numa noite escura e sombria, uma cabala secreta de caçadores de monstros emerge das sombras e reúne-se no Templo de Bloodstone, após a morte do líder. Numa estranha e macabra homenagem à vida do líder, os participantes vêem-se no meio de uma misteriosa e mortífera competição por uma poderosa relíquia – uma caçada que acabará por colocá-los frente a frente com um poderoso monstro."

O visual a preto e branco, que pretende lembrar e homenagear o cinema analógico (ainda que o filme tenha sido rodado em digital e a cores, sendo depois aplicado um filtro), em especial o terror clássico e os filmes de monstros, faz toda a diferença neste especial de HalloweenMichael Giacchino une a realização - com muitos efeitos práticos - à banda sonora, também da sua autoria, e convida a entrar nesta caçada labiríntica, cheia de sangue, violência e humor, numa simbiose simples e eficaz.

Na pele de Jack Russell (o Lobisomem), Gael García Bernal é o melhor do filme, dando à sua personagem uma dualidade intrigante, entre a ingenuidade cavalheiresca, quase pacificadora, e o monstruoso, numa contracena interessante com Laura Donnelly, como Elsa Bloodstone.

E apesar de não ser especialmente assustador - consegue até ser, por vezes, ternurento -, Werewolf by Night: Lobisomem detém um equilíbrio que o torna acessível a todos os tipos de público (o preto e branco diminui o efeito que o gore, em vermelho sangue, provocaria), com acção e violência q.b., mas também aterradoramente divertido.

terça-feira, 18 de janeiro de 2022

Crítica: Identidade / Passing (2021)

"We're all passing for something or other, aren't we?"

Irene


*6.5/10*

Identidade (Passing) marca a estreia da actriz Rebecca Hall na realização e não deixou ninguém indiferente. O filme adapta ao cinema o romance de Nella Larson, de 1929, e aborda o racismo e a descriminação de um ponto de vista raras vezes abordado no cinema.

"Em Nova Iorque, nos anos 20, uma mulher negra vê o seu mundo virado do avesso quando se aproxima de uma amiga de infância que se faz passar por branca."

Um reencontro abala o mundo das duas mulheres. Para uma, a vida tranquila torna-se foco de tensões, para a outra, a mentira diária passa a ter um lugar de libertação e alegria. Irene admira e condena em igual medida o modo de vida de Clare, que se faz passar por branca há vários anos, para escapar ao preconceito da sociedade, contribuindo, ela própria, para o aumentar.


Passing é um filme de conflitos constantes, não apenas dentro da sociedade polarizada, mas igualmente no âmago de cada personagem. Quando se cruzam, Irene e Clare criam uma relação de admiração mútua, quase sensual. No entanto, há ciúmes envolvidos e uma certa apropriação, por parte de Clare, da vida de Irene.

Neste filme de contrastes, Rebecca Hall tem atenção ao detalhe e capta cada gesto e olhar com delicadeza, realçando o lado feminino da longa-metragem. A direcção de fotografia tira todo o partido do preto e branco e das perspetivas, que adensam o conflito interior das personagens e suas diferenças. A direcção artística e guarda-roupa fazem um trabalho soberbo ao transportar a acção para a década 20 do século passado, com a elegância e vivacidade que a caracterizam.


No elenco, as duas grandes mulheres têm desempenhos assombrosos, com Ruth Negga a sobressair por toda a excentricidade de Clare, saudosa das suas raízes, mas capaz de tudo - até mesmo de negar a sua origem e ostracizar os seus pares - para levar uma vida confortável. Tessa Thompson implode em emoções e revolta, na pele de Irene. Sofre em silêncio, desconfia do que a rodeia, mas também é capaz de revelar um ponta de inveja da amiga tão emancipada.

E nesta ambiguidade de sentimentos, emoções e decisões, Passing peca por usar demasiadas palavras para contar o que as imagens já mostram. Rebecca Hall tem uma estreia inspirada e faz brilhar as suas actrizes, ainda que a narrativa não seja tão fluida e subtil como as personagens.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Crítica: Harry Potter 20º Aniversário: De Volta a Hogwarts / Harry Potter 20th Anniversary: Return to Hogwarts (2022)

"The legacy of the movies is, I suspect, that my children's generation will show them to their children. So you could be watching it in 50 years' time, easy. I'll not be here, sadly, but... But Hagrid will, yes."
Robbie Coltrane


*7.5/10*

Harry Potter 20th Anniversary: Return to Hogwarts é um presente de ano novo para todos os fãs da saga ou meros curiosos.

"Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson juntam-se ao cineasta Chris Columbus e a outros membros do elenco dos oito filmes de Harry Potter, pela primeira vez, numa jornada de regresso a Hogwarts para comemorar o aniversário do primeiro filme, Harry Potter e a Pedra Filosofal, que foi lançado há 20 anos"

Neste regresso ao passado e a alguns dos cenários, o filme revela imagens do making-of das oito longas-metragens, a interacção com os fãs, excertos de cada filme, além de  entrevistas e conversas com o elenco, onde também recordam momentos que os marcaram verdadeiramente.

Com foco especial nos três protagonistas, o documentário recupera grande parte do elenco, 20 anos depois do primeiro filme - e 10 após o último. Para além de Daniel, Emma e Rupert, regressam a Harry Potter 20th Anniversary: Return to Hogwarts Helena Bonham Carter (Bellatrix Lestrange), Robbie Coltrane (Hagrid), Ralph Fiennes (Lord Voldemort), Jason Isaacs (Lucius Malfoy), Gary Oldman (Sirius Black), Tom Felton (Draco Malfoy), James Phelps, Oliver Phelps (os gémeos Fred e George Weasley), Mark Williams (Arthur Weasley), Bonnie Wright (Ginny Weasley), Alfred Enoch (Dean Thomas), Mateus Lewis (Neville Longbottom), Evanna Lynch (Luna Lovegood), entre outros. 
 

De Harry Potter e a Pedra Filosofal, até Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2, viveram-se a infância e os castings, o início da adolescência, com as dúvidas e primeiras paixões, e o início da idade adulta, que firma a família que se criou ao longo de 10 anos de filmagens. E se a história de Harry Potter e amigos (os inadaptados com que tantas crianças se identificam) marcou o crescimento dos actores e dos fãs, continua a perdurar junto de novas gerações.
 
Emotivo e nostálgico, Harry Potter 20th Anniversary: Return to Hogwarts comemora e recorda tudo o que a saga construiu, sem nunca esquecer os actores que já partiram.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

Opinião: Minisséries - Anne Boleyn (2021)

*7/10*

Ana Bolena foi rainha durante apenas três anos mas teve uma influência sobre o reinado de Henrique VIII que incomodou muita gente. Uma mulher que gostava do poder e desafiou o patriarcado da época. Se foi controversa e odiada durante o tempo em que viveu, era de esperar que a série sobre ela, do Channel 5, disponível na HBO Portugal, fosse só por si causar desconforto. 

Não vivêssemos nós numa era de extremismos e ódios exacerbados, e a opção de colocar uma actriz negra como protagonista poderia ser vista com orgulho e ousadia. Todavia, a minissérie Anne Boleyn tem sido polémica, principalmente, pela reinvenção de um passado sem discriminar cores de pele - um dos seus maiores trunfos enquanto experiência televisiva.

São apenas três episódios que seguem os últimos meses da mãe da rainha Elizabeth I de Inglaterra, entre a pressão de gerar um herdeiro para o trono, as preocupações com a política do reino e em garantir o melhor futuro possível para a filha.

Escrita e realizada por mulheres - Lynsey Miller na realização e Eve Hedderwick Turner no argumento -, Anne Boleyn conta a História sob uma perspectiva feminina, a da rainha, com toda a sensibilidade, delicadeza e empoderamento que lhe são devidos.

Do auge, filma-se a decadência de Bolena, até à traição, ao momento da execução, sem que, em momento algum, ela perca a dignidade. Dos momentos em que transpira confiança, grávida e apaixonada; à crueldade do parto e fragilidade que se segue, mais ainda perante as infidelidades do rei e as conspirações de Thomas Cromwell, Bolena cai e reergue-se contra todos. Jodie Turner-Smith atravessa as várias fases com nobreza, elegância e majestade, num desempenho a que ninguém ficará indiferente.

E eis o que terá incomodado os críticos: uma protagonista negra que veste a pele de uma rainha infame, cuja morte envergonha a História da coroa inglesa, mas que morreu de cabeça erguida. Uma série feminista - com as devidas liberdades criativas, mas respeitando o essencial dos livros de História- que lhe dá o valor, o poder e o carisma que lhe roubaram.

quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Opinião: Séries - Nove Perfeitos Desconhecidos / Nine Perfect Strangers - Temporada 1 (2021)

"We are on the precipice of something great."

Masha

*7/10*

Nove Perfeitos Desconhecidos, minissérie original da Hulu - disponível na Amazon Prime Video -, convida a um retiro relaxante num resort que irá testar todos os limites. Adaptando à televisão o livro homónimo de Liane Moriarty (autora de Big Little Lies), John-Henry Butterworth e David E. Kelley criam oito episódios viciantes, que jogam com os traumas de cada um.

"Nove Perfeitos Desconhecidos acompanha nove pessoas muito diferentes que chegam a Tranquillum House – um retiro de bem-estar misterioso que promete uma 'transformação total'. Quando lá chegam, os hóspedes parecem cair sob o feitiço da enigmática Masha que fará de tudo para os curar. Contudo, com o passar do tempo, os métodos pouco convencionais de Masha ameaçam levar o grupo explosivo ao limite."


Esqueçam a tranquilidade que o nome deste spa apregoa. Pensamentos, acções e emoções fugirão ao controlo de hóspedes e staff, e até os ingredientes e tratamentos menos ortodoxos serão válidos dentro da propriedade de Masha, totalmente desconectada com o exterior. Não há confinamento que supere o destes nove desconhecidos, que, durante a curta estadia, vão passar das terapias e jogos em grupo, às alucinações e sonhos vívidos.

Todas as personagens têm o seu quê de cliché, unidas pelo trauma, mas desconstroem-se com astúcia. A cada episódio, revelam novas camadas da sua personalidade, do seu passado e das razões que os fazem estar ali. A máscara das primeiras impressões vai caindo, bem como as defesas de cada um, e a plateia aproxima-se deles, aos poucos.


A minissérie tem um início prometedor, que cresce e explode em suspense e surpresas nos episódios seguintes. E mesmo que o desfecho não seja estrondoso, é compensador.

No elenco, Nicole Kidman sobressai como Masha, dona do retiro, de ar místico e calmo, mas também misteriosa e de olhar ameaçador, marcada por um passado violento a vários níveis; Melissa McCarthy é a escritora Frances, uma personagem tragicómica bem ao jeito da actriz; Michael Shannon é Napoleon, cujo optimismo extremo esconde uma perda irreparável. A estes nomes juntam-se ainda um conjunto de boas interpretações de Luke Evans, Bobby Cannavale, Melvin Gregg, Regina Hall, Asher Keddie, Samara Weaving e Grace Van Patten.

O argumento audaz de Nove Perfeitos Desconhecidos traz para o pequeno ecrã uma abordagem arriscada à capacidade de superação ou libertação de cada um, num ambiente controlado e alucinogénico, até mesmo para o espectador.

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Meel - o streaming dedicado à comida - chegou a Portugal e é gratuito

Meel é o nome da primeira plataforma video-on-demand, em Portugal, completamente dedicada a comida. A oferta vai dos documentários, às séries e muitas receitas, e o serviço é gratuito, sem necessidade de subscrição.

Em www.meel.tv, encontra-se conteúdo produzido especificamente para a Meel e uma selecção de séries e documentários internacionais, nunca antes exibidos em Portugal, todos legendados em português. Há ainda uma secção dedicada às receitas incluídas nos diferentes programas. 

Entre o conteúdo exclusivo da Meel, está So Far, So Food, o primeiro programa da autoria de Manuel André Fernandes, vencedor da segunda edição do Masterchef Portugal e director criativo do grupo Aethos; e ainda No Sleep Till Cooking, programa criado por Frederico Horta, chef, criador e proprietário dos restaurantes vegetarianos Berry, onde oferece sugestões de refeições simples com foco na sustentabilidade, e algum humor. 

Entre as séries disponíveis, encontram-se Aventuras na América do Sul, dedicado às paisagens e à aventura associada aos sabores da América Latina; Toque 12 - Os Melhores Chefs da Ásia, que alia o luxo à personalidade excêntrica do chef Phil Davenport; e Comida da Rua, onde Ainsley Harriott descobre o melhor da street food pelo mundo.

O serviço de streaming pode ser acedido em qualquer computador, tablet ou smartphone e, embora ainda não esteja disponível em Smart TVs, pode ser espelhado nas mesmas. A Meel já está disponível através de qualquer browser (em www.meel.tv), assim como das apps para Android e iOS.

quarta-feira, 29 de setembro de 2021

Globoplay chega a Portugal em Outubro

A plataforma de streaming da Globo, Globoplay, chega a Portugal a 14 de Outubro. Entre os conteúdos disponíveis estarão séries originais, novelas clássicas e inéditas, filmes, documentários, desporto, jornalismo, reality shows e variedades.

Para além dos seis canais lineares - TV Globo, Multishow, GloboNews, GNT, Premiere e VIVA -, a plataforma oferece um catálogo on demand, a que os assinantes poderão aceder através de smart TV, smartphone, tablet, computador ou notebook. 

Além do Brasil, a Globoplay já se encontra disponível nos EUA desde o início de 2020. Em Outubro, a plataforma alarga a sua operação a nível mundial ao ser lançada em Portugal e noutros países da Europa, e no Canadá. 

Para mais informações em https://www.vemaigloboplay.com/.

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Opinião: Séries - A Estrada Subterrânea / The Underground Railroad - Temporada 1 (2021)

*7.5/10*


Uma Odisseia pela sobrevivência e liberdade é a proposta de Barry Jenkins na série A Estrada Subterrânea (The Underground Railroad). São dez episódios intensos e brutais, numa adaptação pertinente da obra homónima de Colson Whitehead.

"The Underground Railroad narra a luta desesperada de Cora Randall (Thuso Mbedu) pela liberdade. Após ouvir falar de um caminho de ferro subterrâneo, Cora decide escapar da plantação na Georgia onde é escravizada. Descobre que não se trata apenas de uma metáfora, mas de uma ferrovia real cheia de fogueiros, condutores e uma rede secreta de caminhos e túneis sob o solo do Sul. Durante a viagem, Cora é perseguida por Ridgeway (Joel Edgerton), um caçador de recompensas determinado em trazê-la de volta à plantação da qual escapou; mais ainda porque Mabel, a mãe de Cora, foi a única escrava fugitiva que ele deixou escapar. Enquanto se movimenta de um estado para outro, Cora enfrenta o legado da mãe que a deixou para trás e as suas próprias lutas para concretizar uma vida que nunca imaginou ser possível."


Barry Jenkins sabe captar o melhor e o pior do ser humano em cada episódio de A Estrada Subterrânea. Filma violência gráfica sem pudores, fere-nos com palavras, actos e mentalidades inacreditáveis, mas mais realistas do que gostaríamos. E a partir de mitos e lendas, já explorados por Colson Whitehead, Jenkins cria a aventura de uma vida contra a escravatura e pela liberdade e emancipação dos escravizados.

Mas a verdadeira essência desta série vai muito além da temática da escravatura já tantas vezes abordada (e bem) no cinema e televisão. Se o primeiro episódio contextualiza a actual situação de Cora, e nos apresenta a possibilidade de fuga, juntamente com Caesar, é a partir do segundo episódio que embarcamos na verdadeira viagem pela liberdade, onde nada é o que parece e surgem as mais macabras ideias, experiências e obstáculos. Em cada episódio, nem sempre linear, conhecemos melhor algumas personagens e seguimos em frente nesta estrada subterrânea, física ou metaforicamente falando. 


Cora é um misto de emoções e sentimentos, entre a raiva, o medo, a desconfiança, o amor, o ódio e a perseverança, numa fabulosa interpretação e entrega da actriz Thuso Mbedu neste seu primeiro papel como protagonista. O antagonista Ridgeway causa alguma estranheza e curiosidade. A personagem de Joel Edgerton, um caçador de recompensas com poucos escrúpulos, ganha espaço ao longo da série, e revela-nos um homem complexo e contraditório, cheio de dúvidas emocionais e espirituais. Ridgeway vive para o que melhor sabe fazer na vida: capturar escravos em fuga; apesar de, ele próprio, não ser esclavagista. Um homem de paradoxos, determinado e orgulhoso. Ao longo dos episódios conhecemos outras figuras que se destacam entre os restantes e trazem ainda mais riqueza à jornada de Cora


A Estrada Subterrânea é uma surpreendente reflexão sobre o Passado e o Presente, com uma réstia de esperança no Futuro.

quarta-feira, 23 de junho de 2021

Opinião: Séries - Manhãs de Setembro / September Mornings - Temporada 1 (2021)

*7/10*

Manhãs de Setembro é a segunda produção brasileira Amazon Original, tem como protagonista uma mulher trans e estreia no Pride Month. Um conjunto de características que adensam a curiosidade em torno desta série de cinco episódios.

Criada por Josefina TrottaAlice Marcone Marcelo Montenegro, a história de Manhãs de Setembro constrói-se em volta da personagem interpretada por Liniker de Barros (que se estreia como actriz) e é com ela que estabelecemos a maior empatia: uma mulher segura e independente que está no auge da sua vida, após muitas superações.

Liniker é "Cassandra, uma mulher trans que trabalha como motogirl em São Paulo e que tem na música a sua maior força. Ela teve que abandonar a sua cidade para realizar o sonho de se tornar cover de Vanusa, cantora brasileira que fez sucesso na década de 70. Após anos de muito sofrimento, Cassandra vive agora um momento de estabilidade: ela consegue alugar um apartamento só seu e descobre o amor na figura de Ivaldo (Thomas Aquino). Mas tudo se complica quando a sua ex-namorada, Leide (Karine Telles), reaparece com uma criança que diz ser seu filho."

Com episódios curtos e cativantes, Manhãs de Setembro tem momentos inspirados e envolventes, onde os sentidos se apuram e não são precisas palavras para compreender o que vai na cabeça de Cassandra. Ainda assim, esperava-se uma série mais corajosa ao entrar na realidade de uma mulher transexual no Brasil actual. Se, por um lado, há uma normalização da protagonista - o que é bom que aconteça, e a naturalidade com que a série toca as temáticas LGBTQ+ é notável -, por outro, sente-se falta de mais algum confronto e crítica à sociedade brasileira, ainda tão intolerante. Para além do dia-a-dia de Cassandra, o foco de Manhãs de Setembro centra-se, em especial, no conceito de família e na marca que a mesma pode deixar em cada um.

A importância da música na vida da protagonista está espelhada na nostálgica banda sonora, repleta de temas e uma presença quase sobrenatural de Vanusa, cantora falecida em 2020, e a voz da "consciência" de Cassandra. Já Liniker enche o ecrã de corpo, alma e voz, numa entrega notória.

Fica aberta a possibilidade de uma segunda temporada para Manhãs de Setembro. Cassandra merece um mergulho mais profundo na sua vida e sensibilidade.